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Azriel
Os olhos do Encantador pesavam de sono enquanto lia. As pernas doíam de tantas horas andando. Depois do "encontro" com Gwyn o macho focou no trabalho a ser cumprido.
Pegou uma grande variedade do acervo, enviando-os para o seu quarto. No final da tarde eles caminharam de volta para o palacete, aproveitando o pôr do sol.
Após o jantar, ele se trancou dentro do aposento, entrando massivamente no universo dos estudos. Anotava suas ideias em um caderno surrado.
Az estava cansado, sua visão começou a ficar borrada e ele percebeu que precisava parar uns instantes.
As sombras estavam fazendo o show a parte. A maioria se dividiu entre as regiões da Corte Diurna para investigar por conta própria. A minoria ficou com ele, como gatos ronronando ao seu pé. Elas estavam quietas e mais obedientes depois de sua visita à ninfa. Estou perdendo a moral. Pensou, mas não reclamou.
O quarto era uma suíte masculina. Tons escuros a adornavam, sendo contrastados com a luminosidade do lado de fora. No centro da parede em frente a porta jazia a cama; um grande móvel que cabia quatro pessoas juntas. Ela era elevada, possuindo dois degraus para acessá-la.
Com a visão que ele tinha, viu a enorme varanda, que suportava a bela paisagem das cidades Diurnas. Do mesmo lado havia uma mesa larga, onde estavam suas coisas pequenas, que ele sempre devia ter a mão. Nela acompanhava um par de cadeiras da mesma cor. Em paralelo, um closet misturado com um banheiro era separado apenas por uma cortina cinza grossa, dando privacidade para quem estivesse tomando banho.
Encarou a pilha imensa de documentos que teria de analisar refletindo se aquele era mesmo o melhor caminho. Depois de várias semanas de pesquisa eles não possuíam nada além de lendas e suposições. Lendas e suposições que estavam lhe tomando todo o tempo.
Contudo, estranhamente, o Encantador não estava irritado com isso. Gostou do desenrolar daquela narrativa, ele havia aprofundado as relações entre as valquírias e saído do "gelo" que Morrigan tinha o dado. Sim, pois, na época, Azriel ficara um pouco confiante e decidira tentar algo arriscado. Claramente deu errado e ele tentou se esconder por dias, mas uma hora ou outra ele seria obrigado a vê-la.
O clima na Corte vizinha era mais quente do que estava acostumado, então, aproveitando da privacidade tirou a camisa, dobrou-a e colocou-a sobre a mesa de estudos.
Flexionou os ombros, mexendo as asas, que doíam pelo tempo fora de uso. Teria de pedir ao Grão-senhor para que ele disponibiliza-se um espaço para que Az pelo menos as esticasse.
Como se o chamasse, Helion bateu na porta do aposento, perguntando se poderia entrar. Era óbvio que ele poderia, era sua casa.
A primeira coisa que notou foi a grande papelada que ele carregava. Rapidamente ofereceu-se para colocá-la junto com a sua "coleção de estudos".
Os olhos de Helion escorregaram pelo peitoral do Encantador, da mesma forma de sempre. Eles desceram até o "v" do quadril e subiram até as clavículas. Instintivamente Azriel deu alguns passos para trás.
- Relaxa, sei que já tem dona.
- Não tenho dona.
- Não é o que parece. E não é o que elas demonstram. Sabia que elas ficam mais dóceis na presença da ninfa - disse apontando para as sombras.
- O que isso tem a ver com sua visita? Pergunto sem ser grosseiro, é que estava lendo...
- Lendo.... sei muito bem - repetiu, com uma bufada irônica. - Nós já podemos assumir que você e a sacerdotisa estão juntos?
- Por que a pergunta?
- Porque eu queria fazer um menáge... - Az fechou a cara, rangendo os dentes. - Brincadeira, brincadeira! - falou, fazendo movimento de defesa.
A sensação veio do seu estômago e subiu para a sua garganta, ficando presa.
- Percebe? O ciúmes que você tem. Gwyn é uma fêmea linda e adorável. É inevitável os olhares. E, em todos os meus anos de vida nunca vi essa posse dar certo. Pressinto... - corrigiu - Tenho certeza que irá dar merda.
- Obrigado pelos conselhos, Helion. - disse engolindo as palavras que vieram na sua mente.
- E mais uma coisinha. Analisei o que vocês me contaram e achei que isso poderia ajudar - apontou para a papelada.
Ele saiu da cama, com o gestual de um felino. Os olhos encararam o peitoral novamente e sorriu preguiçosamente.
- Ah... e Azriel... quando vocês dois meterem, não sejam tão barulhentos.
Grão-senhor saiu rapidamente antes que ele respondesse. Az pensou no que Helion falou.
Azriel tinha ciúmes da sacerdotisa?
Pela Mãe, ele tinha. Algo queimava em sua barriga e suas mãos coçavam para bater em quem se atrevesse a tocá-la. Fulminava em raiva quando percebia que outro macho a observava.
O que estava acontecendo com ele?
Az sentia como se a tivesse. Como se a empunhasse. Ele gostava quando Gwyn se derretia nos seus braços. Quando ela escondia-se no seu peito ou era irônica.
Pelo Caldeirão, em que merda ele estava se metendo?
O Encantador colocou as palmas no rosto, tampando-o.
Azriel não pensava quando estava com Gwyneth. Sua mente relaxava quando mexia naqueles cabelos vermelhos.
Respirou fundo, refletindo seriamente. O que ele poderia fazer?
Distrair-se foi a primeira coisa que pensou. Viu os papéis sobre a mesa e pegou-os.
"Análise opositora entre os Solstícios".
Ele gemeu, com preguiça. O texto era um artigo, escrito como um bloco.
Talvez por Az ter a imaginado tanto a ninfa devia ter se materializado. Antes que iniciasse a leitura, o corpo esguio da sacerdotisa atravessou a porta do quarto e instantaneamente parou, vendo-o.
O macho sentiu uma chama o percorrer. Engoliu em seco.
Ela vestia um tomara-que-caia verde musgo que escorria a entre as pernas. Gwyn estava tímida, suas bochechas jaziam enrubescidas e seus lábios umedecidos.
Azriel queria muito beijá-la.
Para controlar os seus impulsos, apoiou-se sobre os cotovelos e se inclinou. Ela sorriu e passou a língua na boca.
- O que aconteceu? - perguntou.
***
Oioi, tudo bem com vocês?
Somente um comentário: se até o Helion escutou os dois, imagina os que estavam nos quartos ao lado?
Um beijinho, e até quinta-feira 💙
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Através das suas sombras
Fiksi PenggemarAzriel sempre observava Gwyn durante os treinos e a ninfa sempre falava amigavelmente com o encantador de sombras. Em um dia, após uma conversa, eles se desentenderam, prometeram a si mesmos a não aturarem um ao outro. Contudo, a ausência do outro a...