Cap 45: Casa

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"Me descobriram", era isso que a mente de Kankuro gritava a todo momento.

Em algum momento as batidas se cessaram... a mensagem já tinha sido compreendida, chegado as massas e o barulho ritmado do grave deu lugar a gritos, uma harmonia caótica que ressoava pelos corredores e mesmo que não se pudesse entender o todo, uma frase simples era fácil de entendimento: "peguem o traidor". Não havia apenas medo correndo pelas veias de Kankuro, era algo mais... um instinto primitivo de sobrevivência, uma adrenalina que o faria imaginar qualquer coisa, desde que o fizesse sair vivo daquele lugar.

A troca de olhares se sustentou, tirado de um outro contexto até se poderia dizer que a dupla se deliciava com a revolta do lado de fora, como se partilhassem do sentimento de revolução, mas a verdade é que partilhavam o mesmo pensamento, precisavam de um plano e aquilo era urgente.

- Que merda você fez garoto!? - Gaku gritou em fúria, conseguia ouvir os gritos se aproximarem juntamente com os passos contra a areia.

- Eu apenas peguei os arquivos - mentiu, não era um bom momento para revelar que tinha feito o Anbu fugir - não sei porque desconfiam de mim.

- A Folha em algum momento vai vir te buscar, certo?

- Sim, mas não conte com eles.

- Podemos forjar um golpe - o Inuzuka sugeriu caminhando de um lado para o outro, até finalmente parar, seu olhar era fixo ao chão, estático e omisso a qualquer caos - me esfaqueia, diga que eu sou o traidor e mostre os arquivos como provas.

- Sabemos que não vai funcionar - Kankuro comentou de forma sincera - eu sou o novato e eles não iriam acreditar em mim, principalmente por que a assinatura deve estar com o seu nome real, podem achar que eu tentei te incriminar.

Gaku ficou em silêncio, pensando em outro plano, se a Folha estivesse indo buscar Akira, suas chances de voltar para casa depois de anos finalmente se tornavam algo que não apenas sonhos ou relatórios nunca mais respondidos. Ver Kiba sendo um ninja e até lutando contra si de igual para igual fez a vontade de abandonar o próprio posto reacender novamente... tinha perdido tanto tempo.

Tempo era algo complicado. Na situação em que estavam, sentia a esperança começar a escapar por entre seus dedos como a areia que escorre marcando o tempo em uma ampulheta, a lembrança constante de que depois de todos esses anos sua família provavelmente já não sentia mais falta de si fazia com que nada mais fizesse sentido... ele era apenas um fantasma no fim das contas.

- Onde está a faca? - Kankuro perguntou, absorvia aos poucos o próprio plano, no momento não conseguia mais confiar em nada mas sabia que não teria outra opção.

- No que está pensando?

- Me faça perder sangue ao ponto de me deixar inconsciente, depois diga que vai se livrar do meu corpo - o marionetista explicou seu plano - me deixe em qualquer lugar, desde que seja longe daqui ou... como foi para deixar o Shino? Eles estão vindo? Por que se estiverem vamos conseguir sair daqui em algumas horas.

- Nós? Eu não vou ser visto como um aliado se estiver com o seu corpo nos braços - Gaku disse, omitindo a parte em que já era visto como uma ameaça.

- Você vai estar me socorrendo, vão te ver como uma ajuda - Kankuro falou apressado, nem um dos dois tinha tempo para muita discussão - vai dar tudo certo, não precisa mais ficar nesse lugar, temos provas o suficiente para acabar com tudo isso aqui. Quer saber como estão seus filhos, não quer?

- Quero.

- Então, Chefe... está na hora de voltar pra casa.

Gaku tirou a faca de seu equipamento e chegou mais perto, realmente se sentia comovido, mas anos de uma solitude não o fariam mudar de uma hora para outra, até decidiu por fazer o plano alheio mas apenas porque sabia que se não conseguisse ir para Konoha como aliado... usaria a vantagem do corpo como barganha. Com a faca em mãos, mentalmente pensava em qual ponto poderia atingir que causasse o efeito desejado e que ao mesmo tempo não fosse totalmente fatal, sentia bastante responsabilidade sendo depositado em si num curto período de tempo.

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