Capítulo sessenta e um

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Azriel

A illyriana ficou quieta enquanto o chá fervia no bule. O calor do fogão se aliava com o nervoso da situação.

Eles ficaram em silêncio, cada um focado em suas próprias ações. O Encantador não levantou a cabeça, preocupando-se em limpar suas armas na mesa de jantar.

Ela trouxe as xícaras com o líquido. Sentou-se na cadeira em sua frente e deu um gole grande, limpando a voz para começar a falar.

- Pensei que demoraria mais.

Az concordou com a cabeça, sabendo o sentimento. E, lá no fundo, um pouco de culpa. Ele a estava deixando em uma prisão confortável. Recheada de pomposidade e criados, mas ainda era uma prisão. Mathildis não reclamava, pelo o que lhe contava, gostava do calor do lar, porém o illyriano continuava se sentindo errado.

- Em relação ao que me perguntou: as sacerdotisas são treinadas desde cedo. Eu fui desde o meu nascimento. - começou.

- Em um dos templos da Corte Noturna?

Ela acenou com a cabeça.

- Participou de um… - ele tossiu, querendo criar coragem - rito?

- Seja específico.

- Um certo ritual no templo escondido na floresta.

- Ah - ela soltou uma exclamação, misturada com um sorriso satisfeito. - Sim. Algumas vezes.

Azriel queria arrancar seus ouvidos, tendo o pensamento intrusivo de sua mãe naqueles ritos.

- Bem, após um desses acontecimentos, eu nasci?

As bochechas da illyriana coraram.

- Pelas minhas contas, sim. Nós não tínhamos contato com outros feéricos, especificamente machos. Você nasceu antes do previsto, era pequeno demais. Mas sempre apressado. Quase imediatamente depois de sair começou a chorar esgoelado.

- Ainda existia Sacerdote nessa época? - ele pensou que, se não se aproximavam machos, só havia uma forma de engravidar.

Ela o encara.

- Sim. Mas ele sumiu depois de um tempo. - A expressão de confusão de Az fez com que ela continuasse - Se você tem tanta certeza que é um Sacerdote, então ele já deve estar morto. - sua feição ficou triste, levemente perdida.

- Vocês eram amigos?

Mathildis deu um sorriso de canto.

- Posso dizer que sim.

Olhando-a, de uma certa maneira, sua mãe parecia mais jovem, mais desperto, menos cansada.

- Mais alguma pergunta?

- Você tinha uma Tiara de Noiva?

Azriel se lembrava vivamente da conversa com Gwyn. Se sua mãe teve contato tão… íntimo com o Sacerdote, ela devia ter o contato.

- A tiara é algo além do físico. Então, sim, eu ainda tenho.

Az pensou. Era possível que houvesse mais grupos de sacerdotisas que possuíssem a Tiara da Noiva. Gwyneth lhe disse que era algo relacionado a espécies das mesmas. Sua mãe era visivelmente uma illyriana. Gwyn tinha genes de ninfa e de grã-feérico. Talvez existissem outras espécies de Noivas. O Encantador massageou a têmpora.

- Quem escolhe as Noivas?

- Sacerdotisas mais velhas fazem uma seletiva, e reportam para as Grã-Sacerdotisas, e elas escolhem quem querem. Não me afeiçoou por elas. - confidenciou.

- Por quê?

- Digamos que eu não simpatizo muito com os métodos delas. - ela deu um estalo com a língua. - Arcaico, no mínimo. Elas acreditam que a dor nos deixa mais perto da magia.

- Você passou na seleção, certo? - Mathildis confirmou com a cabeça. - Como conseguiu fingir que gostava delas?

Azriel lembrou-se de sua época no acampamento, odiava ter que manter relação com os generais.

- Filho, eu era muito nova, fui criada ali, minha mentalidade foi feita para aquele momento.

- E o que te fez mudar?

Ela mexeu a boca, fazendo um biquinho de confusão.

- Vários fatores. Acho que me decepcionei. Foi pouco tempo depois de você nascer.

- Eu nasci no templo?

- Óbvio, onde mais seria? Eu morei lá, eu cresci lá e eu vivi para lá.

- E o meu pai? Como vocês se envolveram?

Ela estalou a língua.

- Seu pai é…. diferente.

- Diferente de que maneira? Meu pai não era nem um pouco religioso, pelo menos que me lembre.

- É uma longa história.

- Nós já estamos conversando agora - insistiu.

Mathildis apenas cerrou os olhos, ação que foi repetida pelo filho. Eles eram parecidos - semelhança que ele agradecia eternamente.

- O que você já aprendeu sobre Sacerdotes?

- Quase nada - admitiu.

- Já descobriu que, para ser um, precisa ser filho de um  Sacerdote com uma sacerdotisa?

O Encantador demonstrou confusão.

- Meu pai não era um Sacerdote. - afirmou.

- Aquele Lorde não era um Sacerdote. O seu pai, sim.

Através das suas sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora