— Ex-empregador? — perguntou Luther. — Do que se trata, Cinco? E não me venha com a droga do "não é da sua conta", certo?
Cinco pigarreou.
— É uma longa história.
Nathaniel sentou ao seu lado na cama, se escorando na cabeceira.
Luther se sentou outra vez no banquinho minúsculo.
— Fui transformado no instrumento perfeito para reabilitação do espaço-tempo — comentou Five. — Ou correções, como eles os chamavam. Eu não era o único, há outros como eu. Seres fora do tempo, partidos, extraídos das vidas que conheciam. Não sei como chegaram lá.
Nathaniel baixou o olhar, pensativo. Ele lembrava com clareza tudo que precisou fazer para se tornar o que era hoje.
E não ironicamente, parecia que não tinha válido nada.
— Mas eu sei que nenhum deles era tão bom quanto eu — disse, voltando às memórias do passado. — Eles não perceberam, mas eu esperava a hora certa, tentando descobrir a equação correta para que pudesse voltar. Se eu pudesse voltar, sabia que poderia parar o Apocalipse. Salvar o mundo.
Luther e Nate prestavam a devida atenção ao relato de Cinco.
— Então eu quebrei meu contato.
— Então... — Luther deu um copo de café ao Cinco. — Você era um assassino?
— Sim.
— Você tinha um código, certo? — perguntou o Número Um. — Não matava qualquer pessoa.
— Sem código — disse Five. — Eliminávamos todos que mexessem com a linha do tempo.
— E quanto a gente inocente?
Nathaniel sentiu uma vontade súbita de rir.
— Era a única maneira de poder voltar aqui — Cinco disse.
— Mas isso é assassinato — conclui Luther.
— Meu Deus, Luther, cresça! — disse o Número Cinco. — Não somos mais crianças. Não existem mocinhos e bandidos, existem apenas pessoas levando suas vidas. Mas, quando o mundo acaba, todas essas pessoas morrem, incluindo nossa família.
Five suspirou.
— O tempo muda tudo.
Silêncio, apenas três minutos de total silêncio e Luther continuou.
— E você? — disse para Nate.
O garoto levantou o olhar e estalou os dedos em desconforto.
— O mesmo que Cinco — mentiu.
Eram lembranças dolorosas para ele. Tudo acontece muito rápido, primeiro; sua mãe morta pelo o seu próprio pai.
Segundo; Micael morto pelo o próprio filho, tivera sido o primeiro assassinato de Nathaniel. E ele ainda não conseguia esquecer.
Terceiro; A Gestora aparecendo como a porra de uma salva vidas, quando na verdade. Ela fodeu a mente do garoto.
Nathaniel estava sozinho, apenas ele e o irmão menor. Com dois cadáveres na sala. A única coisa que uma criança da idade dele poderia fazer, era entrar em pânico.
Mas ele não o fez, ele lembrava que apertou a mão da mulher e troca de um lar, comida e água. Ele entregou sua lealdade a ela.
A porra de um contrato que foi quebrado quando ele se rebelou. Aquela mulher parecia o diabo em pessoa.
Um cão de buceta e saia.
Os assédios que Neil sofria com ela, eram diários. E ele se sentia fodidamente sujo.