Eu já tinha tirado absolutamente todas as peças do meu guarda-roupa, mas não ficava satisfeita. O Filipe estava sentado na poltrona do quarto, me esperando pacientemente.
- Eu não vou mais. - Eu disse esgotada.
- Vamos sim, Madah. É importante pra você, não é?
- Claro que sim, mas agora tu tá me incentivando a ir? - Eu arqueei as sobrancelhas.
- Se é importante pra você, não iria implicar. - Olhei pra ele com ar debochado, enquanto tirava mais um vestido. Tudo o que ele fez até agora foi implicar. Sentei na cama cansada. Suspirei. - Não vai deixar de ir por causa de uma roupa, né? Tu fica linda de qualquer jeito!
- Eu vou chorar! - Ao mesmo tempo que eu ficava feliz com o elogio, eu não conseguia me sentir bem.
- Amor, coloca aquele de bolinha, laranja. - Ele sugeriu. - O primeiro.
- Mas tá frio! - Eu reclamei.
- Eu te esquento, mulher... - Eu revirei os olhos. - E leva um casaco quentinho.
- Você acha?
- Tenho certeza. Estava linda! Só vamos, vai. - Ele pediu.
- Ta bom. - Eu finalmente me convenci e consegui entrar no vestido midi de alcinha (laranja com bolinhas brancas), uma jaqueta jeans com pelinho por dentro e um tênis branco, porque uma grávida de 8 meses não teria a menor condição de colocar um salto.
- Pronto. O que acham? - Perguntei pro Filipe e pro Art e pra babá, que nos esperavam na sala.
- Tá linda, mamãe! - Art concluiu enquanto o Filipe sorria, fazendo sua melhor expressão de "ta vendo?"
Durante todo o percurso eu fui dando recomendações enquanto ele dirigia, afinal o que eu menos precisava era uma de uma cena. Se ele quis me acompanhar, tudo bem, mas sem brigas. Era minha exigência! Afinal era uma noite especial para o Luca e pra mim também.
Tinha uma fila na porta, mas o Luca logo nos puxou pra dentro. Os dois se cumprimentaram com um aceno de cabeça e o Luca me deu um abraço forte. Ele parecia muito feliz. O Filipe ficou só de bico, observando. A sorte é que o Luca não poderia nos dedicar atenção exclusiva e logo foi chamado para resolver algum problema relacionado à bebida.
Era um bar rústico, dedicado aos mais variados sabores de cerveja. Nas varanda adjacentes tinha sinuca, dardo e mais alguns jogos. No som rolava um rock familiar, talvez Artic Monkeys.
"I bet that you look good on the dance floor
I don't know if you're looking for romance or
I don't know what you're looking for
I said, I bet that you look good on the dance floor
Dancing to electro-pop like a robot from 1984
Well, from 1984"- Amigaaa! Você veio. - A Bruna cruzou a pista gritando e dançando, com os braços abertos pra mim. Ela estava com algumas amigas.
- Óbvio que sim! - Eu gritei e o Filipe riu. Nem parecia que há 30 minutos atrás eu estava quase chorando por não conseguir uma roupa que me agradace.
- Lembra do Filipe? - Tinha algum tempo que não se viam. Claro que se lembravam um do outro, mas perguntei pra quebrar o gelo entre eles.
- Lembro. Oi Filipe, tudo bem? Acho que nossos últimos encontros não foram muito agradáveis, mas está tudo no passado por mim. - Nossa como a Bruna era direta. Eu demoraria uns vinte dias para esclarecer uma situação como aquela. Lembrei da bebê e da minha falta de coragem de contar para o Filipe.
- Encontro desagradável? Nem me lembro! - Ele riu.
Por fim sentamos em uma mesa lateral perto do jogo de dardos. Era a mesa do Luca. Cumprimentamos alguns amigos dele de São Paulo, outros amigos da Bruna... O Luca se aproximou de nós. Parecia animado. Sentou ao lado do Filipe, mas ficou na dele, tomando uma cerveja.
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TEMPO, TEMPO, TEMPO
RomansaAté quando vale a pena lutar por um amor? O quanto vale a pena deixar os sonhos de lado por um casamento? Por um homem? O quanto se pode errar e voltar atrás? O quanto o amor é capaz de perdoar? O quanto os erros nos fazem perfeitos? O quanto os e...