BEIRA MAR

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Eu passei tanto tempo acreditando nas palavras daqueles que me odiavam e temiam que deixei as escolhas deles definiram boa parte da minha vida, o que tornou a linha entre o certo e errado desequilibrada pra mim.

Eu não me lembro quando isso começou.

Só sei que deveria ter um fim.

Que tipo de monstro se preocupa em proteger? Que tipo de monstro poderia amar? Que monstro se importaria com o mundo mesmo que estivesse nas sombras? Se eu fosse mesmo um monstro, não seria capaz de mudar o mundo pra proteger quem é importante pra mim. Descobri que já havia passado da hora de erguer minha cabeça não como superior, mas como um ser humano que tem orgulho de ser capaz de amar.

As pulseiras de cobras cravejadas de diamantes, o símbolo da minha vitória em uma batalha por sangue, foram enterradas no lugar onde um dia eu dei fim a vida de um demônio. O símbolo que carreguei por anos pra que não me esquecesse daquele dia foi enterrado no vale das montanhas de Gunga junto com a minha culpa.

Eu não olhei para trás.

Nem vi o sol se pôr.

Eu tinha um sol mil vezes mais radiante me esperando.

E enquanto Katsuki estendia a mão pra mim, pela primeira vez em anos, eu respirei sem sentir culpa por estar viva.

BAKUGOU

Quando descobri minha individualidade, passei a desejar ser o melhor assim como o All Might e superá-lo um dia.

Mas do que isso adiantava quando falhei com a única pessoa que eu deveria ter cuidado de verdade? Que tipo de herói vira às costas pra alguém que está sofrendo? Porque esse trabalho não são só as lutas insanas com vilões, os heróis também devem cuidar das pessoas que precisam de apoio.

E eu falhei com ela. E pensar nisso, quase todos os dias, me corrói por dentro.

Odiava as sensações que ela causava em mim quando estávamos juntos, mas a parte ridícula é que uma parte minha ainda queria poder sentir tudo aquilo outra vez.

O coração acelerado e as malditas borboletas. Isso é tão idiota.

Então conseguir tudo aquilo de volta, admitir e me render aquelas emoções, provavelmente foi a melhor decisão que eu fiz na vida.

Ela era meu cisne negro.

Com tudo que fazia dela a pessoa que eu mais amava. Com cicatrizes, a mente quebrada, a beleza de um anjo e a força de uma deusa.

Ela era minha garota.

Os sentimentos que eu nutria por ela começaram a se tornar a coisa mais suave em mim, sem turbulências ou dor, era só... simples amá-la, era confortável e quente. Na medida que as semanas, meses e anos se passaram, enquanto eu lutava, enquanto ela vencia, aquilo entre nós dois se tornou um porto seguro.

E quando eu atingi o topo, ela estava lá me aplaudindo enquanto sorria.

Percebi que eu estava muito fodido porque finalmente reconheci que ela era minha maior fraqueza, mas feliz porque não havia chances de perder aquilo.

𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐀𝐑𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐌𝐄 - 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨 𝐈. 𝓚𝓪𝓽𝓼𝓾𝓴𝓲 𝓑𝓪𝓴𝓾𝓰𝓸𝓾 Onde histórias criam vida. Descubra agora