Eu tentei ligar pro Luca mais de duzentas vezes enquanto dirigia para o hospital, sem exagero. Como um peão que está com uma filha pra nascer, some desse jeito? Eu não conseguia acreditar, mas como meu foco era chegar o mais rápido possível na emergência, desisti e deixei um recado.
- Amor, como está? - Ela se contorcia de dor do meu lado.
- Filipe, anda mais rápido. Eu tô assustada, ela não pode nascer no carro. Tá muito cedo. - Ela chorava de dor, mas o hospital escolhido por ela era muito longe de onde estávamos. Confesso que errei o caminho, pelo nervosismo e por não conhecer São Paulo muito bem e há 30 minutos o trânsito não andava na marginal tietê. - Eu já estava sentindo algumas contrações, desde que saí de casa, mas eu achei que fossem aquelas contrações de treinamento. Tá muito cedo, tá muito cedo. - Ela repetia descontroladamente.
- Madalena, pelo amor de Deus, por que tu não falou? A gente nem deveria ter ido pro bar. - Eu perguntei, num ato de desespero. No mesmo segundo me arrependi, não era hora. - Desculpa, amor, não importa agora, tá bom? Se acalma e respira fundo.
Mais 30 minutos e só conseguimos andar uns 100 metros. Eu estava gritando com os motoristas do lado de fora do carro, pedindo desesperadamente que nos deixassem passar. Alguns até cederam espaço, mas em certo momento o tráfego parou de vez.
- Filipe, eu to sentindo a cabeça dela... - Eu não conseguia respirar, parecia que todo o meu sangue tinha se esvaído do corpo.
- Você vai ter que fazer força, Madah! - Ela quase não conseguia falar.
- Ela vai morrer Filipe!
- Não vai. Nunca mais repete isso! Tá ouvindo? Você confia em mim?
- Uhum. - Ela assentiu com a cabeça.
- Vem cá, vou te ajudar a tirar essa roupa debaixo e ela vai nascer aqui, ok? Não tem outro jeito! - Afastei o banco da frente o mais para trás que consegui. Realmente não tinha como prosseguir, nem que nos deixassem passar, a cabeça da bebê já estava metade para fora.
- Segura minha mão e faz força quando sentir que deve!
Ela não disse mais nada, só seguiu minhas instruções, urrando de dor. Em mais duas contrações os gritos pararam, foram substituídos por um choro bem forte.
- Seja bem-vinda ao mundo, Isabella. - Eu disse emocionado, enquanto colocava a bebê no colo dela. Estávamos cobertos de sangue, mas ela sorria.
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TEMPO, TEMPO, TEMPO
RomanceAté quando vale a pena lutar por um amor? O quanto vale a pena deixar os sonhos de lado por um casamento? Por um homem? O quanto se pode errar e voltar atrás? O quanto o amor é capaz de perdoar? O quanto os erros nos fazem perfeitos? O quanto os e...