Felipe
Caminho até a porta de Sofia e vejo Patrícia brincando com ela.
— Atrapalho?
— Não — ela diz.
— Tio você pode me levar no parque ?
— Sua mãe vai deixar ?
— Era pra ela me levar, mas acho que ela esqueceu de novo.
— A sua mãe tá aqui ?
— Ela tá dormindo. — diz Patrícia.
— Manuela não é de dormir até essas horas.
De repente algo vem em minha mente, não seria possível.
— Droga!
Felipe sai do quarto apresado até o quarto de sua irmã.
— Aconteceu alguma coisa? — Patrícia pergunta, mas ele não a ouve.
— Manuela abre essa porta. — falo batendo forte.
Bato mais algumas vezes e nada.
— Oque aconteceu ? — pergunta Patrícia.
— Cadê a sofia ?
— Ela desceu e foi ficar com a sua mãe, oque tá acontecendo?
— Manuela. — Bato mais forte e nada.
— Vai me dizer oque está acontecendo?
Me afasto da porta para arrombar e quando eu ia dar o primeiro passo a porta se abre.
— Manuela ? — pergunto a vendo embrulhada em um coberto ao lado da porta.
— Sim eu.
— Oquê tá acontecendo com você. — pergunto invadindo seu quarto. Patrícia entra logo atrás.
— Nada — ela responde.
— Eu te chamei umas mil vezes e você não abriu a porta.
— Eu tava com sono pesado.
— Sono pesado ? — pergunto olhando para cada lado do quarto.
— É
— Você ficou de levar a Sofia no parque.
— Ah...eu...eu me esqueci.
— Se esqueceu ?
— É, eu me esqueci Felipe, não posso?
— Você se esqueceu também de buscar ela na escola outro dia.
— Acontece.
— Olha pra mim Manuela. — peço e ela me encara. — Você voltou a tomar calmante ? — pergunto com medo da resposta.
— Do que tá falando? — ela pergunta se sentando.
— Acho melhor deixar vocês a sós — diz Patricia.
— Manu eu sou seu irmão e eu te amo. Não quero descobrir que você voltou a tomar essas coisas.
— Eu sou a sua irmã mais velha Felipe, não diga bobagem.
— Me diz que não voltou a tomar essas coisas.
— E se eu voltei ?
— Você tem uma filha linda, que precisa de você.
— Acabou ? — ela pergunta se levantando e indo até a porta.
— Ainda não, mas teremos tempo para conversar sobre isso.
Saio do quarto e vou até o meu antigo quarto.
Ao entrar eu pego a primeira coisa que vejo e jogo no chão.
— Felipe, tá tudo bem? — pergunta Patrícia ao entrar e recolher o porta canetas que eu havia jogado no chão.
— Dá pra me deixar sozinho ? — falo bravo e ela me olha seriamente.
— Eu só queria...
— Droga!
Diz Felipe chutando a estante e novamente repete às palavras.
— Droga!
— Calma tá tudo bem, não tá ? — Patricia diz se aproxima perto dele.
— Não, não tá — passo a mão entre os fios do meu cabelo e me sento na cama.
Sinto meus olhos encherem de lágrimas. E sem ao menos ter tempo para contém, elas rolam em meu rosto.Patrícia se aproxima e se senta ao lado dele.
Patrícia
Ele passa a mão em seu rosto como se estivesse com vergonha de eu vê - ló nessa situação.
— Não precisa ter vergonha, eu não vou julgar a sua masculinidade por conta de um choro.
Ele ergue a cabeça e me olha.
— Tenho certeza que ela voltou a tomar calmante. — ao terminar sua fala vejo seus olhos encherem novamento de lágrimas.
— Quer me contar sobre essa história? — pergunto.
— Depois da morte do meu cunhado, a Manuela entrou em depressão, ela não tinha muito tempo para a Sofia.
Ela dizia que a menina lembrava o falecido. E isso é verdade, ela começou a tomar calmante, e ela começou a aumentar a dose. Um dia eu ia sair com o Vitor, mas esqueci a minha carteira em casa, então eu voltei, isso foi em Londres. Eu não conseguia achar, então...— mais lágrimas rolam pelo rosto de Felipe, ele se levanta e fica andando de um lado para o outro — Fui ao quarto dela. Foi quando eu vi ela...ela tendo uma overdose.Felipe cai no choro novamente, Patrícia
se levanta e vai até ele.— Não precisa continuar se não quiser. — falo segurando em seu rosto.
— Posso te abraçar ? — ele Pergunta e acho que a primeira vez que o vejo em um estado tão invulnerável, aquele dia da briga dele com o pai, não chegou ao ponto de eu vê - lo em um estado tão ruim quanto agora.
Fiz que sim com a cabeça e ele me abraça.
Senti ele dar um suspiro enquanto encostava a cabeça na minha.
O cheiro de seu perfume invadia minha narinas.E ficamos assim por uns longos segundos.
Até ele se afastar, vejo ele passar a mão em seu rosto.
— Obrigado.
— Não tem de quê.
Ele me encara por alguns segundos até sermos interrompido por Sofia.
— Tio nós vamos ao parque?
— Hã...claro.
— Você também vem ? — ela pergunta me olhando.
— Claro — respondi sem ao menos pensar. Por quê eu fiz isso?
— Então vamos.
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A peça que faltava no meu quebra- cabeça.
RomancePatricia e Felipe se conhecem desde crianças pois seus pais eram melhores amigos, mas os pais de Felipe decidiram trabalhar fora do país, e com isso o contato entre eles acabaram se encerrando. Hoje em dia Patrícia mora em Londres assim como Felipe...