DE VOLTA AO LAR (VAZIO)

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SHINKAI

O amor é a praga mais mortal que um ser humano pode sentir.  

Naquele dia, foi a primeira vez que a vi desabar. 

A garota de ferro que o governo criou tinha um coração, mas ele foi destruído em pedaços.

Por mais que estar com ele fosse como o paraíso pra ela, no fim, foi tudo por nada. Ela deu tudo de si e não foi o suficiente. Nunca seria. 

Espiões não foram criados para amar. 

Mentimos e manipulamos quem for preciso para cumprir nossas missões, então, quem seria capaz de amar alguém assim? 

Tudo que eu pude fazer foi levá-la para casa enquanto seus soluços de dor rasgavam seu peito atrás de mim. Não disse nada enquanto a carreguei nas costas e nem sequer ousei ler sua mente, porque eu tinha consciência que trairia ela fazendo aquilo naquele momento. Aquela dor no coração que a Aki sentia era somente dela e de mais ninguém.

Eu conhecia o endereço, mas nunca havia entrado no apartamento do Hawks, então me surpreendi quando chegamos em frente ao prédio, onde a Aki desceu das minhas costas e me guiou até o andar de sua casa. E se não fosse pelo estado emocional em que minha amiga se encontrava, eu ficaria de queixo caído com o amplo espaço e os móveis de alta qualidade do herói número dois. Akira se adiantou na minha frente e logo se trancou, no que eu acho que era seu quarto, me deixando sem nenhuma cerimônia. 

Sem saber o que fazer, permaneci parado em pé no meio da sala de estar tentando digerir os últimos acontecimentos, até que um de seus pensamentos invadiram minha mente, finalmente me trazendo de volta a realidade. 

“Passarinho idiota, onde você está? Eu preciso de você Hawks... você devia estar aqui...” 

Lentamente, meus pés se moveram pelo corredor até a porta de seu quarto e hesitante, com algumas batidas respirei fundo antes de oferecer meu apoio. 

__ Ei, eu vou ficar aqui, então pode me chamar se precisar de alguma coisa - disse sem receber nenhuma resposta em troca - Aki, eu realmente sinto muito...

Ela me deu permissão para dizer a verdade aos colegas porque ela não conseguiria falar sobre aquilo de tanta vergonha que sentia de si mesma. Nem mesmo meus interrogatórios foram tão difíceis quanto fazer aquilo.

"Nunca imaginei que ia te ver assim. Está realmente sofrendo por causa deles" 

Mesmo deitado no sofá da sala, eu podia ouvir os soluços abafados vindo do quarto dela. A noite ia ser bem longa para a minha amiga, porém fiquei tão exausto da luta que em algum momento acabei desmaiando de cansaço. Não foi só a Aki que sofreu um ataque, quando terminei minha própria luta, os pensamentos dela invadiram minha mente, então eu corri como se minha vida dependesse daquilo. Não imaginei que iria encontrá-la quase desistindo.

A coisa estava mesmo ruim.

Fui acordado pela manhã com um cheiro agradável de ovos e bacon. Abrindo meus olhos e retomando a consciência, percebi um cobertor enrolado em mim e a presença da Aki na cozinha. 

__ Eh... Oi - Falei sem jeito enquanto me sentava no sofá. 

Sem saber o que fazer, apenas continuei imóvel no sofá, enquanto o ar era tomado pelo cheiro da comida dela, eu estava morto de fome, mas não queria deixá-la ainda pior. Ela ainda permaneceu com o uniforme do colégio, todo amassado pela noite turbulenta, os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.

Terminando na cozinha, Aki se aproximou com uma bandeja e pousou na mesa de centro, com ovos mexidos, café, bacon, algumas maçãs e pãezinhos. Depois disso, ela pegou uma trouxa de roupas na poltrona ao lado e me estendeu, esperando inquieta para que eu a pegasse.

𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐀𝐑𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐌𝐄 - 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨 𝐈. 𝓚𝓪𝓽𝓼𝓾𝓴𝓲 𝓑𝓪𝓴𝓾𝓰𝓸𝓾 Onde histórias criam vida. Descubra agora