Capítulo treze

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Se gostarem, votem e comentem. Incentiva muito💙

Azriel

O Encantador de Sombras estava com a cara emburrada.

Ele havia vencido o Rito, matado vários homens sem sentir nenhum remorso e, no momento, estava sendo babá de duas meninas que, juntas, não tinham nem a metade de sua idade.

As pernas dele estavam começando a formigar. Eles já estavam ali faziam horas e nada delas quererem subir.

Ele saiu da parede e decidiu sentar. O sofá era de cor escura e a sala era extremamente limpa. Pelo o que o macho observou, uma sacerdotisa limpava cada cômodo por dia.

As meninas escolheram uma montanha de livros e estavam lendo-os desde o momento que chegaram. E Az estava igual um cachorro ansioso. Já tinha caminhado o perímetro inteiro algumas vezes.

Pelo amor da Mãe, não tinha nem um petisco.

O estômago dele se revirava atrás de alguma coisa para comer. Ele tamborilou os dedos no braço da poltrona.

— Pelo Caldeirão, dá para você parar?! — esbravejou Gwyn, largando o livro e colocando as mãos no colo.

Emerie levantou os olhos furtivamente, mas voltou a ler deixando os dois discutindo. A illyriana estava esparramada no sofá, se deleitando da maciez do tecido.

— Por que eu estou sendo babá de uma criança insuportável?

— Não o vi reclamando quando eu estava te socando no treinamento. — Ela cerrou os olhos e voltou ao seus afazeres.

Se ele pudesse, deixaria as meninas sozinhas. Contudo Clotho havia pedido para que as vigia-se. Não era por conta de desconfiança, porém a sacerdotisa havia lhe dado ordens diretas para que ele as acompanhasse "para lhe exalar segurança".

— Pode sair se quiser — sugeriu Emerie, intermediando os dois. — Nós vamos dormir na Casa hoje. Amanhã de manhã nós não abrimos. Ainda temos algumas coisas para resolver.

Ele bateu o pé no chão, colocando a ansiedade para fora.

— Será que a Casa tem poderes aqui? — perguntou a illyriana, puxando assunto.
Ela parecia estar especialmente incomodada com o silêncio dos dois acompanhantes.

Azriel não a culpava. Ele e Gwyn estavam com a relação ótima até o Encantador surtar de repente.

Sim, ele admitia, havia surtado por nada.

O que eu poderia fazer para ajudar vocês? — ofereceu.

— Poderia auxiliar Gwyn com as pesquisas religiosas — sugeriu.

De longe a pilha de papel da ninfa era maior que a da amiga. Várias capas de cores e formatos diferentes se encontravam. Os estados de conservação dos livros eram variados, tendo alguns com cor amarelada.

— Comece por este. É mais fácil de você entender.

A ruiva entregou para ele com raiva. Az não imaginava Gwyneth como uma pessoa tão rancorosa.

Ela se apertou em um canto do sofá, deixando uma beirada para ele se espremer.

O documento era pesado e tinha as folhas grossas. Não era mentira a afirmação de Gwyn, ele era uma espécie de almanaque de contos religiosos no geral, contendo o nome da  lenda e onde ele poderia encontrar mais informações sobre.

Haviam todas as histórias da Religião da Mãe. Desde teorias sobre o paraíso de leite e mel e dissecação sintática das orações.

Azriel mordeu a sua língua, desejando nunca ter oferecido ajuda. Algumas horas já haviam se passado e as costas dele já estavam doendo. Suas asas estavam querendo se esticar e ele estava querendo andar. Mas um orgulho idiota não deixa.

Ele não queria admitir largar sua contribuição sem ter ajudado em nada.

O estômago de Az rugiu novamente, dessa vez chamando a atenção das fêmeas.

— Não pode comer aqui. — informou Gwyn — Mas se quiser se satisfazer, tem o refeitório no final do corredor.

Ela estava visivelmente querendo que ele saísse, talvez para falar com Emie sobre algo.

Azriel titubeou, pensando nas instruções de Clotho. Por mais que Gwyneth estivesse irada com ele, ela não faria mal a Biblioteca. E Emerie estava muito mais focada em terminar um daqueles exemplares.

— Eu vou, porém daqui a pouco eu volto.

O Encantador pegou o livro que estava lendo e caminhou na direção em que lhe apontaram. Ele andava silenciosamente, chamando o mínimo de atenção possível.

Azriel inalou com vontade o cheiro de comida que o lugar tinha. Várias sacerdotisas passavam de um lado para o outro conversando baixinho.

Os pratos já estavam postos e eram colocados em cima de uma grande bancada. Como já era de noite, a comida era leve. A sopa era encorpada, com pedaços de carnes e legumes.

O talher era pesado, feito de prata. Para as sacerdotisas, a prata significava a Mãe. O brilho misterioso do metal enfeitava todos os templos. Ao contrário do ouro, que era banal no cotidiano feérico, a prata era exclusiva no meio eclesiástico. O Encantador de Sombras sentia estar maculando uma peça tão bonita.

A sopa estava saborosa, tão gostosa que Az gemeu. Ele comeu rapidamente, mas aproveitando o máximo possível.

O macho colocou a louça no lugar adequado e caminhou de volta à sala de leitura. O livro pesava sob o braço dele. Encarou novamente. Algo sussurou em seu ouvido, como uma serpente tentando ao pecado.

Mostre a elas que você consegue. Vença essa competição.

Uma competição que não existia, contudo ele havia travado consigo.

Quando chegou, pegou metade da pilha que as meninas tinham escolhido.

— Eu fico com esses daqui.

Assim que ele ia cruzando a porta, para ir à Casa, ouviu a voz doce de Gwyn no fundo.

— Azriel. — Ele virou o rosto para escutá-la. — Você está com a boca suja.

Ele bufou e escutou a risada dela.

***

Oioioi tudo bem com vocês?

Espero que vocês tenham gostado do capítulo <3

Um beijo, até o próximo💙

Através das suas sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora