Guynive - O Começo do Fim

013

O barulho foi ensurdecedor. Antes de pousarem, os dois aviões C130 deram um rápido rasante sobre a base, o que foi o suficiente para fazer o chão tremer e levantar uma nuvem de poeira.

— Funciona melhor que o toque da corneta! — o piloto comentou com o copiloto.

Eram 5 horas e 47 minutos de uma manhã com céu límpido e vistoso. As aeronaves chegavam carregadas com mais equipamentos, armas e munições, além de muitas provisões. Depois de pousarem e descarregarem os soldados da base iniciaram a checagem:

— Tenho certeza que dobraram as quantidades. O que temos aqui dá pra passar mais de três meses. — Fox falou com seu auxiliar enquanto anotava na prancheta.

— Será que é uma substituição de equipamentos? — perguntou o novato Delles.

— Nunca ocorreu antes, mas desconfio que teremos mais ação por aqui.

— Será?

"Preciso avisar Marduk" — premeditou Fox.

Ele sabia que a vida do sargento girava em torno de duas coisas: sua ascensão na carreira militar e a conquista de Daisy.

— Tem certeza disso, Fox? — questionou o 3º sargento.

Marduk era de estatura mediana e um porte físico firme e robusto. Em seu rosto poucos pelos, característica do sangue indígena em suas veias. Herança de sua mãe, mesmo que não tivesse recordações dela, nem de seu pai. Passou por orfanatos e casas assistencialistas da infâcia à adolescência até que, completando a idade, se alistou no serviço militar e agora buscava saciar seus próprios interesses.

— Quem tem certeza de algo Marduk? Mas observe os sinais: mais contingente e excesso de equipamentos. Tá na cara que estão planejando algo.

Fox o conhecia bem, e observando as sutis alterações nas sub-rotinas da base, viu ali a possibilidade de ajudar o amigo. Ora, ajudando-o, no futuro poderia ser recompensado.

A conversa acontecia despretenciosamente do lado de fora do refeitório.

— Sim, realmente parece isso. Até porque os oficiais têm se comportado de maneira diferente nesses últimos dias e essa informação sobre o carregamento só veio para confirmar.

— Então, talvez seja a hora. O momento de subir.

Para Marduk a idéia era atrativa. De 3º sargento poderia passar diretamente para 1º, pulando uma etapa e se distanciando de seus concorrentes. Tudo dependeria de uma atuação ímpar.

— Parece que sim — concordou.

— Conte comigo para o que precisar — reforçou Fox.

— Caso aconteça como planejamos, as coisas ficarão mais fáceis para você — palavras estas que motivaram o amigo. Então comandou: — Reúna os rapazes. Precisamos descobrir a exata situação, como e onde acontecerá. Temos que nos antecipar, sei que temos meios para isso.

E assim, o 3º sargento e seu grupo se mantiveram atentos. Mas quando algo é sigiloso dentro do militarismo, realmente fica difícil descobrir o que se deseja, e após alguns dias uma reunião entre Donald, os capitães e os sargentos lhes passou despercebida.

— Senhores, esse é o capitão Jefferson e seu adjunto, o sargento Walace, vão nos auxiliar nesse importante momento — disse Donald.

Feitas as devidas apresentações a reunião teve início e foi longa, pois o detalhamento era extenso. Questões como a quantidade de equipamentos, número de guerrilheiros, os novatos indo pra campo, previsões de tempo de batalha, formações de combate, logística, entre outros, foram exaustivamente debatidas. Com isso a reunião que começou às 18h terminou 1h da manhã, mas o objetivo fora alcançado: