Five e Nathaniel finalmente chegaram onde queriam, as motos de diversos motoqueiros estavam em ponto morto, causando um barulho chato.
As pessoas focaram seus olhares nos dois, fazendo expressão surpresas e até se perguntando o que dois jovens faziam ali.
Mas a dupla simplesmente não se importou, seguindo para a porta com o desenho típico de Mães da Agonia.
Eles subiram as escadas, e quando Nathaniel achou que os olhares iriam acabar, todos de dentro os encaravam ainda mais.
— Tudo bem? — perguntou Five.
— Sim — respondeu com as mãos nos bolsos. — Só não gosto de lugares lotados, vamos terminar com isso.
— Estão perdidos, pivetes? — perguntou um motoqueiro com cigarro na boca.
E todos deixaram de fazer o que estavam fazendo para olhá-los.
— Bando de curioso — sussurrou Nate.
— Bem vindo ao mundo! — ironizou Five.
Os dois pararam em frente à uma porta que deixava bem explícito "Só membros".
— Bingo! — exclamou Nate se encaminhando para a porta e abrindo a mesma.
Era um estúdio de tatuagem, e ele sorriu sendo o primeiro a entrar e sendo o primeiro a ver a pequena coisinha no local.
Five o seguiu, colocando as mãos nos bolsos.
— Eu tava te procurando — disse o Hargreeves.
E Pogo virou com uma carranca no rosto.
— Chimpanzé tatuado? — brincou Nathaniel em um sorrisinho. — Essa é nova.
— Eu não tatuo crianças — disse Pogo.
— Lisonjeado, mas tenho dezesseis — brincou o Bloom. — E não estamos aqui para nos tatuar.
— Eatamos aqui porque você e eu temos um amigo em comum — explicou Five. — Sir Reginald Hargreeves.
Pogo suspirou voltando a tatuar o homem.
— Seja lá o que ele quiser, não estou interessado — disse.
— Eu acho que você não entendeu, sou um dos filhos dele — respondeu Five. — De outra linha do tempo.
Correntes começaram a tilintar, e Nathaniel notou os motoqueiros de guarda.
Que fofo! — pensou, era adorável eles acharem que tinham chance.
— Outra linha do tempo? — repetiu Pogo, e logo depois riu.
— Por mais louco que pareça, nós dois já nos conhecemos — disse Five. — Em 1963, quando você era um chimpanzé de fralda que precisava de uma manicure.
O chimpanzé o olhou zangado.
— Não sei se vai lembrar, mas tenho uma cicatriz pra provar — Cinco puxou um pouco a gola do terno, mostrando o pequeno corte cicatrizado.
— Se o que está dizendo fosse verdade, eu estaria conversando com um homem de mais de sessenta anos — respondeu Pogo. — Agora, se me deem licença, eu tive um dia muito longo.
— Pogo, você tem que me escutar — tentou Five.
— Ou então podemos fazê-lo escutar — ameaçou Nathaniel e os motoqueiros se aproximaram, o garoto levantou as mãos em rendição. — Eu tô brincando, vocês não tem senso de humor? — brincou.
— Tá na hora de voltar pra mamãe, moleques! — disse um dos homens.
— Claro, só me passar o endereço da sua mãe — disse o Bloom sarcástico.
— Seu filho da puta! — se atirou para cima do cacheado, mas Five os teleportou para fora.
— Vamos, ou você vai acabar colocando a gente em briga desnecessária — disse o Hargreeves.
— Qual é, Five? Estava tudo sobre controle — sorriu.
— É claro que estavam — ironizou seguindo para a rua.
Pogo já tinha acabado de sair em uma motocicleta.
— Isso que eu chamo de moderno — brincou Neil.
Five correu vendo o chimpanzé indo embora, logo voltando para a calçada.
— Aí! Preciso da sua moto. É uma emergência — pediu o Hargreeves para um motoqueiro.
Nathaniel o olhou como se fosse maluco, não era assim que funcionava as coisas por ali.
— Você acha que eu tô ligando pra isso? É sério mesmo? — disse o motoqueiro.
— Me dá a moto, senão... — tentou Five, mas o homem já estava pronto para sair.
Todavia, o Bloom foi mais rápido e chutou a moto fazendo o homem cair.
— É desse jeito que resolvemos as coisas — comentou o cacheado vendo o homem xingar no chão. Ele foi até a moto sendo o primeiro a subir. — Você vem?
Five subiu sem pensar duas vezes, mas se arrependeu quando viu o garoto acelerar.
— Você sabe pilotar? — perguntou.
— Você já me viu com alguma carteira de motorista? — perguntou de volta, Cinco fez uma careta, quase demonstrando seu desespero. — Eu até diria para por o cinto, mas motocicletas não tem isso.
E acelerou.
[...]
Já era dia e os dois ainda estavam na moto, seguindo os rastros do Pogo.
— Essa motocicleta vai ficar sem gasolina em poucas horas — disse Nathaniel.
— Esquerda! — Five exclamou, Nate suspirou antes de fazer.
Um trailer com uma mulher sentada em um banco junto a uma revista e cigarro.
O Bloom desligou o motor, Cinco sendo o primeiro a sair da moto e o cacheado logo depois.
— Posso ajudar? — a mulher perguntou.
— Precisamos falar com o Pogo — respondeu Five.
— Não tem nenhum Pogo aqui, amor — retrucou ela.
— Engraçado, acho que os rastros deram no lugar certo — brincou Nathaniel dando um passo a frente.
A mulher levantou e Cinco se aproximou.
— E eu sugiro que vocês dois saíam da minha propriedade antes que eu chame o conselho tutelar — disse a mais velha.
— E eu sugiro que chame um estilista, blusa de oncinha e sutiã rosa não combinam — ironizou Nathaniel.
A mulher o encarou zangada e Five deu um passo a frente, mas logo foi parado por Pogo.
— Tá tudo bem, Tammy. Deixa o garoto entrar — disse o chimpanzé.
O Hargreeves sorriu cínico antes de pegar a mão do namorado e puxá-lo consigo para dentro.
A mais velho os seguiu para dentro, os dois logo sentaram no pequeno sofá onde Pogo estava.
A pistola em baixo da mesa foi engatilhada pelo o chimpanzé e Nathaniel fingiu não perceber enquanto retirava a carta do bolso.
— Ou vocês dois são burros ou estão desesperados — começou o tatuado. — Qual dos dois?
— Me diz você — respondeu Five colocando o pedaço de pele com a tatuagem do seu velho eu na mesa.
— Isso parece um trabalho meu, mas eu nunca fiz essa tattoo — continuou Pogo.
— Você ainda não fez — retrucou o Hargreeves. — Eu cortei do meu de 100 anos.
— Ah, então você é desesperado — terminou.
— Você também estaria se soubesse que o universo toda está em risco — respondeu Five.
— Então aconteceu — disse o chimpanzé.
— Que genialidade — ironizou Nathaniel.