Cap 41: Kinoko

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* Uma semana depois *
• Konoha •

O Inuzuka entrou no quarto de Kankuro com pressa, sabia que era bem-vindo na casa mas dormir no quarto do marionetista enquanto ele não estava podia soar algo meio espaçoso, e mesmo que tivessem uma relação que claramente ultrapassava a amizade, ainda sim não queria perder pontos com os irmãos No Sabaku. Akamaru veio logo atrás de si, partilhava da rapidez e apenas esperou que a porta se fechasse para latir em descontentamento.

- Para de latir! - Kiba o repreendeu, estava tão irritado quanto o companheiro de anos.

Kiba se jogou na cama de Kankuro, enterrando a cabeça no travesseiro tentando encontrar alguma espécie de conforto, logo em seguida sentiu o colchão afundar minimamente e decidiu por deixar passar o fato de que Akamaru colocava as patas sujas em cima da cama do marionetista. Suspirou em meio ao desespero de controlar uma crise de choro que parecia não querer ser contida, tinha acabado de ter uma briga feia com Tsume. O Inuzuka até conseguia entende-la mas em meio a uma crise, Kiba não era como ela - que preferia afundar a frustração em trabalho e missões -, a única coisa que o mantinha em uma rotina de produtividade eram poucas missões por semana e uma rotina de treinamento diária, na maior parte do tempo seu corpo mostrava lerdeza.

"Precisa construir algo, o sobrenome você já tem mas quem vai se lembrar de "Kiba" sem o Inuzuka!?"

Aquele tipo de pensamento o rondava no passado, na época em que o sonho de ser Hokage ainda fazia sentido, mas agora até soava como algo bobo... era óbvio que depois de Kakashi, Naruto assumiria o posto e depois do Uzumaki, claramente não seria ele. O complexo de não ser forte o suficiente era o tipo de decepção que estava acostumado a lidar, e a Guerra Ninja lhe deu a chance de superar essas questões mas lidar com o sentimento de inutilidade era algo novo.

Kiba sentiu a pata de Akamaru tocar em suas costas repetidas vezes, como um pedido silencioso por atenção e automaticamente se voltou para o cão, se dando conta de que literalmente era o único que o entenderia. O Inuzuka virou o corpo, o erguendo para que pudesse encostar as costas no travesseiro e deixou que o peso de Akamaru pesasse contra seu colo e enquanto fazia carinho em seus pelos, possuía a sensação de estar acalmando a si mesmo.

- Também fui grosseiro com você, me desculpa.

Curtos sons do que poderia ser interpretado como um choro canino fizeram Kiba desabar junto... a sensação era literalmente a mesma.

- A Hinata está muito bem sem a gente agora. Ninguém fala sobre o Shino e muito menos nos deixam ajudar na procura e o relatório do Kankuro deveria ter vindo ontem, e não chegou nada.

Pequenos latidos tristes fizeram com que cão e homem partilhassem o mesmo medo, aquela altura era normal que a ideia de que ambos estivessem mortos fosse considerado. Uma angústia invadiu Kiba, lembranças de um pedido que Kurenai havia o feito a muitos anos atrás, quando o time 8 ainda era apenas uma forma de dividir a turma, ele só tinha um trabalho e era manter todos unidos e vivos.

Shino oficialmente era o capitão mas todos sabiam que ele não possuía carisma o suficiente para unir o time, e aquela missão era justamente do Inuzuka, ser o elo entre um garoto inseto introvertido e uma garota tímida de um clã massacrante, ele só precisava manter todos juntos e agora, pensar que teria de anunciar uma outra morte para Kurenai o fazia ofegar. Sua sensei não merecia isso... uma outra perda, a perda de um filho e ainda mais anunciada de sua boca onde decepção e tristeza viriam juntas... nada nunca fora justo.

Latidos preocupados de Akamaru o deixaram alerta e não conseguia distinguir qual era o problema, isso até se ver hiperventilando. Simplesmente não conseguia sentir o ar passando por seus pulmões, era como se não fossem suficientes - ele não era suficiente -, tentou usar as técnicas de respiração que tinha aprendido com Kurenai mas não conseguia, a sensação do controle era distante. Suas mãos se colocaram ao redor da garganta, o toque o fazia confirmar a passagem de ar e o som esbaforido atestavam o óbvio e mesmo assim, não conseguia se concentrar o suficiente para tentar se acalmar.

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