O primeiro sistema civil era o único que parecia realmente ter se preparado para a ilustre visita dos capitães. O comércio estava livre e as atividades das pessoas também, mas tudo passava por órgãos de fiscalização do governo. Os Aliados reforçaram as estratégias de defesa e furtividade, e evitavam ainda mais chamar a atenção.
Por mais que a Capital ainda mantivesse seu status de liberdade e justiça inabaláveis, era inegável que o título agora não passava de senso comum perdido no tempo. A cidade era usada para fazer ligação entre os viajantes e os outros destinos de Lalúria, ou para entusiastas da história do antigo império. Houve um êxodo da área urbana para os campos não mais tão produtivos da ilha, e o foco do sistema passou a ser Marínea.
Diante de todos os acontecimentos, e da forte repressão causada pela gestão dos primos Bouderstan, Tambur e Saxuno se tornaram ponto de referência no sistema. E a cidade de Roial Lunar foi a escolhida para sediar a base de operações dos Aliados em Lalúria.
Saul conhecia o segundo sistema como poucos, todas as rotas e os melhores atalhos para passar despercebido. Por mais que o treinamento dos soldados lalurianos tivesse sido revisado, ainda não era o suficiente para parar contrabandistas. E, se aproveitando disso, a nave dos capitães chegou a Tambur sem nem sequer passar por vistoria.
— Acho que conseguimos, não é? – Disse Saul, orgulhoso ao ver a cidade de Roial Lunar apontar nos dois lados de um cânion verde.
— Obrigado, Capitão – disse um rebelde, embainhando as armas e retirando parte da armadura. – Eu realmente não estava afim de lutar.
— Calma, a parte difícil vai chegar – brincou. – Alguém sabe para onde devemos ir agora?
— Ao norte – disse uma imperialista. – Suba o rio pela cidade até a base da cachoeira, o esconderijo fica nas cavernas.
Roial Lunar, assim como outras cidades, cresceu em razão de um rio que corta a área central de Tambur. As estruturas urbanas construídas nos dois lados da torrente a seguiam por quilômetros, e se estendiam às paredes do estreito e longo vale. A vida selvagem estava no ambiente como se integrada naturalmente. Centenas de balsas faziam a travessia das pessoas o tempo todo, e no alto, pontes faziam o mesmo trabalho.
— Me lembro quando vim aqui pela primeira vez, eu e meus pais passávamos as férias aqui – disse Saul. – Tínhamos alguns amigos donos de uma pousada no sétimo setor, mas lá na saída para o mar.
— O que é o sétimo setor? Um bairro? – Perguntou o rebelde.
— São os níveis da cidade – respondeu Vigur. – São nove no total e eles são divididos de acordo com a altura da cidade fundação.
— Cidade fundação é o que está no nível do rio – completou Saul com um tom nostálgico. – É onde estão os altos edifícios e a maior parte dos ricos, depois vem as outras até chegar no nono. Tem que ver durante a lua cheia, a luz azul vem direto para a cidade, mas essas pontes devem atrapalhar agora. Não me lembro de ter tantas delas assim – seus olhos se perderam no alto. – Enfim, são tempos passados.
Havia uma movimentação estranha próximo da cachoeira onde se localizava a entrada para o esconderijo dos Aliados. Algumas naves da guarda laluriana patrulhava a área. Uma mensagem chegou no interfone do transporte imperial. O rádio anunciou:
Iul cut flous ig ches, lateral borboleta das águas.
— Isso é holovár?! – Indagou Saul. – Eu achava que essa língua já estivesse morta há milhares de ciclos.
— E está – respondeu o rebelde. – Esse é o código rebelde, que já é usado desde os eventos... bom..., não conhece os lemas?
— Ainda não tive tempo para aprender – disse Victor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sete Vidas em Nove Mundos - O Segundo Final
Science FictionAs drásticas consequências recaíram sobre os mundos desfazendo toda a ordem vigente estabelecida. Os temidos tempos sombrios haviam chegado e ninguém estava, de fato, preparado para eles. As guerras por poder deram lugar à uma jornada de autodescobr...