Cap 40: Um artista

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* Uma semana depois *

Kankuro tentava conter o tique nervoso que possuía seus dedos, o pescoço começava a doer de tantas vezes em que abaixava a cabeça em demonstração de respeito aos seus "superiores", se achava ridículo por ter que diminuir o olhar para um bando de terroristas. Isso sem falar na ansiedade que o consumia, era a primeira semana ali e a única coisa que tinha descoberto era que também sabia construir móveis e que com certeza havia de dois a três reféns ali - tendo em vista a sobra de pratos preparados nos momentos da refeição - mas ainda não conseguiu descobrir para onde iam e quem eram os donos... isso sem falar que ainda não fazia a menor ideia de qual era o próximo passo da organização, e muito menos qual fora os feitos anteriores.

Ao virar a esquerda em um corredor se deu conta de que havia aprendido sobre o local mais rápido do que o esperado, ou talvez fosse o tédio por estar completamente debaixo do deserto que o tivesse feito decorar tudo (também muito provavelmente o desespero em fugir), a porta no fim do corredor o fazia ficar ligeiramente tenso novamente, um de seus superiores havia lhe informado que o Chefe queria vê-lo e de todas as alternativas possíveis, Kankuro implorava para que o homem estivesse precisando de uma mesa nova. Duas batidas na porta lhe pareceram o suficientes e uma voz de comando o fez girar a maçaneta, um cheiro de cigarro o recepcionou antes da segunda ordem de entrar rápido e fechar a porta, Kankuro estava preso em uma sala fedorenta.

- Sente-se - a terceira ordem veio e o marionetista rapidamente obedeceu. Kitaro havia dito que ver o Chefe custaria seu pescoço, e esperava que aquele não fosse o caso.

O tal Chefe parecia despreocupado com qualquer coisa, o olhava com um interesse atípico e com o cigarro entre os lábios era difícil tentar imaginar no que estava pensando. Kankuro poderia deduzir que ele estava na casa dos 40, mas o estresse de liderar e seja lá o que fizesse ali embaixo o fazia parecer ter um pouco mais, o braço esquerdo era repleto de bandagens, no entanto não havia um antebraço e muito menos uma mão.

- Fuma - disse lhe estendendo um cigarro.

- Obrigado, mas eu não fumo.

- Não foi um oferta.

O marionetista pegou o cigarro meio desconfiado, uma falsa sensação de conforto geralmente fazia parte das artimanhas para tortura e aos poucos começava a pensar que tinha sido descoberto. Após uma longa tragada, o Chefe lhe direcionou o próprio cigarro e mesmo demorando alguns segundos, Kankuro entendeu que deveria usar a parte acessa para acender o próprio - indicando que o outro não estava interessado em desperdiçar nem que fosse um mísero palito de fósforo - e assim que viu o cigarro entre seus dedos dar um "sinal de vida", o pôs entre os lábios e deu uma pequena a tragada.

- Depois de um tempo, você vai se acostumar - o Chefe informou com um tom brincalhão enquanto ouvia uma tossida quase que desesperada do outro - ótimo, agora vamos falar o que realmente importa...

Papéis foram jogados em sua direção e por instantes Kankuro preferiu não encara-los, já havia aceitado a derrota, aqueles papéis provavelmente eram os relatórios que tinha enviado para Sai na noite anterior. Seus pulmões puxaram uma outra tragada longa, e dessa vez não tossiu.

- Parece que temos um artista na Organização - o comentário o fez soltar a fumaça com rapidez, havia esperança no fim das contas - isso é um hoby ou já fez algo assim?

Agora mais confiante, o marionetista baixou o olhar tendo uma plena vista de seus rascunhos sobre as próteses... soava uma compulsão por trabalho, mas o desenho e especificamente aquele projeto eram as únicas coisas que ultimamente o faziam se sentir relaxado.

- Já fiz para um amigo meu - comentou com sinceridade, mentir antes de pegar qualquer intimidade com o Chefe soava arriscado - mas não é algo que tenho domínio.

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