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Azriel
O Encantador de Sombras caminhou lado a lado com a Emissária da Corte Noturna.
Os dois estavam quietos; não haviam conversado sobre o assunto da noite anterior. Andavam juntos pela rua de paralelepípedos de Velaris, desciam-na em direção ao bar que costumavam ir.
Ele a espiava de soslaio. A fêmea usava salto alto fino, desviando das pedras irregulares; o cabelo bem penteado, formando ondas que caiam em suas costas. O típico vestido vermelho era justo.
A dupla saía junta desde mais novos e bebia até cair. Era um jeito deles de passar tempo juntos. É o lugar onde sempre acontecia era o Rita's. Ultimamente, não faziam mais isso; mal se falavam, para dizer a verdade.
Um sorriso ladino surgiu no rosto da loira quando chegaram na fachada da boate. O som da música escapava junto com as risadas altas. O macho respirou fundo, inalando a fumaça que fugia pela fresta da porta.
Morrigan tomou a dianteira e girou a maçaneta.
O Rita's era um bar de exclusividade. Cada detalhe era pensado para gerar o maior conforto. O estabalecimento era mais antigo que o Encantador, e foi passado de pai para filho, como a maioria das lojas feéricas. Contudo, eles conheceram na nova gestão. Havia sido Mor quem tinha indicado e promovido grande parte dos encontros nele.
Azriel olhou ao redor. Não conhecia nenhuma daquelas caras; todos eles estavam em grupos. Um virava uma garrafa de vinho na boca de vários amigo; outro flertava com várias fêmeas que apenas sorriam discretamente. Parecia uma realidade paralela.
Puxando uma cadeira para a acompanhante se sentar, Az chamou com um sinal a garçonete. Ela usava roupas curtas e chamativas, caminhando com o andar sedutor. Com um riso quieto nos lábios anotou o pedido e rebolou até o balcão.
- Mas já? - a loira falou maliciosa.
- Estou precisando.
Ela o encarou. Mesmo com dificuldade, o Encantador retribuiu.
O olhos castanhos da grã-feérica entregavam que ela não havia dormido na noite anterior. O corpo dela exalava cansaço, estava quase curvado.
- O que aconteceu?
- Nada.
Piscou lentamente.
- Tem haver com sua sumida repentina da festa?
- Nós não tinhamos combinado em não falar sobre isso. - suspirou - Mas sim, é sobre isso.
A bebida chegou, e não demorou muito para que ela entornasse tudo de uma vez. O copo se encheu novamente com magia.
- Acha que será aqui que vai resolver?
- É que foi diferente. É como se eu sentisse que tudo aquilo fosse mudar. Que aquela pessoa fosse de outro modo.
Azriel ficou calado. Ele havia sentido isso quando conheceu a feérica. Tinha doze anos na época e estava ansioso na casa de Rhysand. Balançava as pernas finas ao lado de Cassian num banco na fachada da Casa. Os dois se observavam, nervosos, imaginando que a mãe de Rhys não permitiria que eles entrassem. Pensando novamente aquilo era idiota. O amigo saiu da porta, encostado no beiral, chamando-os para entrar. Eles foram, envergonhados, até lá. Quando chegou, viu a menina mais bonita que já tinha visto. Mor estava sentada formalmente, com uma xícara nas mãos e conversando com a tia. Ela estava risonha e foi simpática todo momento.
- Sei como é.
Az também virou o vinho, ouvindo o sussurrar das sombras em sua orelha.
Outra pessoa veio em sua mente quando repensou a frase da feérica.
- Me desculpe, Mor. Porém a ressaca de ontem está me maltratando. - disse, colocando a mão na cabeça.
- Vá. - acenou com o copo.
*
As horas passavam muito rápido ali, como se abrisse uma fenda no tempo.
Já era fim de tarde quando o Encantador adentrou em casa. Ele cheirava a alcool e a fumaça, necessitava de um banho. Tirou as roupas, colocando as peças na cama. Fez cara de nojo ao sentir o corpo sujo. Caminhou descalço em direção ao banheiro.
Azriel começou a cantarolar, não havia um motivo para aquilo, mas a vontade o controlava. As sombras dançaram ao redor, acompanhando o ritmo. Com seu poder, ordenou que uma abrisse a torneira, enchendo a banheira. Mexendo a cabeça, no tempo da sua música inventada, entrou dando um gemido, sendo acalentado pela água morna. No formato de uma mão escura, as sombras começaram a esfregá-lo, em vários pontos diferentes. Apoiou os braços na borda e esticou as pernas até tocar no outro lado. Olhou para o teto, sentido o aperto quente no su pescoço. Seu canto se acalmou, sendo trocado por um ronronar.
O illyriano tinha se pego refletindo muitas vezes seu encontro com Gwyneth. E teve que cortar sua imaginação todas as vezes, já que nunca estava sozinho.
Az franziu o cenho quando pensou nas várias possibilidades. Se eles não estivessem no aniversário de Nyx; se ela não fosse uma sacerdotisa; se ele não se sentisse enojado de si mesmo depois.
Não era enojado dela; era nojo de si mesmo.
Se recordava de sua palma deformada tocando na pele macia da ninfa. Mesmo tomando o maior cuidado se sentia um brutamontes ao lado dela. Conseguia ver a pele dela ficando rosada e os lábios inchados.
Massagem parou e as sombras começaram a se afastar lentamente, como se caminhassem nas pontas dos pés.
- Desculpas! - sussurrou, continuando a música para distrair a mente.
*
Azriel andou molhando o piso por onde passava. O cabelo preto pingava no rosto dele, estando separado como alguns espetos. Ele se secou, passando a toalha em cada parte do corpo.
O apartamento não tinha muitos espelhos; como se o Encantador não quisesse ver a própria face.
Vestiu uma roupa confortável e se jogou na cama, tendo um pouco de sossego. Quando virou o rosto, viu uma olha de livros, a mesma que ele teleportou. O Encantador deu um gemido cansado e fechou os olhos. Prometeu a si mesmo que iria ler aquilo outra hora, quando sua mente não lhe mandasse o nome de Gwyneth a cada minuto.
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Através das suas sombras
FanficAzriel sempre observava Gwyn durante os treinos e a ninfa sempre falava amigavelmente com o encantador de sombras. Em um dia, após uma conversa, eles se desentenderam, prometeram a si mesmos a não aturarem um ao outro. Contudo, a ausência do outro a...