OS OLHOS DA MORTE

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O que eu poderia te dizer para justificar minhas ações?

Nada.

Elas eram simplesmente anos de dores acumuladas que precisavam sair. Um ser humano, na maioria das vezes, é quem faz suas próprias escolhas, consciente de que todas elas têm um preço a se pagar no futuro ou um fruto a colher.

Nenhuma frase dos meus livros, nenhuma teoria ou ideia poderia ser suficiente ou coerente com minhas decisões finais. Talvez a situação, talvez meu passado ou talvez o medo de perder mais pessoas queridas pra mim. Não existe nenhum sentimento no mundo capaz de mudar uma pessoa tanto quanto vingança. 

Não havia nada que conseguisse me parar naquele instante.

Eu iria matá-lo mesmo que custasse minha própria vida.

Existia no mundo uma garota destinada à grandeza.

Ela transitava entre o mundo dos hérois e o submundo dos vilões em busca de informações e criminosos. 

E era vista de diferentes maneiras. 

Espiã, soldada, filha, irmã, amiga, aluna, pupila. Ela foi odiada por muitos, mas amada em dobro por quem a conhecia.

Mas assim como ela tinha amor em seu coração, a semente de ódio e vingança que existia dentro dela cresceu a cada vez que ela era condenada a uma vida miserável e de dor. E um dia, depois de perder todos que amava de diferentes maneiras, ela deixou que aquilo tomasse conta de si.

Culpe o destino ou as circunstâncias, ou ambos.

No dia em que cumpriria a última missão que aceitou receber, assim que o sol despontou no horizonte, a garota se separou de seu amigo e começou a trilha seu próprio caminho. Antes de executar seu trabalho principal, uma ideia que havia se instalado em sua mente a algum tempo a levou à delegacia de polícia perto do hospital central em que se encontrava alguns dos criminosos presos na última guerra, incluindo um de seus fantasmas particulares.

Invadir uma delegacia de polícia era algo irreal para os vilões. 

Mas não para uma espiã altamente treinada, mas ela queria uma abordagem diferente da que utilizava no trabalho.

A garota se esgueirou pelas sombras formadas pelas luzes que falhavam acima dela, mantendo-se silenciosa enquanto se movia pelos corredores. As câmeras? Já haviam sido quebradas pelo poder dela, e os guardas? Os poucos que se encontravam no lugar ficaram desmaiados devido ao ar que ela havia roubado de seus pulmões. Pequenos truques que havia aprendido e acumulado ao longo dos anos.

Ela procurava entre as celas o monstro dos pesadelos dela no lugar que sua superiora havia indicado. 

“Minha mãe se orgulharia?”, ela pensava, “Ela se orgulharia do que eu vou fazer?”.

Quando achou a porta da cela em que o homem de idade avançada se encontrava, ela facilmente quebrou a tranca da porta com seu poder e a abriu para encontrá-lo. Ele olhava a garota na porta como se visse a própria morte em pessoa, iluminada pelas luzes do corredor que piscava atrás dela carregando ódio em suas veias das mãos que brilhavam em vermelho.

__ Doutor Kyudai Garaki…

Vendo a sua frente o homem que havia feito de seu corpo um arma, ela queimava de raiva, sua vontade era gritar até que suas cordas vocais se rompessem, enfiar suas unhas na carne dele até jorrar de sangue. Mas ela precisava manter a calma por fora até o momento de sua luta final ou ela iria perder o único fio de sanidade que lhe restava.

𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐀𝐑𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐌𝐄 - 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨 𝐈. 𝓚𝓪𝓽𝓼𝓾𝓴𝓲 𝓑𝓪𝓴𝓾𝓰𝓸𝓾 Onde histórias criam vida. Descubra agora