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Olin

Eu sempre a via passeando com o seu cachorro na rua. Acho que é um Siberin Husky, não tem como ter certeza.

Mas ela sempre passeava com a mesma roupa, tanto ela quanto o cachorro que parecia ter uma roupa para cada momento do dia. O animal vestia uma roupa beje de tecido na parte de cima, como se fosse uma capa de super herói que serve para, eu imagino, que o pobre cachorro pudesse se aliviar no jardim dos vizinhos durante o passeio.

E óbvio que esses "vizinhos" me incluía, mas acho que tenho sorte pela minha casa ser literalmente do lado de onde ela mora e que o animal apenas comesse a se aliviar quando eles já estão na metade do passeio, o que é longe do canteiro de flores da minha mãe.

O passeio era sempre as 10:30 da manhã, nunca mudava. Sempre certinho, nem um minuto atrasada ou adiantada; ela sempre saia pela porta de entrada, descia os degraus da varanda e então começava a correr enquanto segurava a guia do animal de olhos azuis.

E aquele mesmo rabo de cavalo que ela sempre usava balançava de um lado para o outro enquanto ela corria.

Confesso que já me deparei apoiado na borda da minha janela, admirando suas coxas marcadas pela legging preta e o modo como sua respiração ficava depois de correr, seu peito subindo e descendo por baixo da regata branca e do casaquinho que ela sempre usava.

E agora, quando eu a vejo saindo as 10:30 da manhã, descendo os degraus da varanda com o seu cachorro preso na guia, e então acenando para a idosa que mora do outro lado da rua, me pego respirando fundo enquanto levanto da minha cama e caminho até a porta aberta do meu quarto.

Desço as escadas e antes que eu possa perceber, já estou parado do lado de fora da porta principal da minha casa, frente a frente com ela que tira os fones do ouvido quando me vê.

A pergunta presa na minha mente se transforma em duas: o que eu estou fazendo e desde quando ela usa fones de ouvido?

- Oi - ela fala sorrindo fraco enquanto seus olhos me analisam.

Acho que eu deveria ter me arrumado um pouco antes de sair de casa, principalmente porque estou só de cueca e uma camisa solta e preta da minha banda favorita: Nirvana.

- Oi - respondo de um jeito meio desleixado enquanto olho para seu cachorro que puxa a guia na minha direção e começa a cheirar meu pé.

- Não, Stella! - grita ela para o animal que eu acabo de descobrir ser fêmea.

- Tudo bem - falo dando uma risada fraca, me ajoelho e faço carinho nas orelhas de Stella.

- Me desculpa - ela fala colocando a mão na testa. - Acho que ela nunca te viu antes então deve estar meio curiosa.

- É, deve ser isso - olho para ela enquanto faço carinho no pelo cinza de Stella - Tudo bem?

- Hã, sim. E você? - ela passa a mão pelo rabo de cavalo e o alisa.

- Tô sim... - como ela não fala mais nada, apenas assente, volto a olhar para Stella e então com um sorrio para o animal, me levanto. - Eu sou o Olin, prazer. - estendo a mão para que ela apertasse.

- Victória - ela diz apertando a minha mão.

Ela sorri e então recolhe a mão enquanto puxa com a outra a guia de Stella.

- Vamos, amor - ela fala fazendo carinho na sua orelha. - Foi um prazer te conhecer, Olin. Espero que possamos nos encontrar mais vezes.

- Sim, também espero.

E então com um último sorriso, ela vai embora na direção da esquina, pra onde ela vai todos os dias.

Não vou mentir e falar que já não sabia que seu nome era Victória.

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Oi Gente!

Eu sinceramente acho que essa reescrita do primeiro capítulo ficou 10 vezes melhor que a primeira versão!

Espero que estejam gostando e eu prometo que os capítulos vão ficar maiores com o decorrer do tempo.

Votem e comentem o que vocês estão achando!

Meu PrimeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora