Cap 42: Uma marionete minha

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* Horas depois *
• Em algum lugar de Sunagakure •

Kankuro acordou meio desorientado, não conseguia ver as horas mas de alguma forma sabia que deveria estar ligeiramente atrasado, se levantou lentamente evidenciando o quanto seu corpo não parecia disposto a colaborar para acordar a mente, foi caminhando aos poucos em direção a pequena bacia d'água e ao chegar mais perto, usou as mãos para jogar uma pequena quantidade do líquido no rosto. Ao levanta-lo, o marionetista se viu encarando a si mesmo através de um espelho, seu reflexo estreitou as sobrancelhas imerso em confusão e dúvida por não se lembrar de tal objeto, porém logo as desfez imaginando que devido a reforma o espelho poderia ter surgido nesse meio tempo.

No entanto a dúvida voltou a assombra-lo novamente, para estar ali alguém deveria ter entrado em seu quarto na calada da noite e o posto ali, mas teria notado a invasão... havia algo que simplesmente não fazia sentido. Sentiu algo pesar em seu ombro, como uma mão que era apoiada afim de ter a atenção e ao se virar de costas não encontrou ninguém, no entanto ao se encontrar no espelho novamente, tinha algo ali.

Uma "mão" esculpida em madeira pesava em seu ombro enquanto uma outra de alguma forma desafiava as leis da gravidade e escalava seu tórax, Kankuro olhou para baixo na direção em que ela subia e mais uma vez não via nada. A sensação de sufocamento o fez olhar de voltar para o espelho, a mão que escalava agora apertava com força seu pescoço e dois pares de mão escalaram seus braços e tórax, sentia um desespero - e não sabia se era seu ou se emanava delas - semelhante a um afogamento... ou simplesmente perdido. Sentiu as unhas curtas de madeira arranharem sua bochecha e sua pele respondeu com sangue, tentou arranca-las mas seu toque não sentia nada além do vazio.

- Você é idêntico a mim - uma voz o fez encarar por cima de seu ombro através do espelho e lá estava ele...

A figura que nunca mais queria ver, o motivo pelo qual começou a pintar seu rosto, seu pai.

- E eu não falo apenas na aparência - a figura insistiu sorrindo - assim como eu, você anseia por poder, Kankuro. Um marionetista gosta do poder de decidir, essa ânsia pelo controle, de moldar algo a sua própria vontade... mesmo que fuja você sempre vai acabar sendo como eu.

- Cala a boca - pediu desviando o olhar, a voz tremula devido a um orgulho que não lhe deixaria chorar na frente da figura paterna.

- Não adianta negar, filho - o homem disse com firmeza.

Kankuro pode sentir novamente o peso da mão em seu ombro, mas dessa vez possuía calor e ao voltar a encara-lo no espelho podia ve-lo se apoiando em si, quase como um parasita.

- Agora basta saber se você realmente é alguém... ou se na verdade, não passa de uma marionete minha.

A mão apertou seu ombro com força, fincando os dedos na pele e ao invés de causar um ferimento, apenas um som ressou, era parecido com o som de uma rachadura. Do dedo anelar um caminho se abriu, se bifurcando em muitos outros, sua pele rachava como uma madeira recém martelada e das rachaduras não brotava sangue, apenas um vazio de escuridão... Kankuro era oco por dentro.

As rachaduras subiram por seu pescoço e imerso em medo, o marionetista ficou estático nem se quer cogitando o grito, em algum momento fechou seus olhos com força imaginando que pudesse voltar para a realidade mas ao abri-los se deu conta de que a rachadura havia feito com que uma parte de sua pele cedesse. Agora ao se olhar no espelho uma parte de seu rosto não era feita de músculos e ossos, mas sim de madeira em uma versão marionetica e macabra de si.

Um outro barulho lhe fez sair do transe de encarar a si mesmo em criatura, o espelho havia estralado. Emitia sons quase como ondas falantes, de alguma forma, aquilo chamou sua atenção e trouxe seu rosto mais pra perto e em um som mais potente e perigoso, apenas teve tempo de fechar os olhos diante da explosão em vidraça que atacava seu corpo.

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