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Eram vários os procedimentos a serem adotados. Como o acidente foi em uma rodovia federal, a presença da polícia rodoviária, bombeiros e civis foi inevitável. Por conta disso a burocracia cresceu: relatórios se estenderam e as ligações se multiplicaram.

"Santo Cristo, daí-me força!" — Ivan se esforçava para solucionar as demandas.

Pegou cópia do relatório policial e dos bombeiros, e o telefone das pessoas que pararam para socorrer os acidentados. Também coletou informações da equipe de militares que esteve e isolou o local, tirando fotos e periciando. A papelada e a burocracia só aumentavam. Entrou em contato com o hospital militar e se informou sobre o estado de saúde dos sobreviventes.

— Apenas a soldado Penelope é que, além dos ferimentos, apresenta um quadro catatônico e apático — informou o doutro Pratts por telefone. — Vamos esperar e ver se o repouso e a medicação surtirão efeitos.

— E Marduk?

— Este permanece em coma.

— Obrigado doutor! — e Ivan organizou mentalmente a sua sequência de ações: — "informar aos superiores e pegar autorização para que os parentes visitem. Iniciar os preparativos para o funeral. Citar o falecimento na Imprensa Militar e avisar sua parentela."

Leu na ficha de Doroth que seus parentes residiam muito distantes, sendo a mais próxima uma tia por nome Angela. Nesse ritmo frenético o horário avançou rápido e Ivan permanecia absorto, quando:

— Está passando da hora do almoço, cabo. 13h30 — Daisy apareceu na porta. — Vamos?

A frase ribombou na mente do militar, junto com a olhada no relógio e a lembrança de uma promessa:

"...se der, e se você quiser, podemos almoçar. (...) Não se preocupe, eu te encontro. Certifique-se apenas de que esteja às 12 horas no refeitório, ok?!".

Foi um baque. Queria concertar a situação e de imediato puxou o fone do gancho enquanto respondia:

— Agora não posso Daisy, mas tenha um bom apetite — e lhe lançou um sorriso para lá de tenso.

Pouco frustrada a secretária deu meia volta e saiu sem responder. Ivan continuou a ligação pedindo à telefonista:

— Transfira para o SeDi, por favor.

— Serviço do Dia. Sim senhor!

Alguns segundos se passaram até que falou com o responsável pelo setor, que após realizar o rastreamento informou:

— Estou transferindo para o SSLO.

— Obrigado!

Em segundos o telefone na base da torre tocou. Ivan passou o nome da militar à encarregada pela comunicação que o informou:

— Ela esteve aqui e perguntou se havia alguma ligação, mal terminou a refeição e saiu para a ronda. Retornará às 18 horas e 15 minutos.

— Obrigado! — disse um tanto desolado e constatando: "É ela mesma."

— Por nada, senhor.

Ivan não gostava de quebrar um trato. Nunca o fizera e, de forma lamentável, acabara por ser vítima do escasso tempo e do excesso de tarefas.

"E agora? O que ela pensará de mim?" — se preocupava.

Sem alternativa para resolver a situação, organizou os papéis, desligou as luzes e fechou a porta. Muitos retornavam do almoço enquanto ele ainda se dirigia para o refeitório:

— Droga!

Agora que tinha um tempo livre do trabalho, Guynive não lhe saia da mente. Pegou uma bandeja e se serviu. Ao procurar um lugar para sentar ouviu seu nome:

— Ivan! Aqui! — Medanha acenou chamando: — Sente-se conosco!

No grupo, além de Marquez e Ralf, havia outros oficiais de patente elevada.

— Boa tarde, senhores!

Cumprimentou a todos, ao que foi respondido. Sentou e começou sua refeição:

— Tarde para o almoço, não cabo?! — questionou Medanha.

— Perdi a hora cuidando de alguns papéis. Mais um pouco e eu nem viria.

— E como anda? Já terminou?

— Ainda não, mas creio que até amanhã à tarde esteja tudo resolvido.

— Entendo, mas temos prioridade com essa documentação. Seu capitão designará duas pessoas para lhe ajudar.

Marquez deu-lhe um tapinha no ombro dizendo:

— Dará tudo certo cabo.

— Sim.

E almoçaram.


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Guynive - O Começo do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora