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— Não temos como ir mais rápido? Gostaria de alcançá-los.

— Isso não vai acontecer até pela urgência da missão. No máximo os soldados vão se encontrar em solo. Além do mais dê uma checada na velocidade — o piloto apontou o instrumento no painel.

Boy olhou para o velocímetro, e o ponteiro indicava a velocidade máxima.

"Não vai ter jeito mesmo." — resignou-se o auxiliar.

No compartimento de cargas os soldados permaneciam concentrados alguns, mais acostumados com aquela movimentação, conseguiam até dormir. Naquele instante Guynive sentira um incômodo, como se perdesse algo importante. Ela manteve o olhar fixo em uma das laterais do avião e sorrateira, apontou para uma direção.

"— Agora!" — comandou.

Na cabine Boy permanecia vigilante e ainda intentava, mesmo que fosse impossível, ter Rose "no visual", o que não aconteceu. No momento em que chegaram ao mesmo ponto aonde deveriam ganhar altitude se aproximando do paredão de gelo, o que permitiria o salto dos soldados. Então, Petter manobrou Memphis.

Subiam se aproximando das mesmas nuvens negras envoltas em raios e trovões. Comentariam algo sobre aquela estranha aparição não fosse o olfato:

— Alguma coisa... queimada... — balbuciou Boy.

— Reveja os sistemas! Rápido! — pediu o piloto se posicionando melhor na cadeira.

A trilha de fumaça que acompanhou a queda da primeira aeronave havia se dissipado, mas não o cheiro. Eles chegaram ao exato ponto onde o avião Rose fora "atacado".

— Tomara que estejam bem — desejou, Boy olhando para as águas do mar.

"Talvez tiveram problemas em um dos motores." — pensava, Petter que olhou para o rádio. — "Mas como ter certeza?"

Então rajadas de vento chicotearam o avião criando forte turbulência. Petter socou um grande botão no lado esquerdo do painel e as luzes internas passaram à vermelhas. O grupo na parte traseira pegou os paraquedas e se preparou para o pior.

— Porcaria! Isso não é normal! — esbravejou o piloto lutando para manter a estabilidade da aeronave.

Na sequência teve início a chuva de gelo, que começou com as mesmas proporções, e vigor, da que se abateu sobre Rose.

"É quase um ataque vindo de cima." — raciocinava Petter, que tentava achar uma solução. — "A estrutura não vai suportar por muito tempo."

Os granizos que os atingiam era de tamanhos variados. Sem conseguir mais segurar o manche por conta de excessiva vibração, Petter o soltou e, ao fazê-lo, o tremor do controle cessou e, sob os olhares assustados do piloto e copiloto, a peça se moveu voluntariamente para a direita. A aeronave se inclinou com a asa direita pendendo para baixo.

— Mas o que...?!

Antes que concluísse o seu raciocínio, o piloto percebeu que a posição era defensiva, pois os objetos caiam em diagonal da esquerda para a direita e a aeronave agora acompanhava essa linha criando uma dificuldade em ser atingida. Boy queria dizer algo, mas as palavras não saíam. Então Petter, suavemente, tomou os controles mantendo o manche naquela posição. Era uma manobra momentânea, já que o vento bradou, não se dando por vencido. Então gelo desceu das nuvens em maior quantidade, com mais ímpeto e fúria, tentando destruir seu alvo.

O avião seguia sendo alvejado por granizos menores, mas não menos perigosos, quando uma grande pedra se deslocou na direção de Memphis e, era questão de instantes para atingí-lo e findar com toda a missão.

Sem tomar conhecimento sobre o que lhe aguardava, Petter pensou:

"Há algo de errado aqui"


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Guynive - O Começo do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora