009

2 1 1
                                    

No período da tarde os treinamentos prosseguiram intensos e com o sol forte sendo uma dificuldade extra. Eram 16 horas e 30 minutos quando Camintown levou o 2º pelotão para a pista com obstáculos. Tudo o que eles não queriam naquele momento.

O circuito era extenso: cordas entrelaçadas, buracos, lama, água, arames farpados, subidas, tocos para pular, escaladas, rastejos, desvios. Para se concluir o trajeto era nada menos que cinco minutos. Era relativamente fácil, o problema era a exigência de Camintown:

— Vocês têm quatro minutos e cinquenta segundos para concluir o circuito. Nem mais nem menos.

Incomodados com essa imposição, alguns soldados se organizaram e foram falar com o sargento, pedindo para considerar que eram novatos e que ele poderia "pegar leve" com o pessoal. Ele reuniu o grupo e retificou o que disse:

— Vocês têm razão. Eu não deveria exigir algo assim. Me abriram os olhos. Por favor, agradeçam aos três soldados que vieram falar comigo — e apontou para os rapazes que permaneciam ao seu lado. Os demais os olharam se sentindo mais aliviados. Então esbravejou: — O tempo agora baixou para 4 minutos e 40 segundos!

A maioria arregalou os olhos para ele. No fundo aquilo não era maldade, era um treinamento que auxiliaria em situações extremas. O difícil era que alguém enxergasse isso.

— Mais alguma reclamação? — o silêncio foi absoluto. — Já pra pista! Acelerado!

A primeira volta foi desastrosa: muitos caindo, outros parando sem fôlego. As mulheres tinham maior dificuldade nos obstáculos que exigiam força braçal. Mesmo assim a maioria, homens e mulheres, não conseguiu ficar dentro do tempo exigido e adentraram a noite. E após sucessivos fracassos todo o 2º pelotão foi punido:

— Vamos senhoras e senhores! Não sairemos daqui enquanto não fizerem todas as flexões e abdominais.

Foi depois de longo tempo, quando o último deles terminou, que foram dispensados. Guynive não estava tão diferente de muitos do grupo: ofegante, trôpega, suja, e principalmente: esfomeada. Sair do refeitório sem almoçar não foi inteligente. Sentia-se zonza, trêmula, desgastada. Até os rapazes estavam fatigados, caminhando devagar ou se amparando.

Guynive era a última do grupo e caminhava vagarosa, ficando cada vez mais para trás. Passava agora diante dos depósitos onde o 1º pelotão, também atrasado, realizava sua última tarefa: descarregar um caminhão. O veículo era um modelo M54, que não era tão grande, mas chegou abarrotado de mantimentos. O motorista estacionou em um pequeno aclive frente ao depósito, permanecendo com a frente mais erguida enquanto os novatos trabalhavam. O depósito que recebia a carga fora construído quase na mesma altura da carroceria facilitando embarque e desembarque.

A garota não quis perder tempo observando aquilo e seguiu adiante. Instantes depois, quando já estava bem à frente, os gritos de socorro e a correria começaram. Primeiro pelo soldado Joshua, que passou pela garota correndo e berrando:

— Médico! Médico! ­

E foi para o hospital buscá-lo. Aquilo ativou uma sensação de emergência em Guynive que retornou o caminho até o depósito e, ao longe, viu o soldado Tomas prensado entre a traseira do caminhão e a doca de desembarque. O veículo descera inesperadamente. Na tentativa de socorro, o motorista correu para a cabine para retirar o veículo e deu a partida:

— Não quer ligar! — berrou ainda tentando.

O sargento Donovan estava atordoado e sem ação em meio à confusão.

— Meu Deus e agora? — a soldado Dinger chorava desesperada.

Tomas expelia sangue pela boca, ainda se contorcendo. Foi quando Guynive se lançou adiante bradando:

Guynive - O Começo do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora