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O local não ficava no Inferno, mas na Terra. Fora escolhido por mera questão estratégica, já que esse ponto ficava entre Belial ao norte e Lúcifer à leste. Entre esses dois havia um ou outro ponto de convergência. Convergência de interesses entre os dois grandes regentes.

A grande caverna estava localizada a milhares de quilômetros da superfície, sendo totalmente escura, com o solo acidentado, terremotos constantes, altas temperaturas, gases tóxicos pairando em um ar quente e causticante. Totalmente inóspito para qualquer ser vivo. Mas aqueles dois não precisavam ter essa preocupação:

— Breastnarth respondeu ao chamado?

— Nada até agora, senhor.

— Não estava em pauta um sacrifício para o selamento de um pacto?

— Sim.

— E porque não ocorreu?

— Não sabemos ao certo. Foram enviados observadores para o local, e as primeiras informações dão conta que a legião de Breastnarth foi rechaçada.

Um rosnado oco foi emitido:

— Rechaçada?

— E com uma violência poucas vezes vista.

"Esse procedimento não é padrão, aqueles celestiais malditos costumam deixar sobreviventes para que espalhem as informações sobre seus feitos." — pensou o demônio superior que logo deu as ordens: — Certo. Evoque, Cartoniadûn, diga que recue para a região e ajude no reestabelecimento do controle. Eu vou ver quem mais temos para enviar para lá.

O demônio subalterno ficou imóvel, sem saber como passar a próxima informação, o que atraiu a raiva de seu superior:

— Que espera para me obedecer, maldito?

— Senhor... a passagem oeste está desguarnecia há algum tempo...

— Cartoniadûn e as companhias abandonaram a posição?

— Não sei se foi questão de abandono, já que não é sabida a localização dele, nem de suas tropas. Eles parecem que desapareceram. Simplesmente não há vestígio deles.

"Algo estranho acontece no meio de nós." — Mas não deixou transparecer a preocupação — Venha! Vamos! Precisamos relatar à cúpula, e me conte mais durante o caminho.

O subalterno novamente ficou imóvel.

— E agora? Qual é o problema?

— Estamos em dupla em um local onde não temos muita proteção, e o senhor ainda quer descer?

— É da função. Não há outro jeito de fazer. É isso ou nos perseguem e você já sabe o que acontece. Mas eu te dou a oportunidade de me apontar outra solução para essa demanda.

O comandado olhou para o caminho de onde viera, como se quisesse fugir. Olhou novamente para seu imediato, concluíndo:

— Não tem outro jeito, não é?

— Não que eu esteja vendo.

— E se formos pelos anéis externos dos círculos?!

— Não é má ideia, mas o caminho fica bem mais longo. Eu até entendo a sua preocupação.

— Sim, senhor! Seríamos rapidamente localizados e atacados no primeiro Círculo que é o de Azazel já que lá tem a maior densidade do Inferno.

— E ainda tem as falanges que vasculham tudo à procura de qualquer coisa que dê vantagens a eles e aos seus superiores.

— É verdade.

— Certo. Então vamos minimizar esse riscos.

— Como senhor?

— Vi que você usa armadura média. A minha é leve. Podemos apostar primeiramente na furtividade. E se isso não der jeito, nos resta a força. — Ele colocou a mão no punho de suas adagas.

— Me parece uma análise bem ajustada.

— Então vamos! Para os anéis externos!

Assim ambos desceram por cavernas e abismos, buscando por uma autoridade maior. Nessa jornada a temperatura subia causando grande incômodo nas entidades. Mas pior seria a cólera enfrentada se omitissem as informações.


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Guynive - O Começo do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora