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A manhã de segunda-feira veio com um céu cristalino, mas frio. Talvez um prenúncio de algo pouco desagradável de se fazer: a missa de 7 dias do falecimento de Doroth.

No meio da tarde, próximo das 15 horas, um grupo se reuniu frente à capela. Muitos murmuravam sobre as sentidas ausências de Penélope e Marduk, confabulando teorias e apontamentos sobre toda a situação. Dentro da capela palavras sussurradas e choro. Pessoas mais próximas se emocionaram enquanto o capelão proferia palavras de conforto. Foi tudo bem rápido e após 30 minutos estava concluído. Mas o restante daquele dia seguiu melancólico e reflexivo para os militares que desejavam apagar a sensação da perda e de desconforto. Com Ivan e Guynive não foi diferente. Eles caminharam conversando por alguns pontos mais vazios da base e, no final da tarde para inicio da noite, passaram no mercado para repor alguns mantimentos, mesmo que ela cozinhasse bastante e a dispensa pouco esvaziasse.

— Tem alguns temperos que aqui na mercearia da base eu não encontro.

— Sério?

— Sim.

Guynive teve a ideia:

— Eu poderia tentar encontrar no Brasholais.

— Brasholais? O que é? Uma mercearia?

— É. Também é uma mercearia. Mas lá tem todos os temperos do mundo.

— Uau! Deve ser um lugar interessante. Tem uma unidade deles aqui perto?

— Não sei.

Ivan permanecia focado na prateleira de temperos e não percebeu quando ela puxou de um dos bolsos um cartão dourado. Era apenas Guynive rasgar e eles seriam teletransportados dali para o Hall de Brasholais. Mas ele falou:

— Ah. Então é uma rede pequena?! Daria muito trabalho só por um tempero. Deixa que eu improviso.

Ela ficou olhando para o cartão em sua mão.

— Tem certeza?

Ivan destampou um vidro tentando sentir o cheiro.

— Tenho sim. Você acha que essa pimenta está boa? — por causa dos olhos lacrimejando Ivan estava com a vista borrada e quase não a via, tão pouco o cartão.

E passou o vidro para ela, que guardou o cartão e cheirou o tempero.

— Está sim.

— Então vou levar — e enxugava as lágrimas.

Naquele período o Comando Central da Base reorganizou as escalas de serviço de forma extraordinária para não sobrecarregar o grupo vindo da Turquia. Todos foram avisados na terça-feira, logo cedo. Dessa forma Ivan passou a trabalhar das 7 horas às 12 horas, no mesmo setor de recursos humanos. Guynive foi transferida para cobrir outra área de segurança e trabalharia das 6 horas às 12 horas. Assim eles se encontravam no horário do almoço e definiam o roteiro. Cada dia era um lugar diferente.

A quarta-feira amanheceu com sol e foram até a praia, onde Guynive se maravilhou com o mar, a boa temperatura e a areia. Ficou um pouco receosa quando viu outras pessoas que passeavam por lá:

— É normal vestirem peças tão pequenas?

— Bem... com essa temperatura e neste lugar, sim.

Levou um tempo para ela se acostumar com a ideia, mas assim que o fez se soltou, e era engraçado vê-la, grande como era, correndo como uma criança, de um lado para o outro, ou ao redor de Ivan e até mesmo atrás dele. Naqueles momentos ela parecia realmente ter 22 anos, ou até menos. Pena que aquele foi o último dia quente que puderam desfrutar.

Guynive - O Começo do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora