HOTEL OBSIDIAN- 19H58
Dois minutos.
Era apenas dois minutos que restavam pra subir ou não.
O garoto estava aos nervos, Five parecia tenso. Por quê ele estava tenso?
Por que eles tinham que conversar?
Por quê?
Seu coração estava batendo tão rápido quanto da primeira vez que teve que fugir. E pela a primeira na vida, ele decidiu que não iria.
Não mais.
Ele levantou, faltava apenas um minuto.
O Bloom abriu um portal, parando bem em frente a porta que levava a sacada.
Talvez estivesse sendo paranoico demais. Mas sua mente não parava no lugar.
Seu coração o mandava entrar pela a porta, encontrar o Hargreeves e definir as coisas entre eles.
Mas seu cérebro o mandava voltar, pegar Theo e se mandar para o mais longe. Em uma casa de praia com os dois gatos.
Nathaniel sentiu o coração doer.
Five foi a primeira pessoa da qual tivera contado sobre sobre seus sonhos, sobre os gatinhos.
Sobre Theo.
Não estava pronto pra deixar tudo escorregar por suas mãos, outra vez. Como se fosse um garfo tentando segurar a areia branquinha da praia.
Ele suspirou.
Iria ouvir o coração.
Pela a primeira vez, e se fosse uma despedida que o aguardasse no outro lado da porta. Seria a última.
O Bloom colocou as duas mãos em cada lado da madeira. Abrindo no três.
A porta se fechou atrás dele, e a sua frente. Five estava sentado na grade da sacada, as pernas dependuradas a metros do chão.
Era uma queda feia.
Mas não seria comparado com um coração partido, se fosse o caso.
Ele se aproximou, sentando ao lado do Hargreeves. Silêncio reinava sobre eles.
Não era incômodo, nunca era.
Parecia que se entendiam ainda mais sem palavras, do que com milhões delas.
Sempre foi dessa forma.
Nathaniel olhou para a luz da lua, brilhando sobre os dois. Beijando sua pele com ternura.
De todo o sistema solar, a lua realmente era considerada ainda mais lindo por Nate.
Intocável.
Um sonho impossível e inalcançável.
— Por que me chamou aqui, Five? — perguntou, ainda não o olhava.
Ouviu o outro suspirar ao seu lado.
— Quando eu tinha treze anos, antes de todo o apocalipse. Eu achava que a minha vida estava feita, eu não precisava de nada e nem de ninguém. Além da atenção do meu pai... — começou, olhando para baixo. — Depois que eu viajei para o futuro, eu fiquei preso por quarenta e cinco anos... Todos os dias, eu levantava e falava pra mim mesmo que eu tinha continuar, eu precisava continuar. Não por mim, mas por eles.
Nathaniel sabia de quem ele falava.
Os Hargreeves eram sortudos demais por ter Five lutando por eles. Nem todos tem essa mesma sorte.