Bônus

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Felipe

Em silêncio almoçamos, mas sei que assim como em minha mente, na sua há várias perguntas, várias demonstração de amor que gostaria de fazer ou falar, mas não fala, pois a razão fala mais alto que o coração.

— Tem sorvete na geladeira.  Eu pensei que poderíamos tomar depois do almoço.

Patrícia olha no relógio do pulso e volta sua atenção para mim.

— Eu não sei...

— Deveria tirar o dia de folga hoje. — aconselhei.

— Não posso. Tenho que me manter ocupada para...

— Não pensar em mim...em nós?

— Também. — diz.

— Certo. Mas se fizer isso...significa que não vai pensar na nossa situação.

Ela larga os talheres ao lado do prato, morde os lábios e continua em silêncio parecendo pensar em algo.

— Você não pretende voltar comigo, não é? — minha voz sai embargada por conta do nó que sinto se formar em minha garganta.

— Felipe...

— Seja sincera comigo.  — peço.

— Eu...eu só não quero pensar nisso agora. — suspira. — Eu preciso de um tempo, Felipe. Entende? Preciso respirar, não pensar em você ou em nós por alguns dias, mesmo isso parecendo impossível.

Solto um suspiro me sentindo menos angustiado.

— Certeza?

— Isso é difícil pra mim.

— Eu sei. Eu tô com medo. — confessei. — Queria poder te contar sobre tudo isso. Queria que você pudesse me ouvir.

— Quem vai me ouvir, Felipe? — pergunta.

— Eu tô aqui. — falo. — Pode me contar tudo.

— Eu realmente preciso de um tempo. 

— Tudo bem. — falo. — Eu tenho que mandar umas plantas para o engenheiro. Fica a vontade, qualquer quer coisa eu tô lá em cima.

Me levanto colocando meu prato com os talheres na pia para mim lavar mais tarde.

Saio da cozinha sem olhar para ela, mesmo sentindo seus olhos me acompanharem.

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Mando algumas plantas para o engenheiro e ele logo me responde dizendo o quanto gostou e o quanto vai ser um trabalho difícil, mas bom.

Dou uma olhada em minhas redes sociais e vejo que já estão sabendo do meu noivado com Patrícia.
Só não sabem do nosso tempo.

Quando coloco o celular sobre a mesa e descanso minha cabeça na cabeceira da cadeira ele toca:

— Oi, Manu. — atendo vendo ser minha irmã.

— Oi, como você está? — pergunta preocupada estilo irmã mais velha.

— Eu não sei. — confessei. — Tá tudo uma bola de neve. Eu me tornei noivo, e no mesmo dia pai de uma criança cujo eu não amo a mãe e nem sei se é realmente meu filho. A mulher que eu amo mal olha pra minha cara. — suspiro frustrado.

— Sobre a Amanda...

— O que tem? Descobriu alguma coisa?

— Ah não! Ela só me fez algumas perguntas.

— Que perguntas?

— Sobre você e a Patrícia.

— Que tipo de perguntas, Manu?

A peça que faltava  no meu quebra- cabeça.Onde histórias criam vida. Descubra agora