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Terminava de se enxugar para sair do banheiro mas, ao se aproximar da porta sentiu um forte enjôo e voltou para o sanitário. O organismo não tolerou a bebida e Ivan vomitou tudo o que tinha na barriga.

"Melhor aguardar um pouco mais, não quero ser a atenção da festa por esse motivo." — pensou limpando a boca com um papel toalha.

Gotas de suor escorriam pelo rosto do cabo que se mantinha em pé com dificuldade. Enquanto isso, percebeu que lá fora alguém discursava, na seqüência um murmúrio, em seguida aplausos e então a banda começou os primeiros acordes de uma musíca mais animada.

Quase meia hora depois, sentindo a diminuição dos efeitos do álcool no organismo, Ivan se recompôs diante do espelho:

"Não é um dos nossos melhores dias, mas vai quebrar o galho."

Mais realinhado, passou pela porta acessando a area da festa.

O lugar simplesmente era outro: música por todos os lados; pessoas dançavam felizes; nas mesas muitos sorrisos e conversas; copos e pratos se enchiam e esvaziavam rapidamente. Ivan mal acreditava naquela transformação. Lá adiante, avistou Medanha, Ralf, Marquez e outros oficiais que o chamaram. Quando chegou foi vigorosamente saudado:

— Grande, Ivan! — cumprimentou alguém da roda. — O bravo sobrevivente!

Vários sorrisos lhe transmitiram felicidade por estar ali.

— Boa noite senhores. Como estão?

Ele não queria relembrar o ocorrido, não naquele instante. Então alguém ergueu um copo em oferecimento:

— Nos acompanha cabo? — era, Ralf.

— Não, obrigado. Ainda estou me recuperando do último gole.

— Você bebeu? — e algumas risadas dos presentes.

— Deixa pra lá. Não foi uma experiência positiva.

— Ok! E tome cuidado! Não queremos reviver o "Richarlison pé-de-valsa" — falou em tom de piada o comandante Medanha. — lembram dele?

Depois disso todos riram, até mesmo Ivan, ao se recordarem do caso de um soldado que, embriagado, continuou dançando por mais de meia hora depois que a banda fora embora.

— Bom pessoal, a conversa está boa, mas vou chamar uma garota para dançar, até breve — com essas palavras um dos presentes saiu da roda.

— Que festa esplendorosa! — avaliou, Marquez olhando para os lados.

— É verdade. Até custo a crer que essa é uma das melhores festas que já participei. Vou aproveitar ao máximo! — assim Garnert também deixou o grupo.

E aos poucos quase todos saíram, procurando mesas, reencontrando conhecidos, e indo dançar.

— Olha, eu não imaginaria nem em sonhos, as palavras que o General do Estado Maior discursou — confessou Medanha para os cinco que ainda restavam na roda.

— E o que ele disse? — Ivan estava curioso.

— No palco ele uso um termo que eu nunca tinha ouvido: "O velório a minha avó foi mais animado que isso aqui". E aí, quando ele desceu, se aproximou e disse: "Bota essa banda para moer!"

— É alguma piada sua, Medanha? — Ivan não acreditava.

— Eu? Fazendo piada com o General de Estado Maior? Tenho amor ao meu posto, Ivan.

Novas risadas.

— É verdade. Ele se mostrou muito humano. Se neste momento se ele não estivesse com sua esposa dançando entre os soldados, eu não acreditaria — Ralf olhava para o lado onde viu o casal pela última vez.

— E você, Ivan? Não vai dizer nada?

O cabo ainda tentava se estabilizar. Sentia uma suave tontura e um leve zumbido no ouvido.

— Dizer o quê, Medanha?! Milagre?!

Todos riram. E foi com esse clima que outras pessoas se aproximaram do pequeno grupo. A esposa do comandante sinalizou e o mesmo se despediu:

— Minha hora, rapazes. Boa diversão!

Depois outra moça se aproximou. Essa era baixa, morena clara, cabelos compridos e negros e tinha belas curvas, todos os componentes da beleza latina: tratava-se de Rosália. Quando Marquez a viu, emudeceu. Caminhou até ela e a abraçou com ternura. Dali ele acenou se despedindo do grupo.

Ben trocou olhares com uma moça que estava em uma mesa próxima e ela lhe sorriu:

— Essa é minha deixa companheiros.

Foi até ela e chamou-a para a dança, formando assim mais um casal naquela noite. Ralf fora o último, após alguns conhecidos de longa data o chamarem para uma mesa:

— Quer se juntar a nós, Ivan?

— Obrigado pelo convite, mas estou bem.

— Boa diversão, cabo.

— Até!

Durante segundos ele permaneceu imóvel, até que com um movimento brusco andou falando:

— Preciso beber.


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Guynive - O Começo do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora