Um Evento de Honra e Coragem

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A noite havia chegado com toda a beleza de que Saul se lembrava na juventude, quando vivia na Capital. Era um céu estrelado com luz que misturava azul e violeta em contraste com as lâmpadas alaranjadas das estruturas de Sadinado. E essa iluminação se movia lenta e calma com o ritmo da paz que há tempos os capitães não viviam.

Diferente de todas as outras cidades, Sadinado foi fundada sobre as costas de uma enorme criatura. O pacífico animal vive eras, e quando morre deixa o casco para que outro assuma e cresça. A cidade fica presa na depressão que cerca o vulcão que deu nome ao planeta, limitando os caminhos que a criatura pode seguir enquanto na concha. Porém, o fato de estar limitada no espaço não impediu a cidade de obter vantagens nas guerras ao longo da história, por estar em movimento. Era possível obter água no lago que formava a depressão por meio de bombas, em especial quando a cidade estava baixa. Havia campos de plantio, grandes prédios e tudo o que uma cidade necessita para se manter. Portos e outros setores que precisavam de um local fixo se estabeleceram nas margens do lago e faziam pontes aéreas e marítimas até a criatura. Inúmeros vilarejos que se desenvolveram próximos à lagoa anelar, ajudaram a região a prosperar e atraiam turistas todos os ciclos.

As pessoas estavam felizes e as ruas se mantinham movimentadas e alegres. Era uma noite especial, na qual competidores de várias cidades pequenas de Saxuno se uniram em Sadinado. Havia se passado dois dias e os capitães estavam ansiosos para irem embora. Mas Vorax queria uma última chance para impressionar o povo do primeiro sistema, e pediu à Saul que competisse na Corrida Magnética. Estavam hospedados em um edifício na frente da praça onde estava montado um palco, o mesmo que dava início à pista.

— Eles passaram dias montando a pista – protestou Vorax, com os hologramas mostrando técnicas para vencer. – O sistema todo vai assistir e essa é a nossa chance de mostrar um pouco de empatia.

— Empatia? – Indagou Saul. – Vencendo deles na competição que eles mesmos criaram? Obviamente eu vou ganhar, e isso vai humilhar os povos de uma forma muito pública. Acho melhor deixar Vigur, ou algum de seus soldados de prata, competir – insistiu. – Acredite, você não sabe o quão ruim isso vai ser, mexer com ego das pessoas é ruim.

— Eles não veem meus soldados, ou mesmo Vigur, como futuro e promissor líder deles – rebateu Vorax. – Todos os ciclos, os Bouderstan vinham pessoalmente e escolhiam um campeão para correr por eles, e às vezes o próprio Sorvato competia. O povo adorava, só aumentava ainda mais a paixão por eles. Sempre pediram para que Montblanc competisse nas corridas, mas isso nunca aconteceu. Agora eles têm a chance de ver não apenas seu líder, mas um Supremo, correndo. Dê isso a eles.

Vigur atravessou a sala, foi até a janela atrás de Saul enquanto a discussão acontecia. Assistiu por alguns segundos as celebrações na rua e a alegria do povo na praça.

— Talvez Vorax tenha razão – interrompeu Vigur, fazendo que as vozes se calassem. – Normalmente, diria que é uma péssima ideia pelo fato de sermos odiados em todos os mundos, mas eles estão felizes.

Saul negou.

— Não, Vigur. Eles estão comemorando o evento deles, mas isso só está acontecendo desde ontem – pensou por um segundo. – Antes era protestos violentos e caça contra os nossos, e quando o evento acabar as coisas voltarão a isso. Eles não nos querem aqui – Saul se levantou e foi até a janela, observar as festividades. – Não querem Mulipian e nem as forças Aliadas no poder, e eu não tiro a razão deles. Agora, vocês vêm com a ideia de que eu os vença em seu próprio esporte – se virou para Vorax com a expressão triste. – Eu não posso fazer isso, meu velho.

O robô consentiu, então concluiu:

— Infelizmente, você não tem escolha – disse. – Já encomendei os seus equipamentos, e alguém precisará competir – foi à janela. – O povo vai aprovar você quando se provar para eles, mostrar que é parte deles.

Sete Vidas em Nove Mundos - O Segundo FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora