024 ♫♪

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Bom, há quem diga que a vida é um jogo, que para uns é regida por lances do destino, embora existam aqueles que acreditam em provisão divina. O fato é que atrás daquela árvore, naquele lugar escuro, realmente havia uma torneira, mas não somente isso:

— Ah! Bendita! — sorriu Ivan enquanto ligou e aparava a água com o balde.

Só que, com a pouca vazão, demoraria para encher o recipiente, foi quando ouviu um ruído por trás de um arbusto e virou-se rápido:

— Quem está aí?

Ivan fez a pergunta enquanto contornava a vegetação e, adiante, encontrou uma pessoa. Uma que ele não tinha visto na festa. Sem obter resposta à sua pergunta, mas observando a altura e silhueta, ele ousou:

— Guynive?! É você?

Se aproximando, pode vê-la tão bela e radiante e, por instantes, não conseguiu falar nada, senão observá-la. Pouco hipnotizado, Ivan caminhou em sua direção e quando parou diante dela viu o rosto molhado por lágrimas, borrando parte da maquiagem:

— O que aconteceu? Você está bem? — e tirou o lenço do bolso pra lhe entregar.

Guynive não conseguia conter as lágrimas, ainda mais agora, diante dele. E vendo Ivan que ela não pegaria o lenço, mesmo sabendo o que poderia lhe acontecer, tocou-a no ombro.

— Não queria que me visse assim — a voz da garota saiu embargada.

Ela se esquivou de seu toque enquanto ele lhe respondeu:

— Assim como? Bela?

— Não diga isso...

Ivan a olhou novamente e, sereno, observou-lhe cada detalhe:

— Mas é o que eu vejo.

Os dois permaneceram calados por alguns segundos, até que ela aceitou o lenço, secando as lágrimas:

— Obrigada!

E Guynive lhe deu um tímido sorriso.

— É a primeira vez que o vejo.

— Vê o que?

— O seu sorriso, Guynive. Ele é lindo.

— É?

— É sim. — É difícil dizer o porque daquele comportamento de Ivan. Se era pela bebida ou pela lembrança das dificuldades que passaram juntos mas, fato é que o rapaz se ausentou das formalidades e receios, e perguntou: — Você já dançou?

— Eu aind...

— Me daria a honra? — Ivan a interrompeu antes que concluísse a resposta.

— Tem certeza? Eu não sou tão boa nisso.

Esse foi o supra-sumo do otimismo partindo do princípio que Guynive nunca sequer ouviu falar de dança.

— Eu também não. Então será um risco para ambos — disse ele sorrindo e fechando a torneira.

As palavras acalmaram a garota e Ivan ofereceu-lhe o braço para conduzi-la ao local de dança, e ela aceitou. Ao se posicionarem entre os outros casais ele estendeu-lhe a mão, e a outra, instintivamente, ela colocou em seu ombro. Eles não conseguiam deixa de olhar um para o outro. Nesse momento o vocalista avisou:

— Pessoal sei que a festa está ótima, mas cantaremos as últimas músicas para encerrarmos. Agradeço pela compreensão de todos.

Ela sabia que seriam somente alguns minutos, e questionou:

— Não é pouco tempo?

Ambos se olhavam no fundo dos olhos pouco antes da música começar. Ivan era visivelmente mais baixo, mesmo assim alçou-lhe a cintura e trouxe a garota para junto de si. A pegada foi firme e ela sentiu o calor daquele outro corpo. De modo inusitado Guynive permitiu essa aproximação, e ele respondeu:

Guynive - O Começo do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora