No céu de Rusdofar era possível ver, ainda que longe, Alador e alguns de seus pedaços em sua órbita. Mesmo com toda a tensão sobre o Universo Expandido e a crise em Ibdusodem, os estudos para reconstrução do planeta ainda seguiam firmes. Quase tudo o que sobrou da cultura aladoriana no oitavo sistema foi levado para Porto de Farga ou Rusdofar. A escolha de um novo governo era discutida para acontecer após o termino da restauração de Alador, porém, os constantes conflitos nos outros sistemas ameaçavam os planos.
A base de desenvolvimento era a cidade de Luzalá, a única cidade estruturada que resistiu ao colapso. Isso porque a cidade ficava em uma região sólida, longe das fissuras na crosta da Alador e do oceano. Era lá onde estava situada a instalação da universidade de Ibdusodem e outros órgãos que ainda residiam no planeta.
— Mox, está na hora – disse um clone, olhando para as estrelas por um telescópio. – De acordo com Rancel, a troca dos turnos acontece logo ao amanhecer de Luzalá.
— Já estamos com as naves preparadas? – Perguntou o outro.
— É claro, partiremos em alguns minutos, vista sua armadura e escolha suas armas – ordenou. – Não quer mesmo armas de disparo?
— Não que elas fossem fazer diferença, não é? – Mox sorriu.
Mox era um homem magro, que carregava um intenso olhar triste e arrependido quase o tempo todo. Suas atitudes sempre eram arrogantes e seu caminhar deixava claro sua postura folgada. Seu tom de voz era baixo e rouco, quase inaudível aos outros. Vivia a maior parte do tempo com poucas roupas leves, mas quando lutava usava uma armadura leve azul-escuro e vermelha, e uma espada simples.
— Vamos levar uma tropa pequena, mas bem equipada, não sei ao certo o que nos espera – completou Montblanc. – São só cientistas, mas com certeza deve haver seguranças também.
— Sem problema – disse Mox, indo para sua armadura. – Não se esqueça do nosso acordo, não quero esse exército de fanáticos quando Alador estiver subvertida, muitos deles eram rebeldes.
— Eu também tive os pais mortos por rebeldes, tem que superar isso como eu superei – rebateu o clone. – Agora, muitos deles lutam por nós e isto que devemos manter daqui em diante.
— Diga por você. Para mim, rebelde é sempre rebelde – vestiu as peças da armadura e testou a espada no ar. – Eu não me importo com suas doces palavras sobre a sua versão dos rebeldes. Nossas histórias são bem diferentes, quando seus pais morreram, você se uniu a alguns da sua espécie e explodiu todos eles, já eu, fui preso em Assos. Se soubesse da metade do que eu passei lá – olhou para o elmo, então o lançou pela janela com raiva. – Eu tinha dons, você tinha tudo, eu fui condenado por isso e você nos condenou por nada. Tudo por causa de uma briguinha de espécies endossado por altas doses de rebeldia imperial.
— E eu achava que eu era dramático – comentou Montblanc, saiu da sala e desceu as escadas até o pátio da fortaleza. – VAMOS, TEMOS HORÁRIO! – Gritou para Mox, pegando o elmo no chão.
Então, o homem saltou pela janela da sala, no alto da torre, e caiu com força no solo de terra batida, rolando. Ele se levantou como se nada tivesse acontecido e tirou o grosso da sujeira.
— Obrigado – disse, ao pegar o elmo das mãos do clone.
— Deixe de ser tão exibicionista – rebateu um deles.
Outro trouxe duas montarias, eram animais de grande porte e com visuais selvagens. Quadrúpedes, com uma longa e forte calda, patas com garras afiadas e dentes perfeitamente alinhados e expostos. Mox foi até o animal branco e cela azul, Montblanc ficou com o cinza. Então seguiram para fora pela estrada trilhada. As criaturas se moviam de uma forma veloz e suave. Como répteis, se adaptavam às adversidades do caminho.
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Sete Vidas em Nove Mundos - O Segundo Final
Science FictionAs drásticas consequências recaíram sobre os mundos desfazendo toda a ordem vigente estabelecida. Os temidos tempos sombrios haviam chegado e ninguém estava, de fato, preparado para eles. As guerras por poder deram lugar à uma jornada de autodescobr...