Capítulo cinquenta e três

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Azriel

O Encantador caminhava como se fosse tirar o seu pai da forca. - Não que, caso isso acontecesse, ele realmente iria atrás. - Teria pouco tempo para resolver os problemas que arrumara em menos de um mês na Corte Diurna.

Tentou pisar baixo, para não atrapalhar os estudos dos aprendizes que aparentavam estar submersos que com certeza atirariam os livros no illyriano. Os guardas o olhavam de cima a baixo, avaliando-o. Não os julgava, já que da última vez que um membro da Corte Noturna esteve sozinho nesta biblioteca um Daglan foi descoberto.

Helion afetou-se mais do que o planejado; Az nunca havia visto o Grão-Senhor com uma carranca tão marcada. Ele saiu da sala em que estavam, deixando Azriel em um silêncio ensurdecedor. Quando estava voltando para os seus aposentos viu a túnica branca do macho atravessando o corredor, na direção do quarto de Gwyneth.

Pela Mãe, ele não era um maníaco ou algo assim, mas esperou até que ele saísse para observar as reações. O macho saiu perturbado, refletindo a maioria do percurso; Gwyn não apareceu na porta por um bom tempo, fazendo-o desistir.

Uma sacerdotisa atravessou em sua frente, passando com o tecido de sua capa raspando o chão e o capuz cobrindo o rosto. Ele chamou sua atenção calmamente, pôs-se disposto, disse que Julki era uma amiga antiga, que ele queria muito reencontrar. A fêmea se assustou; a imagem de um illyriano de quase dois metros de altura era amedrontadora, explicou-lhe que era recém chegada, que não fazia ideia. 

Maldito monstro desgraçado. Azriel percorreu por todo o perímetro, indagando cada vivalma que usasse vestes religiosas.

Outra fêmea andou o encarando. O Encantador chamou sua atenção e parou-a para questioná-la. A loira o encarou com as bochechas vermelhas e olhos arregalados. Sua postura era contraída, fitava o chão com frequência. Novamente, Az perguntou se ela conhecia alguma sacerdotisa com essas características. Ela balançou a cabeça veementemente, gaguejando algumas poucas palavras. Decidiu, por fim, deixá-la em paz, pedindo desculpas pelo incômodo e indo atrás de outra vítima de seu interrogatório.

Ele caminhou por algumas horas. Viu os estudantes irem e virem pelas estantes e prateleiras. Os guardas trocarem de turno. E pode jurar ver a mesma feérica de cabelos claros mais de quatro  vezes. A menina o observava, e quando percebia que ele retribuía o olhar, escapava pelos corredores.

O sol estava prestes a se pôr, e Azriel precisava urgentemente voltar para o palácio. Bufando alto, o Encantador virou-se para a saída. Suas costas doíam; suas asas reivindicavam pelo menos um voo nas terras diurnas. Sem notar, ele havia negligenciado-as por muito tempo.

Maldizendo todos os seres que respiravam o mesmo ar que ele, começou a descer as escadas para a rua. Os materiais eram pedras antigas, polidas e encaixadas; tão pequenas que seus pés mal conseguiam pisar.

Quando, sem nenhum aviso, uma mão segurou seu ombro. Az deu um pequeno pulo, vendo a velha senhora que lhe encarava. Cabelos escuros, olhos maduros e boca franzina. Suas sombras não o avisaram de sua presença; elas estavam esquisitas.

- Achei que iria embora mais cedo. - brincou, com um sorriso zombeteiro.

*

Az a olhou de cima a baixo, analisando.

- Perdão?

- Achei que desistiria antes. Quer saber sobre Julki, certo?

Pelo Caldeirão, era cada coisa que ele encontrava. Engoliu em seco, segurando alguma resposta infantil. Ele havia passado o dia inteiro andando de um lado para o outro; para que no final de tudo viesse até ele. Azriel fez a face mais plácida e acenou com a cabeça.

Através das suas sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora