Atendi. Fiquei em silêncio. Não sabia o que esperar, afinal em todas as minhas idas a Bento Gonçalves não fui bem recebida por ela. Trocávamos uma ou duas palavras quando nos encontrávamos por causa do Art. Tentei, mas ela estava sempre seca, ocupada. Os gêmeos? Só vi quando nasceram, no hospital. E o Matteo, às vezes, me dava um tchau tímido de longe. Quem nos visse não diria que éramos melhores amigas desde meninas.
"Madalena?"
"Oi."
"Olha, o Filipe chegou aqui muito esquisito depois que dormiu em São Paulo. O que aconteceu?"
"Esquisito como Gi?" - Depois de meses ela estava ligando pra me fazer essa pergunta?
"Esquisito, esquisito, ué. Minha mãe disse que ele dormiu na sua casa e agora ele volta assim. Vocês ficaram juntos?" - Ela parecia com raiva, confusa. Mas o que ela tinha a ver com isso?
"Giovanna eu não estou entendendo onde você quer chegar."
"Eu não quero chegar a lugar nenhum, Madalena. Só quero pedir para você por a mão na consciência e parar de ficar entre os dois."
"Entre os dois quem, Giovanna?" - Será que ela estava falando da Clara? Não era possível.
"Não se faz de boba, Madah. Tu está grávida do Luca, conseguiu o que você sempre quis: afastar a família e causar uma briga entre irmãos. Agora deixa o Filipe em paz. Pelo menos isso." - Eu comecei a ficar com o rosto quente de raiva.
"Giovanna você está fora de si. Você deveria saber, mais do que ninguém, que eu nunca quis criar intriga entre irmãos. Agora se você tivesse interessada em saber meu lado da história teria me ligado, me atendido ou respondido minhas mensagens nos últimos 4 meses."
"Eu não sei de mais nada. Eu só quero o bem do Filipe e do meu sobrinho. Você e o Luca causaram essa situação, lidem com as consequências. Espero que vocês não queiram que a gente conviva com essa criança."
"Não fala da minha filha!"
Eu sentei no sofá, tentando entender o motivo de palavras tão duras. Ela aceitou uma versão dos fatos e nunca quis escutar a minha. Estava cheia de julgamentos. Eu chorava, mas o que eu sentia era raiva e rancor, não tristeza. A Bruna queria tirar o telefone da minha mão.
- Prima, desliga isso. O que está acontecendo? É a Giovanna, sua ex cunhada? - A Bruna estava angustiada do meu lado e a Giovanna continuou.
"Outra coisa: Por que ele não trouxe o Arthur? O guri tem colégio na segunda. Como vai ser? Minha mãe está querendo saber."
"Quem define tudo o que diz respeito ao Arthur sou eu e o Filipe, mas já que ele é seu irmão, pergunta pra ele, não pra mim. Eu e você? Não nos conhecemos mais." - E desliguei o telefone.
Contei o tom da ligação para a Bruna. Ela ficou tentando me acalmar, dizendo que eu não precisava da Giovanna, que ela ia preencher o cargo de melhor amiga sem remorso depois dessa ligação.
Mal sabe ela que já havia preenchido há muito tempo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
TEMPO, TEMPO, TEMPO
RomansaAté quando vale a pena lutar por um amor? O quanto vale a pena deixar os sonhos de lado por um casamento? Por um homem? O quanto se pode errar e voltar atrás? O quanto o amor é capaz de perdoar? O quanto os erros nos fazem perfeitos? O quanto os e...