COLEGAS DE TRABALHO

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SHINKAI

Minha relação com a Akira é totalmente profissional.

Eu acho.

Quer dizer, eu não estava chateado por ouvir ela dizer "eu te amo" pra outro cara, mas isso também foi meio chato.

É só que, ela não precisava de mim.

Não havia lugar pra mim ali.

Não sabia das relações dela com a turma que estava investigando, então foi um choque perceber o carinho e preocupação que eles tinham com ela. Mas o pior foi perceber que ela também sentia aquilo por eles. Não contei nada daquilo pra Capitã ou mais ninguém, porque ela acabaria percebendo que havia me afetado de alguma forma e a nossa chefe odiava quando havia qualquer tipo de sentimento envolvido.

Quando a investida dos heróis deu errado e Shigaraki conseguiu fugir vivo com outros membros da Liga, eu soube que alguma coisa havia acontecido com ela.

Aki nunca deixou de cumprir uma ordem.

Como a Capitã ficou ocupada demais pra se preocupar com a minha presença, eu corri pro hospital por causa dela. Estava uma confusão completa por causa dos feridos e mesmo sendo insuportável usar minha individualidade em lugares com muitas pessoas, eu insistia em tentar ler a mente dela na esperança de qualquer sinal de que a Aki ainda estivesse lá.

Mas não havia nada.

Meu peito nunca doeu tanto como naquele momento.

Então quando ela acordou, eu tive que me controlar pra não desabar no meio do corredor como um idiota emotivo. Mas o pior foi vê-la perdida quando soube da professora. Não achei que devia me intrometer, então deixei que ela ficasse sozinha pra lidar com os próprios sentimentos. Foi confuso ver os colegas atrás dela como se fosse um deles, então me afastei pra colocar minha cabeça no lugar.

Então, quando descobri seus sentimentos e olhei no fundo dos olhos dela, eu soube que eram reais.

Não visitei a Aki no hospital depois daquilo e ela provavelmente não deve ter se importado com isso.

Ninguém nunca se importou.

No meu passado meu cabelo era castanho, e alguns anos depois de entrar para a Comissão, em algum momento, pensei no porquê eu iria ficar deprimido com a merda da minha vida quando podia simplesmente pintá-lo e deixar de ser um garoto fraco e odiado? Tentar mudar quem eu era pra não ter que me sentir miserável foi talvez a melhor e pior coisa que eu já fiz. Perdi a noção de quantas vezes troquei a cor dele durante a minha vida. Isso é uma coisa engraçada, nada na minha vida é constante, com exceção delas.

As únicas pessoas que sempre estiveram na minha vida e que não me odiavam só por causa da minha individualidade eram a Capitã Suzuki e a Aki. A chefe me queria do lado dela pela minha individualidade e não se importava que eu a usasse. Foi a primeira pessoa que não fez com que eu me sentisse uma aberração. E a Aki se irritava, mas no fundo não importava o suficiente pra me odiar.

A Comissão tinha outros como nós espalhados pelo país, mas a Aki era a única com quem eu podia ter contato.

E sempre foi o suficiente pra mim. Não imaginei que não era pra ela.

Poucos dias depois do começo da guerra entre Heróis e Vilões, a chefe me mandou para o colégio UA, que serviria de abrigo para a população, também como um infiltrado. Eu deveria procurar por espiões do All For One e relatar a outros funcionários da Comissão que também se encontravam infiltrados entre os civis, pra que se livrassem dos pequenos traidores.

𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐀𝐑𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐌𝐄 - 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨 𝐈. 𝓚𝓪𝓽𝓼𝓾𝓴𝓲 𝓑𝓪𝓴𝓾𝓰𝓸𝓾 Onde histórias criam vida. Descubra agora