Capítulo 39 - Aylla

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Nos trocamos rapidamente e descemos. Estava até receosa para ouvir o que tinha nos dizer. Ele tomava café tranquilamente na varanda e nos aproximamos bem desconfiados de que levaríamos uma bronca.

- Karim, aconteceu alguma coisa? - disse desconfiada.

- Aconteceu, sentem-se antes que o café esfrie.

- Abi, se fizemos algo que te chateou, nos desculpe, não tivemos a inten...

- Aylla, pelo amor de Allah, não é nada disso. Adoro ter vocês aqui em casa e principalmente com meus filhos. Relaxa. Mas talvez devam dormir no quarto de baixo da próxima vez.

Senti meu rosto ferver e Enrico estava com o dele enfiado na xícara de café. - Karim nos olhava bem sério, mas não aguentou e começou a rir.

- Foi uma brincadeira. Não ouvi nada. Só queria ver se conseguiram se comportar, mas pelo visto não.

- Desculpe cunhado - disse Enrico sem jeito.

- Consegui as filmagens das câmeras do condomínio.

- E então, o que viu? - disse Enrico, impaciente.

- Nada, ninguém estranho se aproximou da casa dos seus pais. Apenas a Natalie passou por lá e a baba das crianças para levar uma sobremesa, mas também não demorou muito.

- Quanto tempo depois o incêndio começou?

- Não começa com sua teoria da conspiração nanica.

- Há quanto tempo essa mulher trabalha aqui, Karim? Você realmente confia nela?

- Se eu não confiasse, não deixaria meus filhos aos seus cuidados. E a Cecilia disse que esteve com ela o tempo todo. Inclusive na cozinha.

- Está tudo muito estranho. Alguma coisa não bate.

- Você está paranoica com essa ideia. Está de marcação com a Bianca e não é de hoje.

- Eu estou com os olhos bem abertos, Karim. Não confio em ninguém nesse momento. Ninguém.

- Mas dessa vez foi uma simples fatalidade. Graças a Allah, acabou tudo bem.

- Algo me diz que essa simples fatalidade tem nome e sobrenome. Mas tudo bem, não vou mais ficar pensando nisso. - Menti.

- Ah! E mais uma coisa. Antes que comece a me interrogar sobre o sistema antichamas, digo que ele não funcionou porque já estava com problema a algum tempo e o Augusto se esqueceu de acionar o seguro para resolver isso.

- Será que teremos que contratar uma governanta para meus pais. Eles estão se esquecendo de tudo. - Enrico estava preocupado com a situação dos pais e eu mais ainda ao saber que eles não tiveram culpa de nada.

- A Ruth é que não vai ser. Arrume outra. Ela é minha por direito.

- Eu sei amor, nem pensei nela. Mas na idade deles, é melhor não ficarem sozinhos.

- Vamos Karim. Que demora, as crianças estão esperando faz um tempão. Depois se me atraso, sobra para mim. - Isa apareceu na porta e estava exaltada com o marido.

- Viu Enrico. Depois que se casar, vai ser só isso que ganhará de manhã, bronca da patroa.

- Como se eu não soubesse, moro com uma onça, se esqueceu?

- É verdade, nesse caso vai precisar de sorte em dobro quando vierem os filhos.

- Vocês estão tão engraçadinhos. Vamos logo embora grandão ou a Isa vai começar a babar em cima de nós também. Obrigada pela hospedagem. Beijei meu irmão que falou em meu ouvido.

Vidas Cruzadas Parte IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora