Capítulo cinquenta e um

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Desculpem-me o tempo sumida, espero que vocês gostem do cap bjs <3

Azriel

O Encantador franziu a sobrancelha, encolhendo o corpo e tombando, caindo no chão. Ele sentia o vento batendo em seus ouvidos, zumbindo sem parar.

As mãos de Gwyneth o sacudiram, mas o macho não conseguia erguer a cabeça. Um teto preto veio em sua mente, sendo substituído subitamente por uma visão que não era a cela imunda.

O sol atrapalhava sua visão, ele deslizava rápido pelo ar, como se estivesse voando. Az reconhecia a mata, era nos arredores do palácio de Helion. Em sua frente, uma sombra fugia, pressentindo sua presença.

Eles eram uma caçada; o predador destemido e a presa ousada, que ria na cada do perigo. O cheiro, o gosto no ar, fazia-o ter certeza, era Julki que escapava incessantemente. Azriel não mandava, era um mero espectador, na espreita de uma forma que não era a sua. Sentia-se impotente, dormente.

Em uma encruzilhada, dividida por uma enorme árvore retorcida. Julki bateu nela, e desapareceu, sendo seguida por uma risada má.

Diaba. Xingou mentalmente.

Puxou uma grande quantidade de ar quando voltou a sua consciência, a seu corpo.

- Azriel! - disse Gwyn - Pelo amor da Mãe, o que eu aconteceu?

- Nada, Porteirinha.

Ela o encarou claramente não acreditando nisso.

Aquilo era coisa antiga, uma conexão anterior a qualquer manifestação de poder - pelo menos as mais efetivas. Az tinha uma relação íntima com a sua sombra mais velha, ela era colaborativa, fiel e totalmente disposta a brigas. Poucas vezes aquela projeção havia acontecido.

- Que porra foi essa? - falou baixo, sussurrando mais para si mesmo.

*

Azriel se arrastou até o cadáver, que aparentava esfarelar, encostado nas paredes de pedra. Segurando a respiração para não vomitar, mexeu na posição, vendo um buraco que atravessava dos ombros até o meio da cintura. Ela estava morta. Há muito tempo.

- Você não notou isso? - perguntou, arqueando a sobrancelha.

Gwyneth levou a mão para o nariz, tampando a respiração.

- Ela devia usar um perfume muito bom.

- Ou glamour. - complementou.

A ruiva aproximou-se cuidadosamente, tocando, carinhosa, as costas do Encantador.

- Nem deu tempo de eu me divertir.

- Se nós tivermos sorte, ela volta para dar um oi. - brincou, ainda com o peito acelerado. Gwyn levantou um canto da boca.

- Vai contar para Helion? - Az fez cara de confuso - Sobre o que aconteceu agora.

- Melhor não. Nem você.

Engolindo em seco, Azriel fez careta ao pegar a adaga e a ver manchada de sangue preto. Cheirava como sangue de porco, imundo e viscoso. O pano teve que ser passado várias vezes para deixar a pequena faca de obsidiana limpa.

- Enquanto você conversa com Helion, eu poderia ir para a biblioteca questionar sobre Julki. Um feérico que fica com os olhos negros por completo e derrete a pele não é muito comum. - sugeriu Gwyneth

- Não - respondeu seco.

- As sacerdotisas podem se abrir mais comigo...

- Acha que eu deixaria você se enfurnar de novo lá? Na próxima vez invés de tentar te esganar, podem te esfaquear, ou quem sabe separar cada parte desse lindo corpinho por cada corte de Prythian. Pela Mãe, Gwyn! Errar uma vez é aceitável, permanecer no erro é burrice.

Através das suas sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora