Através das suas sombras

Capítulo trinta e três

Oioioi a partir desse capítulo vai ter um novo arco, o da Corte Diurna. Espero que gostem e boa leitura💙

Gwyneth

A ninfa batucou os dedos de novo na mesa e balançou as pernas. Emerie segurou a mão, ainda meio engessada. A illyriana estava melhor, conseguindo andar sem tanta dor.

O dia anterior passara rapidamente, sendo o mais do mesmo.

Gwyneth mal dormiu, nervosa pelo o que iria ocorrer.

- Respira, Ruivinha! - disse Emie.

- Estou uma pilha de nervos!

- Está tudo certo. Tudo revisado. Nós estamos inteiras. Vai dar tudo certo. - ela levantou o rosto da ninfa - Entendeu?

A sacerdotisa concordou.

Os olhos dela seguiram cada detalhe da casa que se lembrava.

O piso de madeira que não era inteiramente reto; os cômodos gelados; os móveis confortáveis cobertos com mantas quentinhas, menos o sofá, que depois de algumas noite, ela tinha vontade de tocar fogo.

Gwyn sempre foi caseira. Amava ficar em casa, quase tendo um troço quando era obrigada a sair.

As meninas esperavam os outros membros da pesquisa chegarem para buscá-las. Batidas soaram na porta. As duas se levantaram e pegaram as malas, arrastando-as. Emerie abriu, vendo a imagem dos dois magnificamente vestidos.

Os olhos do Encantador andaram de cima a baixo pelo corpo da sacerdotisa. Ela usava uma das roupas típicas da corte vizinha. Era uma toga, em um tom de branco azulado, amarrada por uma presilha de ouro acima do ombro. Os brincos eram filetes dourados, que se mexiam conforme o rosto dela virava. Morrigan não a fez comprar apenas roupas, mas perfumes e maquiagens. O cheiro que ela exalava era de um pós banho.

Eles haviam combinado de se encontrarem após o amanhecer, deixando a cena com uma cor amarelada natural.

- Vocês duas estão lindas! - falou Mor.

- Obrigada. Você também não fica atrás.

Os cabelos loiros da feérica tinham mais ondas do que o mar. Ela usava um aro ao redor do braço, que marcava quando apertava o bíceps.

- Arrumaram tudo certinho?

- Sim.

- Estão prontas? - perguntou Azriel, inclinando para Gwyneth.

Ela maneou a cabeça, incerta.

- Eles já devem estar nos esperando. - Morrigan apressou, estalando os dedos, fazendo as malas desaparecerem.

Az respeitosamente se aproximou da ninfa, passando a mão em sua cintura.

- Não amassa a minha roupa. - brincou.

Os olhos do Encantador brilharam e ele fez questão de firmar ainda mais os dois. Gwyn enrolou os braços no pescoço dele, apertando.

Emerie encostou em Mor o mínimo possível, sumindo em segundos.

- Se segure. - disse Azriel.

A sacerdotisa estava se acostumando aos teleportes. Sua cabeça não ficava mais girando e ela não tinha mais vontade de vomitar. Porém pata amenizar os efeitos, a palma do macho encontrou a nuca dela. Ele deitou-a carinhosamente contra o peito dele. A respiração começava a ficar quente, batendo contra a muralha de músculos. Sem querer, os seios da ninfa se esmagaram, dando-a a sensação de estar rodeada por completo pela massa quente que era Az.

As sombras estavam mais calmas, gentis até. Elas rodopiaram ao redor deles até o último clarão sumir. Eles foram sugados e expelidos várias vezes. Em seus pés, as sombras eram como uma nuvem fofinha, afundando sob o salto. O tecido da roupa era fino para ser mais respirável, porém não passava de uma película atrapalhando a ligação entre os dois corpos.

O puxa e solta cessou, mas o Encantador continuou abraçando a ninfa. Dentro do casulo era um breu acolhedor.

- Tem certeza? - a voz grave do macho resoou, batendo nas paredes negras.

Gwyn levantou os olhos, com os cílios tocando sua sobrancelha. Sua boca entreaberta capturava o ar morno que ondulava o ambiente.

- Sim senhor - fez piada, tentando controlar a emoção que circulava-os, mas Azriel pareceu não achar graça. Gwyneth notou o pomo de adão de Az subir e descer.

*

As sombras se dissiparam, mostrando uma nova paisagem. O mais óbvio era o sol, que escaldava a pele alva da sacerdotisa; depois, a arquitetura dos monumentos. Ouvir falar era uma coisa, ver era outra completamente diferente. Era exatamente como imaginou. Pilastra adornavam as caixas brancas com entradas grande; algumas estátuas em pontos estratégicos, elas eram opostas, sendo coloridas ou pálidas.

Morrigan e Emerie esperavam atentamente eles se aproximarem.

A mão do macho ainda repousava calmamente no cintura da ruiva. Geyn iniciou a caminhada, cruzando o salto fino, mostrando a fenda que liberava uma visão modesta de sua perna. Ele não soltou-a.

A ninfa se lembrou das aulas de comportamento que Nestha as deu antes delas virem. Levantou o queixo e andou como se o mundo fosse dela.

Alcançaram a dupla facilmente, Mor tomou a dianteira.

- Você não mudou nada nesse tempo.

- Digo a mesma coisa - falou, selando um beijo na palma da feérica. - Pra você também, Azriel. - com tom sedutor.

Gwyneth mordeu o lado interno da bochecha para evitar uma gargalhada.

- Mas esses são rostinhos novos.

- Gwyneth Berdara e Emerie...

- Deimony. Prazer em conhecê-lo. - a morena apertou a mão do Grão-senhor.

Helion aparentava ser poucos anos mais velho do que os membros do Círculo Íntimo, entretanto, conforme o que ela estudou, ele tinha um pouco mais de seicentos anos. O Grão-senhor tinha a pele mais escura que ela já tinha visto; eles passavam óleos essenciais na epiderme, o que dava um cheiro agradável e tornava-a um espelho negro. O ouro era muito próximo do branco e presente em vários pontos da grande estrutura que ele era. Gwyn precisava levantar a face para conseguir observar seu rosto. Helion era poucos centímetros mais baixo que os illyrianos, contudo, não era menos auto-confiante.

O macho não jazia sozinho, atrás dele um grupo de feéricos elegantemente vestidos olhava os quatro. Uma fêmea com o porte pomposo e um feérico com olhos verdes que os olhava com nariz empinado.

O monumento em frente a Gwyneth, ele parecia um templo antigo.

A ninfa notou que ainda possuía um calor em sua barriga, abaixando a vista e vendo a mão de Azriel brincando com o tecido.

Helion abriu um sorriso ladino, mostrando os dentes brancos.

- Vamos entrar?