A Subversão: Lalúria

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Aquária e sua grandiosidade iluminava o escuro oceano laluriano e suas criaturas. Resguardava em seu tradicionalismo progressista o que o antigo império mais se orgulhava, a infraestrutura única e cheia de detalhes. A população aquariense também cumpria seu papel mantendo a boa reputação da cidade. Ainda havia as lendárias ruínas onde, em outrora, parte do distrito industrial caiu. Grandes átrios dos edifícios funcionavam como praças, indo de um lugar a outro passando entre as construções. Elevadores faziam o transporte vertical e pontes cruzavam a parte alta da cidade, ligando os prédios. Os locais ficavam em iluminação de meia-luz o tempo todo, e as construções se destacavam por neons de todas as cores, além de projeções holográficas. Em áreas mais afastadas, habitantes mantinham estufas onde se criavam animais terrestres em celeiros, e marinhos em grandes gaiolas. Algas iluminavam o solo e serviam de abrigo e alimento para animais que tinham o exterior da cidade como seu habitat adaptado.

Os bares de Aquária eram conhecidos pela discrição, e por isso eram frequentados por criminosos procurados, ainda que as forças de segurança da cidade fossem rígidas. Entretanto, diante do cenário que o primeiro sistema passava, o último lugar que criminosos queriam estar era em Lalúria, mas nem todos os criminosos pensavam assim.

— Ouvi dizer que este lugar costumava ser mais animado, e que tinha mão de obra barata – disse um homem grande e forte, vestido com um capuz cinza. – Ainda mais quando vocês estavam por perto.

— Não fazemos mais trabalhos mercenários – respondeu o outro no balcão, não tão grande, mas igualmente forte. – Seja lá quem você for ou quão rico seja – observou o intruso com demasiada atenção.

O encapuzado se levantou, era bem mais alto que todos ali.

— TODO MUNDO, FORA DAQUI AGORA! – Ordenou.

Alguns estranharam de imediato, mas sabiam que quando aquelas palavras eram ditas, algo muito sério acontecia. Então, se levantaram e saíram calmamente pela discreta entrada.

— Quem é você? – Perguntou o outro. – BELANO! – Jogou para o alto as palavras. – Temos visita – completou.

Outro homem saiu do quarto nos fundos e apareceu no parapeito do andar superior. Era atlético, mas bem mais magro que o primeiro e vestia um roupão leve e transparente. Ele nem sequer se preocupou com o que estava aparecendo. Seus cabelos negros contrastavam com a pele clara e os olhos de tons amarelados.

— Hum – disse, ao ver o encapuzado. – Sorvato, diga ao nosso amigo que nós escolhemos nossos próprios contratos.

O encapuzado se colocou em reverência.

— Por gentileza, ouça o que tenho a dizer e depois vocês podem escolher o destino que quiserem – disse o homem. – Eu tenho absoluta certeza que vão preferir o lado que venceu a guerra, o meu lado.

Belano protelou por um segundo, então bateu na porta do quarto e desceu as escadas enquanto arrumava seus trajes.

— É seguro para você estar aqui? – Indagou, indo para o balcão e pegando o copo do companheiro. – Até onde sei, você é a pessoa mais procurada em todo o Universo Expandido.

— Há muitos de mim por aí – disse o homem, indo até a luz e retirando a longa capa e capuz. A careca branca brilhou em roxo no neon vermelho e azul. – O preço pela minha cabeça é alto?

— Não tanto quanto a de Saul Victor – respondeu Sorvato.

— É justo, tem muita oferta de Montblanc – o clone sorriu, roçou a garganta e continuou: – O que acham de tomar seus lugares de direito no novo reino de Lalúria?

Sete Vidas em Nove Mundos - O Segundo FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora