Muitos curiosos de todos os mundos tentavam se aproximar da Benção Branca a todo custo, e todos eles eram afastados pelos militares de Satsu Man. Por questões logísticas, foi decidido que os navios ficariam separados em vários portos do sistema, e os que eram capazes de aportar nos planetas, ficariam em terra. O tamanho da Nuvem a fez ficar à vista de Siabu, mesmo que fora do porto espacial.
Dias haviam se passado, e Saul já não era mais novidade entre as principais mídias jornalísticas. Nem mesmo Cailina era tão requisitada depois das entrevistas que deu. A debandada havia diminuído, como foi prevista, e Montblanc permanecia quieto junto de seus seguidores mais devotos. Ainda era bem comum encontrar alguns clones entre as vielas das cidades, e alguns cadáveres também. Atentados com Escolhidos e sacerdotes da Luz aconteciam, mas eram bem mais raros.
Uma pequena nave se aproximava da Benção Branca, nela estava o Capitão e seu companheiro, Vigur. Várias outras embarcações estavam à espera dos anfitriões para entrarem no navio. Eram cerca de cinquenta naves pequenas e médias, e elas traziam oficiais de alta patente das três forças aliadas, além dos amigos de Saul. Alguns governadores pediram para participar, apenas pelo evento, mas os pedidos foram recusados.
— Vigur, sei que é pedir demais, mas preciso que não demonstre ansiedade e surpresa quando estivermos lá dentro – pediu Victor, o tom era calmo e pacífico. – Se Zancer e os outros estivessem aqui, eu pediria isso a eles, não quero que pareça que não confiamos uns nos outros.
Vigur ouviu calado, ele iria acatar o pedido, mas segurou a reação para imaginar o motivo da solicitação. Rebateu:
— Tudo bem, desde que seja algo possível de suportar.
— Darei uma ordem que talvez não seja tão bem aceita por estes burocratas sociopolíticos – complementou Saul, quase acanhado.
— Isso inclui Zancer? – Indagou Vigur.
Victor consentiu.
— Mesmo para ele – confirmou. – Mas minha preocupação é com a revolucionária doente da Antúlia. Sabemos que ela tem poder sobre os exércitos e ela vai usar eles contra nós, se puder – deixou o comando da nave e aos fundos. – É bom que nenhum soldado escute isso. Não queria que ela estivesse aqui, ela devia estar focada no mapeamento das...
— Não se preocupa, Saul – alertou Vigur. – Zancer está cuidando disso pessoalmente por causa desse mesmo motivo. Volte para cá porque a nave não vai se pilotar sozinha – ordenou, sério.
Vigur já estava esperando algo ruim, e por ter sido avisado que as controvérsias viriam, já estava pensando em qual lado ficar. Mesmo que as perguntas fossem justas, Saul sempre desviava o assunto, ou somente não respondia quando estava irritado. Ninguém gostava dessa atitude de pulso firme e misterioso, mas os que poderiam exigir respostas estavam ocupados demais com uma infinidade de tarefas. Os outros permaneciam concentrados em manter a governadora Antúlia longe do Capitão.
A nave em que os capitães estavam foi a primeira a entrar seguida das outras embarcações. Alguns dos robôs ativados estavam nos portos e prontos para levar os convidados para o pátio principal. BB21 aguardava Saul no porto interno traseiro, onde estavam a maioria das naves.
— Já os encaminhei para o pátio, Capitão – disse o androide.
— Coube todos eles? – Questionou Saul.
— Sim – BB confirmou. – Aloquei algumas unidades no setor da capitania e no seu quarto, se não se importa. Outros mandei para as áreas sociais e enchi os corredores dos setores fechados dos fundos. E sem os maquinários montados, sobrou bastante espaço – finalizou, saindo.
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Sete Vidas em Nove Mundos - O Segundo Final
Science-FictionAs drásticas consequências recaíram sobre os mundos desfazendo toda a ordem vigente estabelecida. Os temidos tempos sombrios haviam chegado e ninguém estava, de fato, preparado para eles. As guerras por poder deram lugar à uma jornada de autodescobr...