ÚNICO ERRO PELO QUAL PRECISO DE PERDÃO

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A casa nova parecia vazia. Fiquei andando de um lado pro outro procurando meus filhos, mas eu só escutava o choro da Bella ao longe e o Arthur me chamando. Cinzas começaram a cair das paredes. Fui em direção ao som deles, parecia um pedido de socorro, estavam do lado de fora. De repente tropecei e caí. Eu tentava levantar, mas alguma força estranha não deixava eu me erguer, puxava meus pés.

Acordei, a cama ensopada de suor. Ainda era madrugada e a Isabella tinha acordado para mais uma mamada. Por isso eu estava ouvindo o choro, mas era no meu sonho. Acordei o Filipe que dormia ao meu lado. A Bella ia fazer 40 dias dali dois dias, mas eu não consegui deixar ele de fora da minha vida, enquanto eu colocava minha cabeça no lugar, como eu planejava.

Ele insistia em ficar, mesmo com todos os empecilhos e dificuldades que coloquei. Ele ficou grudado em mim e isso me assustava, porque a partir do momento que ele descobrisse, tudo ia mudar. Seria a única coisa que ele não conseguiria perdoar. Enquanto esse era o único erro pelo qual eu precisava de perdão.

- Filipe. - Eu acordei ele, estava assustada. - Dá uma olhadinha no Art?

- Jura, meu amor? - Ele disse sonolento.

- Juro, eu tive um sonho ruim. - Eu falei preocupada.

- Foi só um pesadelo. Tá tudo bem, fica tranquila.

- Por favor, amor. Aproveita que já acordamos por causa da Bella.

- Tá bom. - Ele levantou se arrastando, mas logo retornou. O Art estava bem e pegamos no sono mais uma vez.

O Filipe acordou antes de mim pra ajudar na colheita. A cama vazia trazia lembranças de um ano atrás, mas agora tudo era diferente. Ele nunca mais ficou até de madrugada na cave. Ele estava inseguro com o relacionamento e eu segura, entregando pra Deus e pro universo nosso destino juntos. Eu queria viver o nosso amor, plenamente, mas não mais dependia dele pra viver.

Levantei com a Bella chorando, eram 7h. O Arthur também entrou no quarto correndo.

- Mamãe, mamãe! Vamos na piscina! Você prometeu. - Ele pediu eufórico.

- Tudo bem, vamos! Mas a tarde temos que fazer as tarefas do colégio, tá bom? - Com o nascimento da irmã e nossa mudança temporária, eu havia pedido que a escola enviasse as tarefas e ele terminaria o ano letivo em casa.

Sunga e boias pro Art, fraldinha pra Bella e fomos pra beira da piscina. Eu fiquei com a bebê na espreguiçadeira e ele brincando na parte rasa da piscina. Me distraí trocando a bebê quando de repente meu afilhado pula direto na piscina, respingando água em mim e na Bella. Ouço a risada da Giovanna, sorri também vendo a felicidade dos dois. Eles estavam mais próximos agora, porque eu deixava o Arthur brincar na casa da minha sogra.

- Matteo, você veio brincar comigo. Obaaa! - O Art comemorou feliz.

- Adoro ver esses guris assim, juntos! - A Giovanna se aproximou e me virei pra ela desconfiada. - Daqui a pouco vamos ter cinco brincando nessa piscina. Haja guri pra proteger a Bella. - Tirei o óculos de sol para olhar pra ela. Realmente estava muito disposta a puxar assunto.

- Sim. Passa tão rápido. Parece que foi ontem que eu descobri que ela crescia dentro de mim e agora está aqui. - Eu sequei a bebê com a toalha e a acomodei no meu seio. Ela tinha os olhinhos fixos em mim.

- Ela é tão linda, ainda não tinha visto assim de perto. Eu fiquei sem graça de aparecer depois de tudo. - Ela olhou a Isabella com atenção. - Bah! Ela é igualzinha ao Filipe. - Eu fiquei sem jeito, sorri, agradeci e mudei de assunto.

- E os gêmeos? Nunca mais eu vi os dois, desde aquele dia no hospital.

- Estão ótimos. Eu só não trouxe porque são dois né?!m Imagina a função que vira uma piscina com dois bebês de 8 meses. - Eu ri, não conseguia imaginar. Era difícil dar conta de duas crianças de idades totalmente diferentes. - Mas eu vim pra falar com você, queria tranquilidade.

TEMPO, TEMPO, TEMPOOnde histórias criam vida. Descubra agora