𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐀𝐑𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐌𝐄 - 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨 𝐈. 𝓚𝓪𝓽𝓼𝓾𝓴𝓲 𝓑𝓪𝓴𝓾𝓰𝓸𝓾

PROMESSAS

Pedir ajuda foi provavelmente a pior coisa que já tive que fazer na vida.

Mas como estava sem opções para tirar minhas contenções, não tive outra escolha.

O Departamento de suporte da UA era responsável pelo ensino e produção dos equipamentos e uniformes de batalha dos heróis. Com a UA servindo de abrigo a população, estavam trabalhando como nunca em equipamentos de segurança, num ambiente com máquinas e barulho para todos os lados. Não queria pedir ao professor responsável daquele lugar para não correr o risco de ser dedurada ao professor Aizawa, então o jeito seria subornar algum dos alunos.

Na confusão em que o lugar se encontrava, não ligaram muito para a minha presença, então arrisquei o meu pedido a uma garota mais afastada do resto do pessoal dali.

Mei Hatsume tinha grandes olhos amarelos e cabelos rosas um pouco parecidos com o da cor dos da Mina. Tive que respirar fundo para fazer as palavras saírem, mas não precisei dizer muito a ela, pois pareceu encantada com os aparelhos em meus pulsos e aceitou meu pedido prontamente, implorando pra que eu a deixasse ficar com eles no fim.

__ Contanto que tire isso de mim, pode fazer o que quiser com essas coisas - eu disse enquanto minha ansiedade crescia para ter meu poder de volta.

Aparentemente, os alunos do curso de suporte não trabalhavam com aquele tipo de tecnologia, então a Hatsume ficou muito animada em poder ganhar um novo brinquedo.

Enquanto permaneci sentada em sua cadeira e ela usava pequenos objetos para abrir as contenções, conversando consigo mesma fascinada por elas, precisei morder a língua me concentrando em outra coisa, pois novamente, aquelas coisas estavam me dando pequenos choques de aviso. Mesmo que as lágrimas estivessem dando sinais, permaneci firme até ouvir o click das pulseiras, que tirou um longo suspiro de alívio do meu peito.

Não demorou muito para tirar os objetos que haviam tirado minha individualidade e lentamente, pude alcançar uma faísca do meu poder em minha mente. Hatsume me alertou que pelo tempo que fiquei com as contenções e seu efeito em meu corpo, era bem provável que minha individualidade só fosse retornar gradualmente, então não precisava me preocupar.

Com um agradecimento que foi praticamente ignorado pela garota, deixei que se divertisse com seus novos brinquedinhos que tiraram toda a atenção dela do mundo exterior.

Enquanto andava pelos corredores, só então percebi que a noite havia caído e eu precisava retornar aos dormitórios.

E encarar meus colegas de turma.

Talvez sim. Talvez não.

O fato é que retirar as contenções não só tirou um peso dos meus ombros, como também me fez começar a voltar a ter consciência do que estava acontecendo ao meu redor.

Minhas roupas continuavam encharcadas pela chuva e meu cabelo estava da mesma forma, fazendo meu corpo começar a se arrepiar pela sensação fria.

Mas pior que isso, era que eu precisava de um banho urgentemente.

Sentindo algo escorrendo pela minha mão, só então percebi quando baixei os olhos o fio de sangue que se encontrava ali, graças a um corte que uma das ferramentas estranhas da Hatsume que pegou em minha pele. Parei no meio do corredor para tentar limpar o sangue com o tecido do meu moleton, mas não era o suficiente. Quando decidi seguir em frente e lidar com aquilo em outro lugar, ergui meus olhos e me deparei com Bakugou parado a minha frente, com a respiração ofegante como quem havia acabado de correr.

Seus olhos caíram sob meus pulsos, encarando o pequeno ferimento e os arranhões que eu havia acumulado.

Foi ele quem deu o primeiro passo à frente, enquanto meu corpo permanecia paralisado. Para a minha surpresa, Bakugou segurou minha mão firmemente e me puxou pelos corredores em silêncio absoluto, até chegarmos a uma ala do colégio que eu conhecia muito bem, a enfermaria.