Posso te abraçar? 🤗Cap 27

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Felipe

Caminho até a porta de Sofia e vejo Patrícia brincando com ela.

— Atrapalho?

— Não — ela diz.

— Tio você pode me levar no parque ?

— Sua mãe vai deixar ?

— Era pra ela me levar, mas acho que ela esqueceu de novo.

— A sua mãe tá aqui ?

— Ela tá dormindo. — diz Patrícia.

— Manuela não é de dormir até essas horas.

De repente algo vem em minha mente, não seria possível.

— Droga!

Felipe sai do quarto apresado até o quarto de sua irmã.

— Aconteceu alguma coisa? — Patrícia pergunta, mas ele não a ouve.

— Manuela abre essa porta. — falo batendo forte.

Bato mais algumas vezes e nada.

— Oque aconteceu ? — pergunta Patrícia.

— Cadê a sofia ?

— Ela desceu e foi ficar com a sua mãe, oque tá acontecendo?

Manuela. — Bato mais forte e nada.

— Vai me dizer oque está acontecendo?

Me afasto da porta para arrombar e quando eu ia dar o primeiro passo a porta se abre.

— Manuela ? — pergunto a vendo embrulhada em um coberto ao lado da porta.

— Sim eu.

— Oquê tá acontecendo com você. — pergunto invadindo seu quarto. Patrícia entra logo atrás.

— Nada — ela responde.

— Eu te chamei umas mil vezes e você não abriu a porta.

— Eu tava com sono pesado.

— Sono pesado ? — pergunto olhando para cada lado do quarto.

— É

— Você ficou de levar a Sofia no parque.

— Ah...eu...eu me esqueci.

— Se esqueceu ?

— É, eu me esqueci Felipe, não posso?

— Você se esqueceu também de buscar ela na escola outro dia.

— Acontece.

— Olha pra mim Manuela.  — peço e ela me encara. — Você voltou a tomar calmante ? — pergunto com medo da resposta.

— Do que tá falando? — ela pergunta se sentando.

— Acho melhor deixar vocês a sós — diz Patricia.

— Manu eu sou seu irmão e eu te amo. Não quero descobrir que você voltou a tomar essas coisas.

— Eu sou a sua irmã mais velha Felipe, não diga bobagem.

— Me diz que não voltou a tomar essas coisas.

— E se eu voltei ?

— Você tem uma filha linda, que precisa de você.

— Acabou ? — ela pergunta se levantando e indo até a porta.

— Ainda não, mas teremos tempo para conversar sobre isso.

Saio do quarto e vou até o meu antigo quarto.

Ao entrar eu pego a primeira coisa que vejo e jogo no chão.

— Felipe, tá tudo bem? — pergunta Patrícia ao entrar e recolher o porta canetas que eu havia jogado no chão.

— Dá pra me deixar sozinho ? — falo bravo e ela me olha seriamente.

— Eu só queria...

Droga!

Diz Felipe chutando a estante e novamente repete às palavras.

Droga!

— Calma tá tudo bem, não tá ? — Patricia diz se aproxima perto dele.

— Não, não tá — passo a mão entre os fios do meu cabelo e me sento na cama.
Sinto meus olhos encherem de lágrimas. E sem ao menos ter tempo para contém, elas rolam em meu rosto.

Patrícia se aproxima e se senta ao lado dele.

Patrícia

Ele passa a mão em seu rosto como se estivesse com vergonha de eu vê - ló nessa situação.

— Não precisa ter vergonha, eu não vou  julgar a sua masculinidade por conta de um choro.

Ele ergue a cabeça e me olha.

— Tenho certeza que ela voltou a tomar calmante. — ao terminar sua fala vejo seus olhos encherem novamento de lágrimas.

— Quer me contar sobre essa história? — pergunto.

— Depois da morte do meu cunhado, a Manuela entrou em depressão, ela não tinha muito tempo para a Sofia.
Ela dizia que a menina lembrava o falecido. E isso é verdade, ela começou a tomar calmante, e ela começou a aumentar a dose. Um dia eu ia sair com o Vitor, mas esqueci a minha carteira em casa, então eu voltei, isso foi em Londres. Eu não conseguia achar, então...— mais lágrimas rolam pelo rosto de Felipe, ele se levanta e fica andando de um lado para o outro — Fui ao quarto dela. Foi quando eu vi ela...ela tendo uma overdose.

Felipe cai no choro novamente, Patrícia
se levanta e vai até ele.

— Não precisa continuar se não quiser. — falo segurando em seu rosto.

— Posso te  abraçar ? — ele Pergunta e acho que a primeira vez que o vejo em um estado tão invulnerável, aquele dia da briga dele com o pai, não chegou ao ponto de eu vê - lo em um estado tão ruim quanto agora.

Fiz que sim com a cabeça e ele me abraça.
Senti ele dar um suspiro enquanto encostava a cabeça na minha.
O cheiro de seu perfume invadia minha  narinas.

E ficamos assim por uns longos segundos.

Até ele se afastar, vejo ele passar a mão em seu rosto.

— Obrigado.

— Não tem de quê.

Ele me encara por alguns segundos até sermos interrompido por Sofia.

— Tio nós vamos ao parque?

— Hã...claro.

— Você também vem ? — ela pergunta me olhando.

— Claro — respondi sem ao menos pensar. Por quê eu fiz isso?

Então vamos.

A peça que faltava  no meu quebra- cabeça.Onde histórias criam vida. Descubra agora