Eu e Luca chegamos na vinícola às 21h30. Ele me trouxe até a porta de casa, dizendo que já que eu me sentia melhor ele ia dar uma volta, espairecer. Subiu na moto e sumiu na escuridão. Vi que minha casa estava vazia, enquanto a casa da minha sogra estava toda acesa e lá se escutavam vozes animadas. Meu filho com certeza estava na casa da avó.
Ao longe eu via a cave, os turistas e o Filipe finalizando mais um tour. Assim que todos fossem embora eu poderia contar pra ele sobre o bebê. Pensei em quantas vezes fizemos amor ali, entre os vinhos, era um lugar íntimo e único para nós. Depois me senti ingênua em querer tornar aquele momento especial sendo que estávamos separados e eu não sabia como ele receberia aquela notícia.
Deixei minha bolsa na sala de casa e fiquei observando da varanda até todos se acomodarem nos carros que os levariam de volta para o centro. Desci devagar no caminho de pedras que dava na cave. A vinícola estava linda, iluminada e por um momento eu tive um fio de esperança de que eu e Filipe nos entenderíamos naquela noite.
A porta estava entreaberta. Vi de relance o Filipe sentado na mesa de trabalho e uma mulher, era a Clara. Gelei, lágrimas começaram a correr pelo meu rosto. Ela estava em pé, fazia massagem nos ombros e no pescoço do Filipe.
- Nossa, mas ela deixou tudo e foi sabe Deus pra onde? O Arthur ficou aí o dia inteiro de um lado pro outro, tadinho. Que mãe faz isso? - Beijou o Filipe no rosto e o abraçou por trás, colando o rosto no dele. A raiva me consumiu.
- NÃO TOCA NO NOME DO MEU FILHO. ESTÁ OUVINDO? O QUE VOCÊ SABE SOBRE SER MÃE OU SOBRE A MINHA VIDA? - Eu gritei. Parecia que eu ia explodir.
- Madah! - Filipe se assustou com a minha presença.
- Ah Madah! Sei que você é uma fútil, que só pensa em exibir a família perfeita que não existe. - Ela debochou.
- Clara, vai embora por favor. Eu preciso falar com a minha mulher. Você só está complicando as coisas. - Filipe se manifestou. Ela me olhou com raiva.
- Não precisa ir embora, terminem a massagem. AHHH e se você queria o Filipe...Está aí! Todinho pra você. FAÇA BOM PROVEITO! - Virei as costas e subi na direção de casa.
- Amor vem aqui, vamos conversar... - Filipe saiu correndo atrás de mim e me abraçou por trás.
- Me solta Filipe. ME SOLTA! - Fiquei me debatendo entre os braços dele. - Volta pra lá, estava boa a massagem, não estava? - Ele me soltou e fui correndo até em casa. Entrei e me tranquei no quarto antes que ele pudesse me alcançar de novo.
- Madah, vamos conversar. Você foi até lá por um motivo não, é? Me fala o que tá acontecendo. - Ele bateu na porta e falou baixinho.
- Me deixe em paz Filipe. Vai ficar com a Clara. - Eu choraminhei.
- Ma, não é o que você tá pensando, Bah! - Ele parecia desanimado.
- Eu não quero mais pensar em nada Filipe.
Coloquei meu pijama e deitei. Fiquei esperando ele sair para que eu pudesse tomar um banho, mas ele continuava na porta.
- Ainda tá aí? Madah? Madah? Amor, abre.
- Não vou abrir. Tô cansada!
- Eu te amo. - Ele se declarou do outro lado da porta.
- Eu também amo Filipe, muito. Você sabe disso, mas depois de tudo o que aconteceu. Não só pela traição...
- Eu não te traí. - Ele falou irritado, mas infelizmente eu não acreditava mais, depois daquela cena. Eu continuei desabafando.
- Mas por você ter desistido de nós tão facilmente, da sua frieza comigo o tempo todo, essa sua briga sem sentido com o Luca e também... - Fiquei tentando ter coragem para falar. Escorei o rosto na porta. Pela primeira vez eu ia escolher a mim e não a ele.
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TEMPO, TEMPO, TEMPO
RomanceAté quando vale a pena lutar por um amor? O quanto vale a pena deixar os sonhos de lado por um casamento? Por um homem? O quanto se pode errar e voltar atrás? O quanto o amor é capaz de perdoar? O quanto os erros nos fazem perfeitos? O quanto os e...