SERÁ QUE UM DIA TEREMOS PAZ?

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Fred e Toni. Era tempo de celebrar o 1º ano de vida deles. O dia conturbado que vivemos há um ano atrás era só uma lembrança distante: os dois prematuros, lutando pela vida em uma UTI. Brigas no hospital. Eu me aproximando do Luca, mas me distanciando do Filipe, dos Bellini e de Bento Gonçalves.

O Luca não estava mais entre nós, só que tínhamos a vida daqueles dois meninos para agradecer. Eles eram o nosso milagre e eu estava muito feliz em compartilhar aquele momento com a Giovanna. Felizmente conseguimos recuperar a amizade gostosa e verdadeira que tínhamos antes.

Acomodei a Bella no carrinho. Eu tinha vestido ela com um conjunto rosa e branco e uma tiara com laço combinando. Ela tinha os olhos azuis fixos em mim. Era o bebê mais lindo do mundo. Fiquei olhando pra minha filha, encantada. O Arthur desceu do carro e ficou fazendo caretas para ela rir. Já o Filipe demorou uma eternidade para descer. Devia ser por causa da nossa conversa constrangedora.

- Vamos? A Gi disse que tem uma surpresa pro Art. Até eu tô curiosa. - Eu abri novamente a porta da frente do carro e tentei aliviar o clima entre nós. Ele não disse nada, só recolheu a carteira, o celular e desceu.

- Surpresa pra mim, mamãe? - O Art perguntou me dando a mão. O Filipe assumiu o carrinho.

- Sim. A tia Gi que falou. - Eu respondi.

Quando ele viu os balões vermelhos e azuis e o homem aranha na porta da festa ficou eufórico. Correu para os braços do personagem. Com certeza essa era a surpresa, a Gi fez a festa do homem aranha para se redimir por não ter ido no aniversário do Art.

- Ela enganou a gente direitinho com aquele convite de balões e urso. - Eu concluí rindo. O Filipe continuou calado, mas tinha um sorriso no rosto.

- E aí? Gostaram? - A Gi veio nos encontrar na porta com um dos gêmeos no braço. O Mateus do lado segurando o outro.

Confesso que eu ainda não conseguia identificar quem era quem. O Matteo veio correndo de longe pra abraçar o Art e os dois foram juntos ver a mesa do bolo. Eu abracei a Gi em agradecimento.

- Você nem imagina o quanto! - Eu estava emocionada. Limpei disfarçadamente uma lágrima. - O Art então, nem se fala.

O salão já estava cheio. Crianças correndo pra todo lado, garçons com comidinhas passando entre as mesas. Sentamos em um lugar mais distante por causa do barulho. Logo depois a Bruna chegou para nós fazer companhia.

- Madahh, que saudade! - Ela me abraçou. Estava com um rapaz alto, forte. Eu olhei pra ela com uma expressão divertida, como se pedisse uma explicação.

- Madah. Filipe. Esse aqui é o Thiago, meu namorado. - Eu arregalei os olhos. Como ela não me contou isso? Fiquei sem palavras, com um sorriso bobo no rosto.

- Oi Thiago! Prazer, Madalena. - Dei dois beijinhos nele e olhei pra ela incrédula. Ela riu pedindo pra eu disfarçar e piorou, porque aí que não consegui disfarçar a surpresa. Eu estava feliz por ela. - Esse é o Filipe, meu... - Eu fiquei confusa sobre o que responder. - Ele é o pai dos meus filhos. - O Filipe me lançou um olhar desaprovador. O que ele queria que eu falasse? O Thiago provavelmente não entendeu nada. Continuei o assunto. - Nós temos dois, a Isabella... - Apontei pra bebê que balançava as perninhas freneticamente no carrinho. - E o Arthur que está correndo por aí. Sentem aqui com a gente. Fica à vontade.

- Prazer, Thiago! Quer beber alguma coisa? Eu vou buscar na copa, mandei umas garrafas de vinho pra cá, mas deve ter cerveja também. - Filipe quis ser simpático.

- Cerveja, por favor. - Thiago respondeu.

- E você dona Bruna? Me acompanha no vinho? - Ele parecia estar mais leve.

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