Capítulo 5 - Enrico

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- Por que você desligou?

- Não quero ver a cara do Karim.

- Até quando você vai fazer isso, Aylla? Ele errou feio em falar com você como falou, mas porra! Você não pode culpa-lo pelo acidente. Eu mesmo fiquei com muita raiva no início. Mas depois de refletir, cai na real que a gente não esperava nada diferente vindo dele. Nós estávamos errados, amor. Era inevitável que ele agisse como agiu.

- Você não estava lá. Não venha me dizer para perdoa-lo depois dele rejeitar nosso filho. Ele não ofendeu só a mim, mas a você também e duvidou até que nosso bebê era seu, pela vida de prostituta que eu levava. Como você quer que eu o perdoe.

- Eu não sei. Ele não tinha o direito de te ofender, mas ele lutou com as armas que tinha. Sua prima acendeu o pavio e correu, deixando a bomba explodir de uma vez entre vocês. Não vou defendê-lo por ter te ofendido. Mas não quero que ele pague pelo que não cometeu. Ele está sofrendo de mais. Eu vejo em seus olhos o tamanho de seu arrependimento.

- Por que você é tão benevolente, Enrico? Desde o começo ele não te aceitou. Deixou claro que só te engolia pela Isa, falou barbaridades sobre você naquela maldita noite e você ainda o defende. Por quê? Qual é o seu problema?

- Meu problema? Seu problema, isso sim! Não sou benevolente. Apenas justo. Não foi ele quem colocou o maldito cone no meio da estrada e nem tão pouco sabotou seu freio e air bags.

Eu estava tão nervoso que acabei falando o que não deveria e justo para quem não poderia.

- O QUÊ? Do que você está falando? - Aylla arregalou aqueles grandes olhos para mim, ficando muito alterada.

- Esquece. Nem sei por quê disse isso.

- Porra nenhuma que vou esquecer. Você vai me contar o que está acontecendo agora ou arranco de você na marra.

- Não tem nada para ser dito. Vamos descansar, esse dia foi cansativo demais.

- ENRICO CAVALCANTE. OU ME FALA LOGO OU EU NÃO RESPONDO POR MIM!

Mesmo quase sem voz, eu me senti intimidado pelo tom imperativo com que Aylla falou comigo.

- Havia um cone jogado no meio da estrada e seus freios falharam quando você desviou dele, só isso.

- E os air bags, também? Acha que nasci ontem? Eu jamais cometeria um erro idiota apenas desviando de um cone na velocidade em que estava. Eu me lembro perfeitamente de pisar no freio e ele nem dar sinal de que funcionaria. Alguém sabotou meu carro, não foi?

- Acho que sim. Mas ainda não recebemos o laudo do seguro.

- Que merda de laudo. Não precisa ser perito para saber que alguém fez aquilo de propósito. - Ela novamente arregalou os olhos e colocou as mãos na cabeça.

- Aylla, você está bem?

- NÃO ENRICO. NÃO ESTOU BEM! Alguém tentou me matar, matou nosso filho e você acha que posso estar bem?

- Se acalma amor. Você vai passar mal.

- Já estou passando mal, não está vendo? Estou sufocando de tanta raiva.

Corri para por o oxigênio nela, pois não conseguia respirava

- Você não pode ficar agitada assim. Se acalme, por favor.

- O cacete que eu vou me acalmar. Eu quero matar quem fez isso comigo, quem matou meu filho. Eu vou... Eu vou matar. Ela começou a respirar com muita dificuldade e chorava sem parar. Resolvi pedir ajuda e apertei o botão que chamava a enfermaria.

Vidas Cruzadas Parte IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora