Pogo retirou um livro de dentro da maleta — de madeira — que estava em cima da mesa, entregando-o aos garotos em sua frente.
— Parece familiar? — perguntou o chimpanzé.
Nathaniel pegou o livro, e Five colocou a pele de seu eu de 100 anos do lado, comparando a tatuagem com os desenhos na página.
— O Reggie era obcecado por esses símbolos — comentou Pogo. — É um selo, um símbolo que supostamente teria poderes mágicos.
— O papai acreditava em ciência, fatos — respondeu Cinco. — Eu não respeitava muito o velhote, mas eu respeitava isso. Ele não gostava de palhaçada, tudo tinha uma explicação racional.
— Parece que estamos falando do meu velho — ironizou Nate. — Era um descrente para a religiosidade, mas racional para a ciência — o único fator que eu peguei dele, pensou em dizer. — Pogo, Reginald te explicou algo sobre isso? — perguntou, se referindo aos desenhos.
— Eu não sei, mas ele se referia a isso como Projeto Oblivion — respondeu o macaco.
Five e Nathaniel se olharam no mesmo momento, lembrando de quando viram o Cinco mais velho naquela plataforma — quase morto.
— Esse projeto, eu preciso saber mais — continuou Five.
— Era uma missão camicase — começou Pogo. — Ele estava preparando as crianças Sparrow, sabendo que talvez nunca mais voltassem. Por isso dei os remédios para as crianças, para mantê-las protegidas dele.
— Hum, o meu irmão Zé-droguinha deixou ele sóbrio — comentou o de terno. — Vai entender.
— Quer dizer que o Projeto Oblivion está começando de novo, e todos vocês estão em perigo — disse Pogo.
Especialmente eu — pensou o cacheado.
E os três beberam os copos de bebida alcoólica, tentando apaziguar a situação horrível em que estavam.
— Então devia fazer a tatuagem e completar o loop — começou Five.
— Tem certeza? — perguntou o chimpanzé.
— É, tem certeza? — Nathaniel perguntou, não sabendo lidar com outra perda.
Cinco pôs a mão em sua coxa, apertando o local em conforto, os olhos transmitindo a seguinte frase: "Tudo bem."
Ele voltou para o macaco, levantando e puxando a mão do namorado junto antes de voltar a falar.
— Acho que o destino não se importa se eu tenho ou não.
— Ele é cruel, né? — perguntou a mulher.
Five largou a mão do garoto para retirar o paletó, sua blusa social junto ao colete e a gravata.
Puta merda.
Nathaniel engoliu em seco quando o namorado sentou ao sofá, desfazendo a gravata.
E o cacheado tentou conter os pensamentos em apenas se sentar sobre Cinco e puxá-lo pela a peça de roupa.
— Tudo bem, vamos começar — comentou Pogo, se aproximando.
Five olhou para trás do chimpanzé, chamando Neil com o olhar para o seu lado. O garoto o fez, entrelaçando suas mãos e apoiando a outra com o cotovelo no joelho.
[...]
Quando finalmente retornaram ao Hotel, as notícias que receberam não era nada adorável.
Era o oposto, totalmente e fodidamente o oposto.
— O que você tá fazendo? — gritou Lila para Diego, entrando na sala rosa. — O Stanley já era! A gente tem que aceitar!
— Olha a chaminé! — gritou Diego de volta.
Five continuou a olhar para a porta, e Nathaniel se encontrava no sofá, sua perna mexendo freneticamente.
Theo — aparentemente — estava com Allison e Viktor. O que, honestamente, não deixava o Bloom menos seguro.
— Ele não tá na droga da chaminé! O Kugelblitz pegou ele! — rebateu Lila.
— E de quem é a culpa? — Diego se aproximou. — Foi você que trouxe ele pra cá!
— Eu mereço — sussurrou Nate.
— Parabéns, vocês dois são pais mais ou menos horríveis — comentou Five, logo apontando para a porta. — Dá para focar aqui agora? Então tá. Como isso abriu antes?
— Eu não sei, já tava meio aberto — respondeu o das facas.
Nathaniel riu em ironia, tinha como o dia ficar pior?
— "Já tava meio aberto" — repetiu Five, as mãos nos bolsos. — Olha, Diego. Você devia ter sido engenheiro. Foi um talento desperdiçado.
— Ou babá, aposto que metade dos pais que deram a descupinha fajuta do golpe do cigarro, iriam deixar os filhos com você — comentou Neil, se levantando e se aproximando da porta.
— Por que vocês querem ir para lá? Só tem sushi e morte — retrucou Lila.
— Quando nós encontramos o futuro eu no bunker da Comissão, eu me avisei sobre o Oblivion — respondeu Five. — E o Pogo me contou...
— Pera aí! O Pogo tá vivo? — Diego perguntou.
— Um macaco malhado e tatuado, mas sim — disse Nate.
— O macaco disse que o papai passou anos treinando os Sparrows para algum tipo de missão supersecreta em... — jogou no ar.
— Oblivion? — perguntou a mulher.
— E aí, eu voltei para cá e descobri que vocês dois, ISTs ambulantes, já estiveram lá dentro — terminou Cinco. — Tudo tá apontando para Oblivion, temos que entrar.
— De jeito nenhum!
— Não vai rolar!
— A gente mal escapou com vida — resmungou Lila.
— Ah, é? E daí? Isso vai além dos dois bonitinhos — retrucou Five.
— Falou o cara que tem todos os dedos — reclamou Diego. — Eu não fiquei desse jeito batendo umazinha — mostrou a mão com dois dedos faltando.
— Porra, pensando dessa forma, até parece que aguenta tudo isso — brincou Neil.
— Eu fui lá e perdi os meus dedos para uma coisa com uma faca numa corrente — continuou a reclamação, próximo o suficiente do melhor amigo.
— Que pena — ironizou Nate.
— Ai, que dó — ironizou Five.
Os dois ao mesmo tempo com comentários diferentes, mas tons iguais.
— O Diego pode ser 90% mala, e 10% gostosinho, mas ele tá certo sobre o Oblivion — discutiu Lila. — A gente não vai pra lá só porque os pombinhos são dois maníacos.
Nathaniel até iria responder, mas Luther e a Número Cinco da Sparrow entraram no quarto.
— Que bom. Porque vocês vêm com a gente — disse o Número Um.
— Isso deve ser interessante, para onde? — perguntou Five.
— Para Sparrow Academy — disse a loira ao lado do grandão.
— O mundo tá acabando, tá na hora de deixarmos essa palhaçada de lado e trabalharmos juntos contra o Kugelblitz — continuou Luther.
— Sério? E se não rolar? — desafiou Diego.
— O Stanley não vai ser o último de nós a sumir — compreendeu Lila. — Vamos.
Nathaniel e Five foram os primeiros a saírem da salinha rosa, seguindo em frente.
Os outros dois casais atrás.