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Gwyneth
A sacerdotisa não conseguia dormir.
Se revirava de um lado para o outro da cama e nada. Nem a luz calma do ambiente conseguia ajudá-la.
Ela sentia algo a observando, mas não havia nada em seu quarto. Parecia que era uma sombra a rodeando.
Gwyneth olhou cada canto de seu dormitório. A cadeira e a escrivaninha estavam desarrumadas, com livros espalhados na superfície. O guarda-roupa, do lado esquerdo, com as portas fechadas. E a janela apenas a luz do luar como iluminação.
Seu corpo começou a cobrar as horas sem comer, e um ronco veio de seu estômago. Gwyn não queria se levantar no meio da noite para se alimentar, entretanto sua barriga estava fazendo uma guerra interna.
Obrigada por forças maiores, a ninfa saiu da cama com muito esforço e colocou os sapatos — uma espécie de sapatos para dormir, macios e peludos — e foi em direção à cozinha.
O corredor até o cômodo estava escuro e não se escutava nada.
Gwyneth caminhou calada, temendo acordar as outras pessoas da casa.
Finalmente chegou na cozinha, pediu baixinho para que a Casa ligasse as luzes em pouca luminosidade e foi fazer seu lanche.
Gwyn pegou a faca, o pão e os recheios e colocou-os sobre a mesa. Estava prestes a passar o talher na comida quando escutou passos se aproximando. Virou-se, vendo a figura do Encantador de Sombras atravessar a porta.
Azriel estava sem camisa, com as tatuagens e os músculos visíveis. Usava uma calça solta cinza, que mostrava o começo do "v" entre as suas pernas.
Ele se aproximou quieto, também preparando uma comida para si.
Gwyn o analisava de soslaio. Az cortava pacientemente as rodelas de tomate.
A raiva de Gwyneth já tinha se acalmado. Ela já tinha pensado sobre o assunto inúmeras vezes durante o dia, e pensado em parar de agir grosseiramente com o macho, contudo assim que ele abria a boca, seu planejamento ia pelo ralo e alguma piadinha escapava.
— Conseguiu descobrir algo?
O som da voz rouca reveberou em seus ossos, fazendo eles derreterem. De alguma forma, a sonoridade dele a comovia.
— Nada demais. — respondeu.
Eles continuavam de costas um para o outro, porém ela sentia os olhos dele nela. A presença dele no recinto tomava conta do ambiente; o cheiro do seu corpo, cheiro de sabonete, de limpeza, o zunido das sombras cortando o ar.
— Você parou em que parte? — ele perguntou, incentivando uma conversa.
Azriel era muito tímido, ela mal o via falando quando estavam em um círculo grande de pessoas. Esse esforço a fazia imaginar que talvez ele estivesse procurando uma forma de se desculpar.
— Ainda estou na parte sacerdotal.
A ruiva escutou somente a faca batendo na tábua de madeira. Ele não estava nem tentando ser amigável.
Num momento de distração, Gwyn viu uma sombra tocar delicadamente sua mão. Ela dançava gentilmente entre os dedos da ninfa; como um gato manhoso querendo carinho.
O Encantador desinibiu-se de se disfarçar e virou, observando a cena.
A parte da cozinha em que eles estavam era como uma meia-lua. Os dois estavam na parte interna, opostos, trabalhando cada um em sua função. A ruiva estava de frente a uma janela, que a dava visão de todo o quintal.
Ele se aproximou. Gwyneth sentiu o corpo grande e quente do macho atrás dela.
Azriel tentou segurar a sombra, mas sua mão cheia de cicatrizes tocaram a de Gwyn; ela podia sentir cada relevo de pele que ele possuía. O simples toque fez que uma corrente elétrica passasse pelo corpo inteiro de Gwyneth.
A respiração do Encantador acariciava sua face. A ninfa engoliu em seco, maneando os olhos por segundos.
— Elas estão muito rebeldes ultimamente — falou baixo. Suas palavras serpenteavam o ouvido dela.
— Talvez estejam imitando o dono.
Ela abriu a boca algumas vezes, entretanto não conseguia dizer nada; sua camisola prendia seu peito, tirando seu ar.
Num ímpeto, Gwyn pegou seu lanche já pronto e se desvencilhou da armadilha.
Ao sair, se permitiu olhar uma última vez e caminhou apressada de volta para o quarto.
*
Gwyneth colocou o prato sobre a mesa e fechou a porta rapidamente.
O calor ainda não havia se dissipado do seu corpo e ela ainda estava agitada.
O que que estava acontecendo? Por que ela estava se sentindo tão afetada pela simples presença dele? Por que aquela sombras estava a seguindo?
Gwyn se obrigou a ficar quieta por um segundo ao escutar os passos do Encantador irem para o quarto, passando devagar pela sua porta.
O silêncio e a escuridão do quarto parecia contrastantes com seu estado emocional.
Ela decidiu ir dormir. A sensação de ter alguém te vigiando finalmente havia ido embora, contudo havia sido trocada por outra. Repensando os acontecimentos, ela se recordou.
Os olhos do illyriano estavam brilhando com luxúria quando ela saiu.
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Através das suas sombras
Hayran KurguAzriel sempre observava Gwyn durante os treinos e a ninfa sempre falava amigavelmente com o encantador de sombras. Em um dia, após uma conversa, eles se desentenderam, prometeram a si mesmos a não aturarem um ao outro. Contudo, a ausência do outro a...