A Ordem

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Naquela posição Guynive havia derrubado dezessete. Outro disparo. Agora eram dezoito, e a quantidade aumentava. Joelho na terra, corpo coberto pelas vegetações, arma em punho. Não bastava fazer uso de um rifle de altíssima precisão. Naquele instante, ela se movia de forma mais rápida, engatilhando, mirando e atirando. Sua audição e visão estavam bem mais que apurados e por isso a sua letalidade era altíssima. E havia mais. Guynive via o que impelia esses guerrilheiros ao combate com os americanos.

Do lado inimigo as coisas eram bem diferentes, para não dizer estranhas: procurando a M40 americana, os guerrilheiros atiradores a localizavam, mas não uma, mas três ou quatro atiradoras, idênticas, lado a lado. E, antes que pudessem escolher uma para mirar e disparar, eram alvejados.

— Recarregar! — gritou Guynive se abaixando para trocar o cartucho.

Ivan, Hiller e Kash, os que sobraram da esquadra, lhe davam cobertura enquanto ela fazia a manobra. Novamente municiada a matança recomeçava.

Porém, o objetivo de Guynive era afastá-los de Ivan e sabia que para isso deveria mudar a própria posição e atrair mais fogo inimigo para si. Então ela engatinhou para o flanco direito, tendo assim mais apoio dos homens de Ralf. Vendo-a em manobra Ivan se preocupou, pois era grande o contingente inimigo naquele setor, e entre uma e outra rajada de tiros que efetuava, lhe falava:

— Guynive, mantenha a posição!

Porém ela o ignorava se afastando cada vez mais.

— Manter a posição, soldado!

Um tiroteio em outra direção e Ivan perdeu o contato visual com a garota mas, em segundos, alguns soldados da companhia bird chegaram para auxiliá-los.

— Guyni...

A chamaria, mas a moça seguia bem à frente, ajoelhada e disparando. Se tornava cada vez mais eficiente e mortífera. Atingia seus alvos atravessando troncos de árvores, ou no meio de arbustos, até em pontas de barrancos.

"Tenho de tirá-los de cima da gente" — pensava a garota. — "Cadê as ordens?"

E a sua preocupação era verdadeira pois, se as ordens fossem para preservar a vida do militar ela já estava fazendo isso. Mas se fosse para acabar com a vida dele, ela simplesmente o faria. Para garantir isso começou a atirar contra o avanço de pequenos grupos. Em um deles matou três guerrilheiros com uma única bala. Ela havia matado 58 e agora lhe restavam três munições.

"Ainda tenho a pistola." — calculava com frieza.

Aguçando a sua visão, mirou e disparou em granadas que os inimigos carregavam no corpo e, com as explosões, matou mais 10. Porém Guynive avançara demais e alguns guerrilheiros já rastejavam ao seu encontro. Percebendo o momento em que o rifle M40 silenciou sem munição, os cinco se ergueram com metralhadoras AK47, a pouco mais de 15 metros da garota. Àquela distância não havia relva que a ocultasse e se fizesse qualquer coisa fora do comum as coisas não terminariam bem sob vários aspectos.

Quando Guynive pensou em sacar a pistola, ouviu os disparos e os primeiros guerrilheiros caindo diante dela. Olhou para o lado vendo que um soldado americano corria para junto dela: Ivan, que vinha 30 metros atrás, e percebera a movimentação do grupo de extermínio em direção à garota.

Ele correu para ela, disparando a M16 com toda a precisão possível e assim derrubou quatro inimigos, porém o combatente que restou se refez da surpresa, mirou e disparou contra Guynive; nesse mesmo instante Ivan se lançou frente à bala e caiu atirando. O disparo atingiu a cabeça do guerrilheiro que caiu morto, mas o cabo também recebeu um tiro... fatal. Guynive não acreditou no que viu e, rápida, baixou-se para verificar a situação daquele que a protegeu.

Guynive - O Começo do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora