Capítulo 35 - Aylla

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- Aylla, fala comigo. Está vendo porque eu não queria que você soubesse. Olha seu estado.

Dentro daquele vidro, havia um feto morto e ainda era acompanhado por um bilhete horrível. Não estava conseguindo respirar. Enrico pediu que os seguranças saíssem e se aproximou novamente de mim.

- Por quê? Por quê? Eu não entendo do por quê ele estar fazendo isso. Ele quer nos destruir aos poucos.

- Não vou deixar ele se aproximar.

- Não Enrico, ele já se aproximou. Você não vê? Olha o que ele fez. Está mais próximo do que imaginávamos. Esse monstro sabe onde é o nosso ponto fraco e está usando isso para nos intimidar, está se divertindo com o nosso desespero. Se ele conseguiu chegar tão longe, é questão de tempo até que consiga chegar de fato até nós - eu gritava, exasperada com tudo o que tinha acabado de ver.

- Estamos a caça dele. Tenho homens por toda parte. Uma hora o pegaremos.

- Ele é que nos pegou. Está brincando de gato e rato conosco. Está nos cercando e fazendo o que bem entende com a gente.

- Eu não sei mais o que dizer para que você se acalme, pequena.

- Nada vai me acalmar. Eu estou com muito medo. Apavorada com a possibilidade dele fazer algum mal a você ou a nossa família.

Ele me abraçou, mas até seu toque me queimava. Precisava ficar sozinha para por meus pensamentos em ordem.

- Não se afaste de mim, Aylla.

- Eu preciso. Tenho que me afastar e com você por perto não consigo pensar. Me sinto podada por querer resolver tudo por mim. Sei que quer me proteger, mas me excluir disso não é a solução. Só preciso respirar sozinha por um tempo.

- Não Aylla! Não posso perder você de vista. Não me force a isso.

- Enrico, não me pressione, por favor.

- Eu não vou deixar você ir. Não está raciocinando direito.

- E o que você sugere que eu faça? Eu não sei mais que rumo tomar para resolver essa situação. Só queria sumir. Evaporar no ar para conseguir proteger vocês todos, mas não consigo proteger nem a mim mesma.

- O que eu sei é que não podemos ficar separados. Temos que nos unir cada vez mais e não nos mantermos distantes.

Eu me sentia tão esgotada, que me larguei no chão, exausta. Enrico se abaixou e se juntou a mim.

- Por que nós não conseguimos ter um minuto sequer de paz? Esse miserável está brincando de ventríloquo com a gente. O que faremos?

- Não sei, mas vamos pegar esse cara. Eu juro por Deus que vamos.

- Olha para aquilo? - Apontei chorando para onde o pote com o feto estava. - Como um ser humano faz uma coisa assim, somente para machucar o outro? Nosso bebê nem viu a luz do dia e foi arrancado de nós por ele. Eu nem mesmo cheguei a ser mãe e já perdi um filho. Isto é muita crueldade.

Encostei minha cabeça em seu peito e ele afagava meus cabelos, me consolando como podia, pois o mesmo estava inconsolável. Ficamos por algum tempo naquele chão, até que seu telefone tocou e ele se levantou para atender.

- Fala... Sim... Estarei ai bem cedo.

- Quem era? - perguntei assim que ele desligou.

- Minha RP. Quer uma reunião logo cedo.

- Não gosto dela nenhum pouco.

- E qual mulher que fica perto de mim que você gosta, por acaso?

Vidas Cruzadas Parte IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora