A Subversão: Prit

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As ruas do terceiro sistema ruíam em batalhas sangrentas em todos os planetas. Sarcof, ainda que fosse fortificada, sofria com os ataques dos clones e dos exércitos dos Escolhidos. Armas de disparo eram usadas pelos dois lados, o que aumentava a quantidade de mortos nas ruas. Os muros da cidade sitiada sacodiam a cada explosão dos aviões inimigos. Os arpões sobre a muralha, que há muito tempo não eram usados, pareciam obsoletos. A marinha pritana tinha mais sucesso enfrentando as forças de Montblanc, mas nem mesmo os mais poderosos navios aquáticos conseguiam confrontar a agilidade dos aviões.

Do outro lado do planeta, entre dois grandes rios, Armária tentava se defender sem ter os recursos disponíveis da capital, e isso prejudicava severamente os contra-ataques inimigos. O exército de Montblanc estava focado na região sul da cidade, onde havia um grande laboratório de uma corporação já conhecida, a Sudrami Aprimoramentos. Havia uma saída nos fundos da instalação que levava direto ao porto aéreo da cidade.

— Tem certeza que isso vai funcionar, Doutora? – Perguntou um clone a bordo de uma nave. – Não quero conflitos entre meus cavaleiros e, muito menos, envolvimento dessas empresas.

— Tenho, claro! – Expressou a mulher de meia idade. – Atília não cederia seu fiel companheiro se soubesse que algo poderia dar errado.

— É bom que estejam certas – rebateu Montblanc.

O porto de Armária estava destruído, carros de combate e naves de batalha se explodiam matando todos ao redor. As pessoas que ainda se mantinham vivas, corriam para se salvar.

Do hangar principal, saiu um homem carregando um lançador de misseis, que mirou na nave onde estava a Doutora e atirou. O clone que estava pilotando notou o projétil e desviou a tempo de evitar a destruição da nave. Algo enrolado em um pano grosso e amarrado com cordas caiu e rolou dentro da nave. No solo, onde a batalha acontecia, outro clone matou o homem, atirando em sua cabeça à queima roupa, enquanto os Escolhidos eliminavam seus parceiros.

— Cuidado, Montblanc! – Esbravejou a Doutora. – Não tive todo esse trabalho de adaptar o robô e tirar ele de Unado em segurança para você destruí-lo antes de seu propósito – foi até o objeto. – Sem ele o seu plano não será nada além de mais uma ideia estúpida.

— Foi um momento de desatenção, me desculpe – disse um clone nos fundos da nave. – E saiba que o trabalho não foi só seu, ainda estou com dor de cabeça por conta dos seus processos duvidosos.

— Não é duvidoso, é inovador – rebateu a mulher, tentou levantar o pesado pacote, sem sucesso. – Pode me ajudar aqui? – Pediu.

Montblanc a dispensou com um toque no ombro e, sem grandes dificuldades, levantou e ajeitou o corpo enrolado.

— A Sudrami sabe da inovação? – Indagou Montblanc, voltando sua visão para o horizonte arruinado de Armária.

A mulher se sentou em um dos bancos laterais.

— Como estão as coisas em Sarcof? – Perguntou.

— Eles são realmente resistentes, mas os ciclos de pacificidade os deixaram despreparados – respondeu o clone. – Os Escolhidos são mais que suficientes para combaterem os guardas do antigo império.

— E quanto aos civis?

— Eu destruí as favelas nos muros, para que não haja desertores se escondendo lá, os que restavam fugiram para os campos.

— Não seja tão rigoroso com eles, você vai precisar de apoio do povo se quiser conquistar algo além de Sarcof – disse a Doutora.

Montblanc a olhou, confuso.

Sete Vidas em Nove Mundos - O Segundo FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora