Fiquei lembrando do último final de semana. O Filipe deixou nas minhas mãos decidir o que faríamos sobre nós, mas eu não consegui dar uma resposta imediata. Encerramos o assunto quando chegou hora de buscar o Art no colégio.
Depois curtimos São Paulo todo o tempo, sem pensar muito no futuro. Levamos o Arthur no Ibirapuera, no shopping, no Parque da Mônica.
A parte difícil era esconder do nosso filho o novo status, ainda indefinido, da nossa relação. Simplesmente não conseguíamos parar de agir como um casal, nem por um minuto. Quando eu tentava, o Filipe fingia estar magoado e implicava comigo me roubando um beijo na boca e insistindo para que eu desse a mão para ele na rua. O Art ria de nós, sapeca. Estava gostando de nos ver juntos e nos abraçando sem motivos.
Era nítido o quanto o guri estava feliz nas duas últimas semanas. Era outra criança, mais alegre, seguro e espontâneo. Ele ia fazer 7 anos em poucos dias e se eu tinha um desejo para o aniversário do meu filho, era esse. Estava realizado.
- Tô programando uma festa pra ele no fim de semana que vem. - Ele me contou depois que colocamos o guri pra dormir no domingo à noite.
- A gente não falou sobre isso, né? Eu ia fazer um bolinho simples aqui e pensei em levar ele pra passear. Eu posso fazer na sexta, no dia do aniversário e você leva ele pra Bento Gonçalves no sábado. Não tem problema.
- Ei. - Ele colocou uma mecha de cabelo que insistia em cair atrás da minha orelha e acariciou meu rosto com o dedo. - Eu quero que você vá! Eu ia fazer por ele, mas se você for eu tenho mais um motivo.
- Não sei se é uma boa ideia, Filipe. Sua família vai estar. Eu tive aquela briga com a Giovanna. - Eu disse pensativa.
- Eles vão estar, mas você é a mãe do Art. Ninguém vai implicar com você, eu prometo. Eu venho buscar vocês de carro na sexta de manhã.
- Eu vou pensar.
- Ah não. Você só tem direito a pensar sobre um tópico. - Ele riu. - Sobre o aniversário do Art não aceito "não" como resposta. - Eu sorri concordando.
- Ta bem. Ta bem. Vou me preparar psicologicamente. - Eu revirei os olhos.
- E falar em pensar, já pensou?
- Não tem o que pensar. - Eu choraminguei. - Tem muita coisa envolvida. Não podemos só voltar de onde paramos.
- Então você quer assinar os papéis? - Ele perguntou desanimado.
- Não é isso.
- Então me diz o que você quer.
- Eu quero você perto de mim, quero o Art, a minha filha, ter uma carreira. Por que é tão difícil conciliar tudo?
- Então vou rasgar aqueles papéis e a gente vê no que dá. Assim, do nosso jeitinho, está tão bom. Não precisamos pensar muito. Só namora comigo de novo vai... A gente se fala todo dia, eu venho aos fins de semana, a gente faz um amor gostosinho. Aos poucos tudo se ajeita. Fica tranquila, um dia de cada vez. - Eu fiquei boba com o jeito dele. - Eu não vou deixar a distância atrapalhar. Não vou perder o amor da minha vida pro Luca.
- Filipe! - Eu chamei atenção dele e ele deu de ombros, não se importando muito com o que tinha acabado de dizer.
- To falando a verdade. Se tu disser que me ama, eu vou fazer dar certo, independente de qualquer coisa. Agora se você pedir pra eu me afastar e que a tua escolha é ele, eu tenho que aceitar.
Me aproximei dele. Estava recostado na bancada da cozinha. Mordi seu lábio inferior e me afastei. Eu tinha um sorriso safado no rosto. Ri da sua insegurança. Mal sabia ele que eu nunca tive dúvidas.
- Você fala um monte de bobagens. - Eu brinquei.
- Isso é um sim? - Ele tentou me puxar pra perto, enquanto eu fazia charme. - Vem cá, vou te ajudar a decidir.
Me puxou para o seu abraço e minha resposta estava dada. Eu estava disposta a tudo para ficar com ele.
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TEMPO, TEMPO, TEMPO
RomanceAté quando vale a pena lutar por um amor? O quanto vale a pena deixar os sonhos de lado por um casamento? Por um homem? O quanto se pode errar e voltar atrás? O quanto o amor é capaz de perdoar? O quanto os erros nos fazem perfeitos? O quanto os e...