Cap 33: Exceção

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- Kiba? - Kankuro o chamou enquanto abria a porta, como forma de anunciar sua entrada.

Akamaru logo o recebeu, indo pra cima do marionetista e praticamente lhe implorando por carinho, enquanto Kiba observava a cena rindo pelo quase desespero do cão ao ver que o outro tinha sobrevivido a temida Tsume.

- Ela te fez alguma pergunta? Ou comentou  alguma coisa idiota? - Kiba o questionou indo ao seu encontro e lhe entregando uma muda de roupa.

- Não se preocupa.

- Se ela falou algo que não tenha gostado, pode dizer.

- San, eu já disse que não precisa se preocupar - Kankuro lhe garantiu continuando a fazer carinho em Akamaru - ele vai dormir com a gente hoje?

- Vai, só não vai dormir na cama - o comentário do Inuzuka fez o cão emitir um barulho insatisfatório - nem começa Akamaru, você sabe que a cama é pequena pros três.

Akamaru pareceu estar conformado com o argumento mas não é como se Kiba pudesse impedi-lo de subir em cima dos dois e reivindicar seu próprio lugar na cama no meio da noite, da mesma forma que não poderia impedi-lo de subir na dita cama e se ajeitar como se fosse dormir a qualquer segundo, algo que já estava acontecendo mesmo com as ameaças e protestos do ninja da Folha. Kankuro por outro lado, pensava em perguntar ao namorado sobre o ocorrido do jantar em relação a figura paterna ausente mas, conhecia aquele lado o suficiente para saber que não era tão fácil assim se abrir para outra pessoa.

- Então... sobre o que queria conversar? - Kiba o questionou.

- Sobre a discussão que tivemos antes de você sair de Sunagakure - o comentário do marionetista fez o outro ficar meio tenso.

- Kankuro, de verdade não queria ter falado tanto quanto falei aquele dia. Eu estava irritado pelo modo com você tinha falado do caso do Shino, mas o que eu falei depois daquilo não justifica...

- Não é como se tivesse mentido - o Sabaku admitiu não olhando o namorado nos olhos, tinha sido difícil tomar uma decisão interna sobre achar realmente necessário conversar sobre aquele assunto, e até tinha concordado em falar sobre mas fazer aquilo olhando nos olhos não estava no pacote - é como você mesmo disse, eu tenho "medo de ser abandonado".

- Não precisa me justificar isso - Kiba logo explicou, não querendo fazer Kankuro se sentir desconfortável.

- Eu quero falar sobre isso - o marionetista frisou - sinto que é importante para o relacionamento.

O Inuzuka apenas concordou, no fundo já queria ter tido aquele tipo de conversa com Kankuro mas apenas queria que ele fizesse aquilo quando se sentisse total a vontade, sem pressão e que viesse de forma totalmente espontânea.

- Quando a minha mãe ficou doente as coisas em casa eram complicadas, eu tinha um medo constante de perde-la e quando ela ficou grávida eu achei que tudo ficaria bem e que ela melhoraria mas de repente, ela morreu depois que o Gaara nasceu... eu era novo na época e aquele sentimento de saber que ela não voltaria no dia seguinte, me fez desabar. Eu não tinha conseguido falar com ela antes que tivesse entrado naquela sala, nem mesmo consegui me despedir já que o meu pai estava focado demais no novo filho, na "nova esperança da Vila".

Era óbvio que Kankuro estava vulnerável naquele momento e por mais que Kiba sentisse vontade de abraçar o outro e conforta-lo, preferiu não fazer justamente por conhecer o outro, sabia que fazer aquilo seria interpretado como um sentimento de pena e só pioraria tudo.

- A minha mãe tinha me deixado e meu pai praticamente ignorou minha existência devido a promessa que o Gaara tinha trazido junto com seu nascimento... sem contar com a Temari, eu só tinha ele e se a Vila realmente precisava de alguém para carregar o Shukaku, por que não eu? Eu realmente era tão inútil que não conseguia ser a salvação da nossa Vila? O Rasa só se fazia presente quando tinha algum ensinamento ou pequeno jutsu, e não era como um pai repassando uma tradição, era como um Kazekage criando soldados, mais parecia que estava tentando dar um rumo aos filhos que tinham ficado. O Rasa pode não ter nos abandonado como presença mas a afetividade com certeza tinha sumido junto com a alma da nossa mãe. Alguns anos depois, o Gaara começou a manifestar os "poderes", Rasa percebeu que tinha tomado uma péssima escolha e em questão de dias, a Vila inteira tinha renegado meu irmão... o nosso pai tinha renegado o próprio filho. Eu senti um medo constante naquela época, o Gaara era o preferido e meu pai tinha feito uma cidade inteira se voltar contra um simples garoto e não só isso, mas tinha mandado matar o próprio filho e eu não conseguia imaginar o que ele poderia fazer comigo... eu com certeza não era tão forte quanto a Temari, o meu jutsu demandava tempo, habilidade e uma facilidade em construir coisas e eu só estava apenas começando...

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